quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

CRÓNICA DE FARO DE JOÃO LEAL


Um farense cientista invulgar
OPINIÃO | JOÃO LEAL
Foi, através de um notável escrito do jornalista louletano Idálio Revez, uma das mais claras vozes da imprensa e devotado delegado do conceituado diário “Público” que tivemos o então grato ensejo de conhecer a vida científica de um farense, que desde jovens conhecemos. O coronel de infantaria José Manuel Rosa Pinto, reformado, foi-nos então apresentado e com todos os paradigmas que a verdade comporta, como um cientista de elevado mérito, de tal modo que foi, em 2012 distinguido com a primeira medalha de mérito e gratidão concedida pela Universidade do Algarve (UAlg).
É que a par da sua exemplar vida de militar profissional, com presença nas campanhas militares que ocorriam em Moçambique, Guiné-Bissau e Angola, o “Zezinho Paraíso” como afectuosamente era tratado nos círculos íntimos, começou a interessar-se primeiro pela insectologia e depois pela botânica. Fê-lo de tal modo que regressado ao Algarve, de parceria com a professora Maria Manuela David criou o “Halgar – Herbário da Universidade do Algarve”, uma obra de maior interesse científico e que representa a plena validade de todo um saber.
A par e, como professor convidado, exerceu a docência na Universidade do Algarve e as suas aulas no meio da natureza eram um encanto para os jovens universitários, que se deixavam seduzir pelos seus muitos conhecimentos. Diga-se que das mais de 14 mil plantas que figuram no “Halgar – Herbário da Universidade do Algarve” um número superior às duas mil e quinhentas foram recolhidas nos campos e serras algarvios pelo eminente botânico-militar, que recentemente nos deixou rumo à eternidade, vítima de doenças que há anos o afetavam. Contava 76 anos de idade e na sua simplicidade era um cidadão exemplar, correto e sempre disponível, com um devotado e desejável em expansão de amor pela terra Mãe!
O luto académico determinado pela reitoria universitária e a mensagem emitida pelo presidente do município de Faro atestam bem o geral sentimento que a morte do botânico coronel José Manuel Rosa Pinto, o “Zezinho Paraíso” (com afecto, respeito e estima) da nossa infância e juventude, em todos provocou!
Nota: O autor não escreveu o artigo ao abrigo do novo acordo ortográfico

João Leal

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