“A ilha encantada”
Mais
uma vez, de entre as muitas vezes que, felizmente o tem feito, o casal
residente em Vila Real de Santo António, a Drª Mariana Rego e seu esposo, o Dr.
João Rego, se deslocou até Faro, para abrilhantar com o muito saber e arte que
possuem, mais um dos qualificados serões culturais e artísticos promovidos por
essa dinâmica instituição, que é a Casa dos Açores no Algarve, com tantos e tão
relevantes serviços prestados não apenas à Região Autónoma que representa como
à terra algarvia.
É
que, ao longo desta décadas de existência aquela associação regionalista
açoriana, tem-se expandido para além dos seus objectivos estatutários básicos
para uma acção de que os algarvios e, claro, os açorianos residentes, têm sido
grandes beneficiários.
Desta
feita e nas reduzidas instituições sociais, as quais esgotaram de um público
ávido (para quando uma casa compatível com a grandeza erigida pela acção dos
seus mentores, com destaque para o seu dedicado presidente directivo e cidadão
exemplar, que é Rubem Santos?) o tema aliciante pelo mistério que comportava
foi apresentado pela Drª Mariana Rego.
Esta
devota investigadora licenciada em “Estudos Portugueses” pela Universidade Nova
de Lisboa e pós graduada pela Universidade do Algarve, que durante mais de
vinte anos exerceu com querer, profissionalismo e empenho a docência pedagógica
da Escola Secundária da cidade pombalina, onde desde há 7 anos, dirige, com
idêntica determinação e ciência a dinâmica Biblioteca Municipal António Vicente
Campinas.
Aliou,
com um notável sentido didáctico de simbiose e de comunhão de mensagem todo o
misticismo que vem, desde os milénios das “Ilhas Afortunadas”, “Ilhas
Encantadas” ou “Ilhas Imaginárias”, tudo e tanto foi nesse duo de palavras de
“Ilha Encantada”. Fê-lo não apenas com as referências da ciência histórica, do
simbolismo do rei Artur a D. Sebastião, caso do imaginário e do sebastianismo e
de muitas e curisosas lendas que hoje ainda se contam aos serões nas noites do
“rosário das nove ilhas”. Foi uma viagem pela praia da Vitória, na Ponta da Má
Memória (“A Ilha Encantada”), Ribeira Grande e Ribeira Seca (“Quem vive?”), e
Ilhéu de Vila Franca, em São Miguel, as várias lendas em torno da “Lagoa das
Sete Cidades”, da Ilha de São Brandão”, da estátua da Ilha do Corvo, da “Ilha
Brasil”, da camoniana “Ilha dos Amores”, etc.
Recordou
ainda o poema de Fernando Pessoa, na “Mensagem”, onde este misticismo é elevado
“quase a religião portuguesa” ou a analogia com certas lendas algarvias,
apontando os livros de Ataíde Oliveira ou Luís Sá.
Complemento
admirável desta dissertação, que a todos encantou e prendeu, foi a actuação de
seu esposo, o Dr. João Rego que, com a magia com que seus dedos dedilham o seu
“violão” e o seu cantar tão espontâneo e autêntico, interpretou como ele o sabe
fazer uma mão cheia de canções açorianas, verdadeira “música feita nos Açores”,
neste abraço tão solidário como afectivo e histórico que une as duas regiões
que Mar Atlântico banha.
João Leal
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