domingo, 23 de junho de 2019

POEMA



A CASA ARROMBADA


Anos e anos as cigarras cantaram, 
Cantaram, nada acautelando!
E a pólvora foi-se acumulando. 
mas eles não a viam e bailavam,
E, falavam das florestas que cantavam.
A pólvora, a seca, ia atingindo regiões!
Onde só havia alguns poucos aldeões.
Os instalados não a viam e folgavam.
Gente avisada a tempestade pressentiria 
mas as cigarras cantavam.
O perigo, esse, nunca surgiria,
mas o perigo, enraivecido, um dia chegou; 
E durante meses destruiu, queimou, 
Parecia doido e só tarde parou,
Quando cansado transformara um jardim, 
Num deserto negro, negro e sem fim! 
Homens e gado ferindo e aniquilando,
E casas e empresas queimando
A dor e o choro atingiram multidões, 
No país, soou um choro lancinante,
Que o vento empurra para Sul e para Norte 
Coro horrível, medonho.angustiante
Coro de destruição e de morte!
Te-lo-hão ouvido cigarras tais!
Serão punídas as responsáveis mais? 
Ou no futuro continuará tudo à sorte?

Manuel Inocêncio

Sem comentários: