domingo, 26 de abril de 2020



      TALVEZ

        Pior que a convicção do não é a incerteza do talvez. É o talvez que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter vindo e não veio. Quem talvez pudesse ganhar ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem talvez tivesse morrido está vivo, quem talvez amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

        Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até talvez pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, talvez sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O talvez nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

        Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos, talvez, somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar talvez, a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor talvez não seja romance. Não deixemos que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfiemos do destino e acreditemos em nós. Talvez gastando mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo ou, talvez, quem quase vive já morreu…


           Talvez seja o “vírus”, que nos isola, nos apoquenta com tudo isto…

            Talvez…?

Um arranjo do Roger

FÉRIAS?



... e não é para férias!
Este é um apelo que faço em nome do meu Sul!
O Governo decreta, as notícias aconselham, mas parece que a desobediência continua a imperar.
É certo e sabido que o Algarve é um destino muito apetecível nas férias da Páscoa e Verão.
Também podem acreditar que há muito boa gente que depende destes períodos de grande afluência para conseguir por pão na mesa.

Mas, por favor, por uma vez, só este ano: NÃO VENHAM PARA CÁ! As praias não fogem, o mar também não e o sol estará cá para vos brindar sempre que aparecerem.
É uma questão de sobrevivência!
Pelas mais variadas razões...
Não só o vírus se propaga facilmente, como já se perdeu o tino às cadeias de transmissão, e aqui este cantinho à beira mar plantado não tem condições para receber pessoas que estejam, venham a estar ou que transmitam o virús.

Os recursos hospitalares são escassos, e não falo só de infra-estruturas físicas. As infraestruturas humanas também são frágeis e mal dão conta dos "nossos"...
Não podem vir de carro? Também não se enfiem em transportes públicos.
As portagens estão vigiadas? Também não tentem passar a serra.

F I Q U E M  EM  C A S A! - será assim tão difícil de perceber?
Provavelmente, quem só cá vem de férias não tem a noção, por exemplo que, por vezes, temos de esperar meses por uma consulta de especialidade, apenas porque o médico vem de Lisboa, Porto ou Coimbra.
Há quase um ano, a minha mãe teve de ser submetida a uma cirurgia para lhe colocarem um pacemaker e de onde veio o médico, de propósito para o efeito e em modo urgência? De Coimbra!
Sim, acho que quem não é de cá não tem noção destas limitações. Ou, por outro lado está-se nas tintas e só pensa no próprio umbigo!

Margarida Vargues

sábado, 25 de abril de 2020

BOA LEITURA PARA O ISOLAMENTO CASEIRO



NOVOS LIVROS
SEMENTES MÁGICAS
V.S.Naipaul
Willie Chandran é um homem de identidade incerta que, aos quarenta anos. tem atrás de si uma vida de peregrino. Num momento de grotesca revelação, chega ao entendimento daquilo que poderá, finalmente, libertar o seu Verdadeiro eu.
320 péginas.
PREÇO 166,92€.
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POEMAS VADIOS

Álamo Oliveira
Quase a completar 75 anos, um dos maiores escritores açorianos dá mais uma prova da sua criatividade em novo livro de poemas: "sentado à porta da morte umdia/-quemsabe?- ainda vai tomar juízo".
72páginas.
Preço 12.60 €.
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DITOS E DITOTES POPULARES DA BEIRA ALTA

Maria de Almeida Morgado
Este livro foi escrito entre 2002 e 2019. É feito de apontamentos de oralidade que se transmitiram de geraçao ern qeração da Beira Alta portuguesa.
80 PÁGINAS,
PREÇO 7,20 €.
Um arranjo de Roger


HOJE CELEBRA-SE




Revolução de 25 de abril de 1974
A Revolução de 25 de Abril, também conhecida como Revolução dos Cravos ou Revolução de Abril, refere-se a um evento da história de Portugal resultante do movimento político e social, ocorrido a 25 de abril de 1974, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933, e que iniciou um processo que viria a terminar com a implantação de um regime democrático e com a entrada em vigor da nova Constituição a 25 de abril de 1976, marcada por forte orientação socialista.
Esta acção foi liderada por um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), composto na sua maior parte por capitães que tinham participado na Guerra Colonial e que tiveram o apoio de oficiais milicianos. Este movimento surgiu por volta de 1973, baseando-se inicialmente em reivindicações corporativistas como a luta pelo prestígio das forças armadas, acabando por atingir o regime político em vigor. Com reduzido poderio militar e com uma adesão em massa da população ao movimento, a reacção do regime foi praticamente inexistente e infrutífera, registando-se apenas quatro civis mortos e quarenta e cinco feridos em Lisboa, atingidos pelas balas da DGSO movimento confiou a direcção do País à Junta de Salvação Nacional, que assumiu os poderes dos órgãos do Estado. A 15 de maio de 1974, o General António de Spínola foi nomeado Presidente da República. O cargo de primeiro-ministro seria atribuído a Adelino da Palma CarlosSeguiu-se um período de grande agitação social, política e militar conhecido como o PREC (Processo Revolucionário Em Curso), marcado por manifestações, ocupações, governos provisórios, nacionalizações e confrontos militares que terminaram com o 25 de novembro de 1975.
Estabilizada a conjuntura política, prosseguiram os trabalhos da Assembleia Constituinte para a nova constituição democrática, que entrou em vigor no dia 25 de Abril de 1976, o mesmo dia das primeiras eleições legislativas da nova República. Na sequência destes eventos foi instituído em Portugal um feriado nacional no dia 25 de Abril, denominado como "Dia da Liberdade".

