No adeus a três amigos
De súbito, num ápice, como não raro é seu timbre, a
morte levou-nos três dedicados amigos, um trio de gente boa, honesta e cívica,
unida por esse indeclinável tributo de um dedicado amor à cidade de Faro.
Apenas um era natural de Faro, o arquitecto João Reis e os outros – engenheiro
José Marciano Nobre e jornalista Teixeira Marques.
O arquitecto João dos Reis que, na maior parte da sua
vida o conhecemos residindo na Rua do Alportel, ali defronte daquilo a que o
nosso saudoso companheiro deste espaço, o médico dr. Armando Rocheta Cassiano
designou de “O Cantinho de São Pedro”, foi um artista pleno e nato. Depois de
frequentar o Liceu João de Deus, cursou o Magistério Primário e feito do
professor, abalou para a grande Lisboa, onde se licenciou em arquitectura.
Menino e moço já o aplaudíamos em actuações várias, na Sociedade Recreativa
Artística Farense (“Os Artistas”), de modo próprio em monólogos de Pirandelo,
Tchekov, etc. Depois foi um dos mais directos colaboradores do dr. Emilio
Coroa, no Grupo de Teatro Lethes, concebendo cenários vários e também na
edificação, difícil e tenaz, do Jardim Escola João de Deus, em Faro. Esta é uma
história que ainda está por contar pois o projecto do arquitecto João dos Reis,
ali na mata do Liceu, fez preterir o “imposto” por Lisboa, assinado pelo famoso
arquitecto Raul Lino. Amou, até à exaustão esta sua e nossa cidade!
O engenheiro José Marciano Nobre, natural de Santo
Estêvão (Tavira), veio ainda muito moço para Faro, cidade onde faleceu aos 87
anos, vítima de grave enfermidade. Cursou a Escola Tomás Cabreira e o Instituto
Industrial de Lisboa, revelando sempre uma permanente disponibilidade para
servir a comunidade, através da pertença a corpos directivos e presidências de
várias instituições (Rotary Clube de Faro, Montepio dos Artistas, etc.) e foi,
após o 25 de Abril de 1974, para além de vereador presidente da Câmara
Municipal de Faro (1979/1982), onde realizou uma importante obra em prol do
concelho farense.
Cordato, convicto no seu ideário, solidário, o eng.
Marciano Nobre, muito realizou nos vários domínios em que exerceu a sua acção,
em prol de Faro.
Jornalista, com presença marcante durante anos na
imprensa diária e na rádio (foi nosso companheiro na “rádio Santa Maria”,
actualmente fazendo parte da cadeia TSF), sobretudo no que ao desporto
concerne, faleceu repentinamente Carlos Alberto Teixeira Marques (Teixeira
Marques era a rua assinatura jornalística e como era mais conhecido),
futebolista (iniciou-se nas camadas juvenis do então Unidos Sambrazense),
dirigente (destacamos a sua acção na Comissão Regional de árbitros da hoje
Associação de Futebol de Árbitros, na altura aquele órgão era presidido pelo
mais internacional dos juizes algarvios, César Correia), profundo conhecedor,
como poucos, do dito desporto-rei, etc.
Teixeira Marques era um dilecto companheiro, daqueles
com quem não só, anos a fio trabalhávamos lado a lado em muitos estádios
algarvios, de uma honestidade plena e a toda a prova, vivia o jornalismo com
uma acrisolada paixão, como no quotidiano a sua maneira de estar na vida
fazia-o uma referência.
O “Teixeira Marques do Correio da Manhã” morreu, ao
que se presume, a ver televisivamente, na sua residência em Faro, onde há
décadas vivia e fora funcionário bancário, de que se encontrava aposentado,
mais uma partida.
Natural de Vila Real de Santo António, contava 65 anos
de idade e vivera parte da sua infância e adolescência em São Brás de Alportel,
vila a que se encontrava profundamente ligado.
Foi para o cemitério desta localidade, após o velório
na Igreja de São Sebastião, que se realizou o préstito deste grande amigo e
dedicado companheiro, uma referência maios do jornalismo e do desporto
algarvio. Nele se incorporaram centenas de amigos, com destaque para as tribos
do futebol (César Correia, Vasques, Sério, Gomes Afonso, Brito Figueira, José
Manuel Prata, etc.) e dos jornais liderada por esse companheiro de sempre, o
Neto Gomes.
João
Leal
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