domingo, 7 de agosto de 2011


2011 –Para onde caminhamos?

O que se lobriga é um tão grande negrume,
Que nos faz medo, que nos faz mesmo vacilar;
Que faremos para manter ainda aceso o lume?
Por este malfadado andar, onde iremos parar?


Tudo o que vemos e ouvimos faz-nos pensar,
Como toda a terra por uma nuvem está cercada,
Que cada vez mais e mais se está a adensar,
Para a dissipar sentimos não poder fazer nada!


Ainda ontem o irmão dava a mão ao irmão,
Ajudava-o, era seu amigo, sem nada dele esperar,
Hoje trata-se o outro como se fosse um vilão,
Que há que espremer, para dele tudo se tirar!


Era muito mais parco ontem o ser humano,
Mas nem por isso parecia menos contente.
Será feliz hoje que o exploram até ao tutano,
Que come, e vive gordo e sumptuosamente?


Hoje anda-se em frente, rápidos, com pressa,
Há muito pouco tempo para ajudar alguém;
Negócios, dinheiro, é só o que nos interessa,
O outro é um número , um Zé ninguém!


Mais que nunca, gato por lebre vendemos,
O embuste, o supérfluo consumo promovemos;
É isso que nós descontraídos e sonsamente fazemos;
Sem remorso! Será que nos arrependemos?


Para quê trezentas marcas de creme de barbear?
E três mil marcas de vários perfumes,
Onde é que tudo isto e mais aquilo nos fará chegar?
Melhor seria que a tal fossemos imunes!


Os países estão à beira dum desastre colossal,
Não há motorista capaz de travar a composição,
Que caminha para um descarrilamento monumental,
Independentemente de tal querermos ou não!


Ao longo dos milénios isto tem-se repetido,
Ao alcatruzes ora vêm cheios, ora vazios;
Alterar o rumo faria todo o sentido!
Mas, para que lado corre a água dos rios?


E contudo mesmo assim temos de viver,
De lutar, perseverar, sem nos deixarmos abater!
Mesmo assim viveremos porque tem de ser!
Mesmo assim esse será o nosso querer!

Manuel Inocêncio da Costa

1 comentário:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

O Poema de facto tem toda a razão:
"Por este andar onde é que iremos parar?"
Rogério