sexta-feira, 4 de setembro de 2015



A sereia e a búzia

Num dos mais aprazíveis recantos da capital sulina, junto à doca, na sua vertente próxima do Jardim Manuel Bívar, onde nos tempos idos o poeta Alberto Marques da Silva, se deliciava, de cravo ao peito e bengala encastoada a admirar, ao cair do dia, o “pôr do sol”, nessa “bebedeira inebriante de cores e formas”, situam-se duas referências escultóricas de assinalado mérito e grande significado.
Trata-se de um reprodução, em tamanho quase natural de uma sereia, postada nas escadarias – auditório que ali foram erguidas, fazendo-nos lembrar, a sua homóloga universalmente famosa erigida à entrada do porto de Copenhague, a capital dinamarquesa e na lembrança do conto desse génio da literatura infantil que foi Hans Cristian Andersen, bem como de uma búzia, em grandes dimensões, numa referência ao apreciado marisco da Ria Formosa.
No primeiro caso desconhecemos de quem partiu a iniciativa desta peça de arte, cm uma rara postura e atractabilidade, na simbiose existente de sedução, encanto e poesia. Mas quanto à búzia, que foi colocada na parte do passeio marginal, uma placa refere-a como da decisão havida, em boa hora, da Associação dos Comerciantes da Baixa de Faro.
Talvez que uma grande parte da população farense ou mesmo visitantes desconheçam estas obras de arte, que tal se tratam e bem merecedoras de uma visita atenta, mas merecedoras de uma visita local.
São coisas que valorizam a cidade, que lhe dão identidade, beleza, património em estilo maior.
Anotamos porém que se de dias as suas singelezas as tornam um pouco conhecidas, à noite menos notadas se tornam, mesmo nestas noites estivais em que o passeio convida para ir até à beira-doca. Por isso e daqui o apelamos ao município a necessária colocação de focos luminosos que, sem quebrar as singelas e artísticas belezas das duas peças, a sereia e a búzia, lhe deêm a relativização de uma presença assinalada e instigadora de uma visita.
João Leal

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