sábado, 30 de julho de 2011


A REALIDADE E O SONHO

É sábado, dia de movimento, muito movimento. Julia se prepara, passa a sua maquiagem, arruma o seu cabelo, respira fundo e olha o local calmo que vai lotar em alguns minutos. Já tem fila lá fora, estão esperando o melhor bar-restaurante-dancing da cidade abrir, com música ao vivo; hoje a banda vai tocar anos 60, mas as pessoas mais jovens vêm também.

Por enquanto a crise ainda aqui não entrou

Finalmente, 19 horas, as portas são abertas, as reservas de aniversário já chegaram, as pessoas alegres e animadas escutam a banda de jazz, outras até dançam, enquanto esperam a atração principal, que só começaria a tocar à meia noite.

Julia passa pelas pessoas de todos os tipos, porém ninguém repara nela, ninguém nota sua presença. Julia adorava aquele lugar, ela se sentia bem vendo as pessoas felizes, rindo, dançando ao som da música, e sim, a música, ela a adorava acima de tudo! Ela amava ver os casais apaixonados jantando juntos, alegres, as moças rindo e dançando, algumas pessoas se arrumavam bastante, e Julia ficava admirada!

Toda vez que Julia ia para a cozinha, ficava se imaginando linda, como algumas moças que estavam jantando no bar, com um namorado que a amasse e a levasse a lugares como o que ela trabalhava, para jantarem ao som de boa música ao vivo. Eles iriam dançar e se divertirem juntos…

A imaginação de Julia é interrompida, o prato da mesa 7 está pronto, e lá vai ela, levar o jantar de um grupo de pessoas alegres. Ela está sorrindo quando entrega oprato, mas quase ninguém repara nela. Ela não se importa, e o serviço nunca para. Ela tem outras mesas para servir e outros pedidos para serem entregues. Eassim vai a noite, a banda da meia noite toca os clássicos, todos dançam, até Julia dança um pouquinho também, e lá pelas 3 horas da manhã, é hora de fechar, todos foram embora, restam apenas as mesas, cadeiras e funcionários para arrumar o local.

Julia vai limpando as mesas enquanto sonha acordada, imaginando estar bem vestida se divertindo e dançando com um rapaz – vai sonhando e fazendo o serviço. Chegou a hora de voltar pra casa, agora ela só voltaria à noite, com bastante movimento e casa cheia, como Julia gostava. “Bom…”, pensava Julia, “hora de voltar para casa, voltar para a realidade”, e assim Julia sai, vai para a paragem de autocarro com suas roupas humildes e seus sapatos normais, sem maquiagem e sem cabelo perfeito, apenas uma mulher comum, porém com suas melhores qualidades: não desistir, nem parar de sonhar.

 
Um arranjo de Alfredo Mingau

1 comentário:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Meu caro AM
Sonhar é fácil.
Não são só as Julias que sonham.
Rogério