Um arranjo de Roger, focando uma data da História de Portugal.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

VAI FICAR TUDO BEM




A Primavera ao meu lado faz-me acreditar de que tudo isto vai passar.
Se vai ficar tudo bem? Não, não vai. Não são hashtags carregadas de arco-íris que me vão fazer crer nisso. Seria ingenuidade da minha parte ou fuga à realidade. As coisas não se resolvem num estalar de dedos, nem com uma poção mágica, nem com uma borracha que apaga as letras que, a lápis, escrevemos num papel.
É, antes, uma folha de papel amarrotado que, por muito que a estiquemos não voltará a ser nova. Não vamos querer escrever um hino à vida ou uma carta de amor numa folha amarrotada. Teremos de nos erguer e ir na meca de uma nova. Aí, sim, poderemos começar a escrever o futuro.
O depois vai ser duro. Mais para uns do que para outros, como em tudo. E sim, (até) vai ficar ( tudo) bem, mas não já. Não, se ficarmos apenas à espera que passe. Não, se não arregaçarmos as mãos e tivermos a coragem de recomeçar.
Haverá sempre os oportunistas. Haverá sempre os preguiçosos. Haverá sempre os fracos. Haverá sempre os fortes.
Cabe-nos a nós escolher quem somos e o que iremos fazer. Em prol de uma consciência colectiva e não apenas do próprio umbigo. Não poderemos, deste modo, culpar o outro por aquilo que nos aconteceu, acontece ou irá acontecer.
Para já, resta-me esta Primavera de dias cinzentos e papoulas vermelhas.

Margarida Vargues

quarta-feira, 22 de abril de 2020



COSTELETAS CUJA LEMBRANÇA É UMA SAUDADE

O MESTRE GUERREIRO E A D. MARIA DO CÉU


Era um casal de referência para a nossa Escola e, de certa maneira também para a cidade de Faro de então (anos 40 e 50 da centúria transata). Não só pelo de­sempenho das funções pedagógicas com que exemplarmente se haviam, como pelo seu aprumo cívico e moral numa sociedade havida como conservadora. Eram-no tam­bém pelas suas diferenças tisicas, sobretudo na altura e que ao invés do amor e géne­rosidade que era seus denominadores comuns, esta era bem oposta. O Mestre Guer­reiro era alto e espaduado e a sua dedicada esposa, D. Maria do Céu, o diametralmen­te diferente. Mas esta e outras diferenças tisicas eram superadas pelas excelsas quali­dades de que ambos eram dotados e pela afetividade e dedicação que, na vida, os u­nia. O Mestre Guerreiro, nunca o nome completo lhe soubemos, era o pedagogo da oficina do Curso Industrial de Carpinteiro, Marceneiro e Construção Civil, que fun­cionava no Largo da Sé e de que, entre alunos, me lembro dos louletanos, mais tarde também Mestre Mário Rodrigues Pereira, que foi meu professor na Escola Serpa Pin­to; do José António Guerreiro Cavaco, vice - presidente da Federação Portuguesa de Futebol e presidente da Câmara Municipal de Loulé e do empresário Manuel Cavaco. AD. Maria do Céu ministrava a cadeira de Lavores às alunas do Curso de Formação Feminina. Da autoria dos «costeletas» que foram seus discípulos saíram verdadeiras obras de arte, que conquistaram prémios e mereceram justificados louvores nos Sa­lões de Estética e Exposições Escolares. Julgo que, no espólio da nossa Escola, ainda existe uma bela colcha/ toalha bordada à Castelo Branco (?) saída de uma das turmas das «meninas da Formação Feminina» dirigidas pela lembrada D. Maria do Céu. Este casal de professores «costeletas», sempre presentes nas atividades circum - escolares, quando se exigia a participação de um docente, era-o de uma dedicação exemplar. Moravam num primeiro andar, por sobre a loja de máquinas de escrever e material de escritório do Sr. Gonzalez, no gaveto das Ruas do Compromisso e da Rua A, que se chamou também do Dr. Oliveira Salazar e era, mais do que tudo conhecida, antes do alargamento, por «Rua do Peixe Frito». Saudades destes Mestres que o foram em to­da a aceção da palavra!

