quarta-feira, 15 de maio de 2019

CRÓNICA DE FARO - DE JOÃO LEAL



“BASTA”
    É a expressão mínima que nos ocorre para explicitar a repulsa havida pela vaga indesejável e desejado, já que, a nossa região regista quatro participações/dia (não se contabilizando os casos, cremos, de um vasto rol silencioso, por razões múltiplas), alcançando, segundo o Relatório Anual da Segurança Interna (RASI) referente ao ano passado, a mais elevada taxa do continente com 1406 ocorrências, o que representa um valor de 3,2 por cada mil habitantes, contra a média nacional de 2,5 para o mesmo índice habitacional. Apenas nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira os valores são mais elevados na Terra Algarvia.
    Certo é que se verificou uma descida de manos 53 casos de violência doméstica em relação a 2017, mas aqui como no desporto e na sinistralidade rodoviária pela “Taxa Zero”. E somo-lo em função do respeito e da dignidade que nos merece a pessoa humana independentemente do seu estatuto (sexo, idade, condição social, etc).

    Estes crimes, porque de crimes se trata toda e qualquer expressão de violência doméstica, têm que ser encarados com a acutilância que os mesmos nos merecem e a gravidade de que se revestem, independente do universo em que os mesmos ocorrem.
    No ano de 2018 a delegação da APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) apoiou mais de mil pessoas, afectadas por esta sinistra ocorrência, com uma maior incidência, por concelhos no de Portimão, para além de centenas de carentes que se remetem a um compreensível silêncio.
   Esta é uma das grandes barreiras que importa vencer levando as vítimas à denuncia e ao fim de um nefasto sofrimento que nos compunge e nos leva ao reconhecimento instante da plena necessidade de uma grande campanha contra a violência doméstica, por que “Basta!” e de há muito chegou a hora de existir respeito.

    João Leal

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