quarta-feira, 13 de novembro de 2019

SIM OU TAMPA?




LEMBRANÇAS DA NOSSA ESCOLA

       O “CARTÃO DO AMOR”

De entre as muitas coisas que o sr. Seraphym na sua Tipographya, em plena Rua de Santo António e onde está instalada a «Patlorarn», vendia (algumas eram oferecidas, como os horários ou os calendários) tinham uma clientela muito própria os «cartões de amor».
Eram uma espécie, digamos romântica, dos cartões de visita, com gentis palavras dirigidas à «dama dona do meu olhar» ou quejandos que tinham nos quatro cantos as palavras «SIM» e «NÃO».
     De forma circunspecta (na devolução de um livro emprestado, de um caderno para copiar os elementos, de um simples e fortuito toque), o apaixonado, quase sempre moço com poucas veias para galã ou conquistador fazia chegar o «cartão do amor» aquela costeleta com quem procurava encetar o seu Ilídio, pedindo conforme texto inserto se aceitava o namoro (SIM) ou lhe dava «tampa», idêntica à que acontecia nos bailes: - A colega dança, tem par ou descansa?
E esperava-se impaciente a ansiada resposta. Podia acontecer até que em vez de uma vinham duas respostas porque o apaixonado entregara idêntico «cartão do amor» a urna amiga da outra abordada.
Coisas de tempos idos que sabe bem recordar
                JOÃO LEAL

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