quarta-feira, 29 de maio de 2019

30 DE MAIO "DIA DA ESPIGA"




RECORDANDO  O"DIA DE MAIO" E O "DIA DA ESPIGA"
Este mês de Maio comporta sempre duas efemérides que são festivamente assinaladas segundo a tradição popular. Referimo-nos ao «Dia de Maio», com que abre este calendário gregoriano, mas com celebrações que remontam à Antiguidade ou, na evocação já nestes nossos tempos, das lutas das classes trabalhadoras em busca de uma maior justiça social. No 1 ° de Maio temos a par das celebrações vindas do próprio povo e mantidas durante séculos, casos dos Maios ou Maias ( engenhosos bonecos colocados em varandas, açoteias, passeios ou outros locais públicos, retratando cenas da vida quotidiana ou réplicas das azáfamas e casos em relevância ou essa tradição. Hoje quase esquecida, que era o «atacar o Maio», Consistia em aos instantes iniciais de um novo dia se beber com os figos e amêndoas torradas ou os bolos caseiros, casos dos suspiros, um cálice de aguardente de medronho ou figo ou de vinho doce, para afastar as doenças e os «espíritos malignos. Minha saudosa avó materna, que nascera nos Machados (São Brás de Alportel), onde hoje está essa referência da gastronomia algarvia, que é a «Adega do Nunes» ( o tio Manel Nunes, que dá nome ao restaurante era seu irmão direto), acordava-nos aos primeiros alvores do Sol, para com uma bandeja coberta por um alvo pano, nos fazer «atacar o Maio». Depois, à tarde, era irmos ao campo, como então se dizia em relação a todo o espaço, que não fosse Faro urbano, para se comerem os caracóis e as nêsperas; a que-muitas-vezes se juntava-essa delicia do «roteiro gastronómico da Ria Formosa», que era a «vila de ameijoas». Em «Dia da Espiga», liturgicamente «Quinta Feira da Ascensão», em que, quarenta dias após a Páscoa, se recorda a subida de Jesus aos Céus, exatamente amanhã, 30 de Maio, ia-se apanhar a espiga, constituída por hastes de trigo, papoilas, romãzeiras e outras espécies vegetais indígenas simbolizando a fertilidade da terra. A mesma era colocada por detrás da porta da casa, muitas vezes ao lado de uma ferradura usada, com o propósito de «dar sorte». Na ida ao campo comia­se, bebia-se, dançava-se e passava-se uma tarde alegre e divertida. As estradas e caminhos eram mares de gente, verdadeiras procissões de e para o meio rural, onde, em plena natureza, se celebrava esta Quinta Feira da Ascensão ou «Dia da Espiga». Tradições em que nós os «costeletas» as vivíamos intensamente e forte participação. Todos nos recordamos das idas ao Rio Seco, aos bailes da Cooperativa, hoje uma agremiação recreativa e cultural, na estrada para Pechão ou no «Salão Nobre», do Chico Rosa, na E.N. 125 e onde hoje funciona um comércio de produtos agrícolas. E os tais ataques ao «caracol amarelo» (nêsperas)? Tempos idos, recordações ....

João Leal
 
 


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