terça-feira, 9 de agosto de 2011

CARTAS A SANDRA, de Vergílio Ferreira

Cartas a Sandra, é uma compilação de cartas, que Vergílio Ferreira deixou escritas para a esposa e que a filha única e o juiz aposentado Rodrigo Xavier, seu colega de quarto e de tuna em Coimbra, decidiram publicar. O tema central é o amor entre o casal, mas o que VF deixa dito, pode servir para qualquer casal.
Vergílio não foi muito bem aceite pelos homens da literatura do seu tempo mas eu gosto da sua escrita. Á medida que vai escrevendo vai entrando numa construção filosófica da vida, o que levou António Loba Antunes a apelida-lo de “O Sartre de Fontanelas”
Diz VF que tem a impressão que o vocabulário amoroso é restrito, tanto mais restrito, quanto mais intensa é a paixão.
Ora, em minha análise, a paixão é o primeiro embate a enfrentar quando alguém nos atrai e aí, para explicar esse momento, é preciso haver palavras com tal força, suficiente, que saibam traduzir essa intensidade que a atracção provocou em nós.
Todo o livro é saudade duma juventude que já não volta. “Guardaste as cartas que eu te escrevi? perguntou à esposa. Não, rasguei-as, disse ela com um sorriso breve e repreensivo. E porque havia de guardá-las? Gostava de as reler, disse ele.”
São estes pequenos pormenores da literatura que, se não nos fazem felizes não deixam que nos tornemos infelizes, como disse Vargas Llosa.
“Aliás não cheguei bem a entender esse modo exclusivo de seres citadina. Porque na cidade vive-se sempre na rua, mesmo que se esteja em casa.” Sensibilidades diferentes que não impediram o amor.
Trata-se de um pequeno romance, composto essencialmente por dez cartas de amor, O ideal do amor, já sobejamente dissecado em «Para Sempre», é neste romance ainda mais sublimado em cartas escritas por Paulo à sua amada após a sua morte. A catarse de um amor inesgotável, descrito das mais variadas formas, um amor tão forte que todas as palavras não o conseguem circunscrever e onde a dimensão metafísica desempenha um papel apaziguador no desespero obsessivo de Paulo na evocação da memória de Sandra.
“Sandra, a Xana esteve aqui dois dias com o miúdo e foi-se ontem. Desde há uns tempos que ela telefona menos. Não sei se estavas viva quando o companheiro a deixou. Aliás nunca o vimos.”
A literatura de VF é intimista e familiar, colocando a vida real ou a realidade da vida nas suas obras. É um escritor que tinha coisas para contar e tinha sempre presente o romance e a necessidade de o fazer.
Mas, de todo em todo, «Cartas a Sandra» representa um hino ao amor numa toada filosófica que abre ao leitor perspectivas muito interessantes sobre o tema e a muitos outros que com este se relacionam - amizade, ciúme, sexo, etc.
“Mas eu estremeci e amamo-nos longamente no deserto da montanha. E tu aceitaste a minha invasão e vibraste comigo num espasmo de prazer e de susto, não sei bem…”

E assim termina a obra. E eu também por aqui me fico.




5 comentários:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Muito bem Ermão
Asim já fico descansado e verifico que estás aí pronto p´rás "curvas".
Abraço
Rogério

Anónimo disse...

Olá João, aqui de novo
Achei que fosses ficar longe do nosso blog, mas é difícil não dividir o que acontece contigo e com as outras pessoas, que somos nós. Espero que a partir de hoje, prometas dedicar um tempinho para postar novamente as tuas doces e alucinantes crónicas da vida moderna e do passado, desculpa João Brito de Sousa. Vamos pra frente, pode ser que logo atrás venha mais gente.
Abraços e espero a participação dos Costeletas. E deixo o recado para o Jorge Tavares que, segundo me disseram está mal do “olho” e a quem envio rápidas melhoras.
Alfredo Mingau

Anónimo disse...

Obrigado AM,

Por,
principalmente,
incitares a malta a vir
e reunir
e sentir
o significado

da palavra costeleta

Alabi, Alabá, Bum Bá
Escola, Escola, Escola

Ab.

JOÃO

Anónimo disse...

HURRÁ!, HURRÁ!, HURRÁ!

Mingau

Anónimo disse...

ESTA UNIDADE,

É o lado belo da vida... de estudante

Dizem que a vida de estudante
Não dura mais do que uma hora

Ai, ai

A minha
inda não se foi embora.

.........

Ab.
JBS