segunda-feira, 11 de julho de 2011

OS MARAFADOS NO CAFÉ ACORDEÃO

SINAIS DOS TEMPOS

Crónica de Alfredo Mingau

 
A questão do comodismo, ao longo dos tempos, foi sempre uma preocupação para o ser humano. Descansar e relaxar nunca deixou de ser uma prioridade na vida das pessoas, daí que sejam consideradas normais as evoluções registadas nessa matéria. Para se passar de uma superfície rugosa de pedra até a um sofá foram precisos muitos anos, tal como para o aparecimento do colchão, das almofadas, dos edredons... o comodismo não é um luxo superficial ou fútil, é antes uma exigência natural do ser humano. o problema éo alastrar desse "comodismo" para outras facetas da vida, outros tempos. Antigamente, aos domingos de manhã, eram várias as pessoas que saíam de casa para ir comprar o jornal e beber um café; agora, não precisam de sair decasa, têm a informação toda on line, nos sites dos jornais. Sair para comer fora? já não é preciso, eles trazem a comida a casa. alugar um filme no clube de vídeo? eles trazem cá o filme. Compras? Também já temos compras on line. iràs finanças e ficar duas horas na fila para entregar o irs? Já sabem a resposta.
O mais grave ainda é em termos de questões sentimentais. Antigamente, no tempo dos meus pais, por exemplo, o esforço era muito maior para se evidenciar o apreço por alguma mulher. Os meus pais encontravam-se na fonte lá da aldeia, numa hora previamente definida. Aminha mãe fazia todos os possíveis para convencer a minha avó que era precisoir à fonte buscar água. Depois eram cartas, poemas, galanteios, enfim, o chamado "romance".
hoje, com toda a evolução tecnológica, nem é preciso muito trabalho. O comodismo deste tempo é tão gritante neste aspecto que hoje já se namora porsms, conhecem-se os futuros namorados no facebook, visita-se a rua da apaixonada no google earth, trocam-se mensagens de amor eterno no messenger, fala-se à borla com a namorada no skype... qualquer dia, até casar será possível, sem se sair de casa...
Com tudo isto, nem dá para as pessoas sentirem saudades umas das outras. E como é saudável sentir saudades de alguém, ansiar avidamente pelo próximo encontro, contar os dias que faltam para voltara ver a pessoa amada, receber uma carta dela. Sentir saudades de alguém éassumir que essa pessoa nos faz falta. Muitas das relações mais sólidas que conheço, incluindo a minha, foram alicerçadas e cimentadas desta forma. O romance não pode morrer; caso contrário, um dia destes em vez de palavras sentidas e fortes como:

"O amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente,
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer".

de Luís de Camões.
Vamos ver poemas destegénero:
"kurto-te bué garina,
Sei q tb me kurtes mto,
Tá-se bem assim chavala,
Bute nessa"...

De telemóvel.

Como diz o Montinho:
Aqui vai em “pé de página”:- Já tinham saudades minhas? Entretenham-se com esta crónica e desculpem se as “criancinhas” não gostarem.

1 comentário:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Pela minha parte gostei. Se não gostasse não publicava.Espero que se pronunciem com o vosso comentário.
Rogério