quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

POESIA DE MIGUEL TORGA


FEDERICO GARCIA LORCA


Garcia Lorca, irmão:
Sou eu, mais uma vez ...

Venho e virei enquanto houver poesia
Povo e sonho na Ibérica,
Venho e virei a tua romaria
Oferecer - te a miséria
Duma oração lusíada e sombria.

Venho, talefe branco da Nevada,
Filho novo da Espanha!
Venho, e não digas nada,
Deixa um pobre poeta da montanha
Trazer  torgas à roda de Granada!

   Indomável cigano
Dos caminhos do tempo e da ventura,
Sensual e profano,
O teu génio floresce cada ano ...
Venho ver - te crescer da sepultura!

Bruxo das trevas onde alguém te quis, 
Nelas arde a paixão do que escreveste!
Sete palmos de terra, e nenhum diz 
Que secou a raiz,
 Que partiste ou morreste!

 Uma luz que é o oceano da verdade
Abre - se onde os teus versos vão abrindo ...
A eternidade,
Na pureza da sua claridade,
Sobre o teu nome, universal, caindo ...

E o peregrino vem,
Reza devotamente,
Põe no altar o que tem,
 E regressa mais livre e mais contente ...
 Assim faço também!
                                                          Miguel Torga

Poema enviado por:
Manuel Inocêncio

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