JOÃO LEAL

LIVROS QUE AO ALGARVE IMPORTAM





«UM CRIME PASSIONAL E A REFORMA DO CABO ANTÃO»
DR. ANTÓNIO CARVALHO
Neste tempo de quarentena, tão inclinável à leitura, uma revisita às instantes, trou­xe-me às mãos, o livro «Um crime passional e a reforma do Cabo Antão», em grande parte vivido na Costa Vicentina, onde o seu autor, o médico António Carvalho exercia então (Fevereiro de 2006) a atividade clínica em Sagres. Profundo conhecedor da região e resi­dindo, desde há anos em Lagos, teve assim a sua estreia literária, reconstituindo algumas das histórias («Umas carregada de dramatismo, outras pelo contrário bem divertidas ... »), vividas na prática médica. De seu nome completo António Fernando Tavares de Carvalho nasceu na Cova da Piedade (Almada), a 8 de Janeiro de 1955 e frequentou a Faculdade de Medicina de Lisboa, onde se licenciou em 1981. Refere que as razões que motivaram a es­crita deste «Um crime passional e a reforma do Cabo Antão» foram:« ... tomar possível aos homens e mulheres comuns, gente de todas as categorias sociais, que nos procuram no dia a dia das consultas, das urgências hospitalares, ficarem a saber como nós médicos, ve­mos as coisas do outro lado, do nosso, dos que escolheram esta profissão, e também deixá­los penetrar um pouco nos «bastidores», naquilo que está por detrás do pano, e que geral­mente não tem oportunidade de saber».

«VIA LUCIS - NOS CAMINHOS LUMINOSOS DA REDENÇÃO» 
PADRE CARLOS DE AQUINO
Natural de Vila Real de Santo António, onde nasceu a 27 de Maio de 1969, o Padre Carlos Manuel Patrício de Aquino (pároco «in solidum - Moderador de Loulé) é au­tor de várias publicações de orientação litúrgica, entre as quais a recente «Via Lucis - Nos caminhos luminosos da Redenção», editada pelo Secretariado Nacional da Liturgia da Conferência Episcopal Portuguesa. Trata-se de «uma proposta de oração que, paralelamen­te à Via Crucis, introduz na contemplação do Ressuscitado, através das 14 estações». As 89 páginas da obra deste sacerdote algarvio, que foi ordenado em Dia de São Pedro e São Paulo (29 de Junho) do ano de 1993 e é o Coordenador Diocesano do Departamento da Pastoral Litúrgica, contêm reflexões inspiradas nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos.
JOÃO LEAL

terça-feira, 21 de abril de 2020

INFORMANDO



NOTÍCIAS DO TURISMO ALGARVIO

Foi nomeada Ministra da Cultura, Turismo e Ambiente do Governo da Angola, sendo a mais jovem deste Executivo), a Dra. Adjany Costa, que foi estudante da Universi­dade do Algarve (Ualg), onde em 2014 concluiu o Mestrado em Biodiversidade e Conser­vação Marinha, no âmbito do Erasmus Mundus.

«Viajar e conhecer o Algarve sem sair de casa» é o lema de formações gratui­tas online promovidas pela Região de Turismo do Algarve {RTA). Constitui esta iniciativa uma oferta sobre o destino turístico algarvio dirigida aos mercados inglês, francês, estadu­nidense, holandês e alemão.

O mês de Março foi o «pior de sempre da hotelaria algarvia» com o fecho de mais de 60% da hotelaria devido à pandemia do Covid 19. A taxa de ocupação situou-se nos 28,6% e houve uma descida acentuada de 45,8%, sobretudo nos mercados português (menos 54,5%), alemão (menos 51,7%) e britânico (menos 48,9%). As vendas tiveram uma queda de 29,8%.

A EHTA (Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve), através dos alunos do Curso de Gestão e Produção de Cozinha, com a colaboração da Delegação de Tavira da Cruz Vermelha Portuguesa, prepara diariamente 300 refeições, que são distribuídas por todo o Algarve às populações carentes.

Os portugueses voltaram, pela quarta vez consecutiva, a escolher o Algarve co­mo «Marca de Referência» ou seja o lº lugar nas «Regiões de Turismo», mercê dos 47,5% dos votos dos leitores das Seleções Readers Digest», urna das publicações mais lidas do Mundo com um universo de l 00 milhões de leitores. O prémio foi consignado pela quali­dade, boa relação custo / benefício e serviço ao cliente.

JOÃO LEAL

DIA 18 DE ABRIL DE 2020

Digníssimos Costeletas, o dia 18 de Abril de 2020, ficará marcado para sempre nas nossas memórias, pelo facto de não ter sido possível, realizar o nosso convívio da comemoração do 29 aniversário da nossa Associação dos Antigos Alunos da Escola Tomás Cabreira, como seria desejável por todos nós, como estava programado com a visita guiada à nossa escola, seguido do almoço na cantina com o respectivo café e bolo de aniversário, seguido de um pé de dança. As cerimónias terminavam com uma missa por intenção de Professores, Funcionários e Alunos falecidos na Igreja de São Francisco.
Espero que mesmo distantes uns dos outros, tenhamos passado este Aniversário envoltos no mesmo espírito de: FRATERNIDADE, VITALIDADE e SOLIDARIEDADE.
A nossa vida de COSTELETAS, é uma simbiose que não nos pode deitar abaixo e, penso, que mesmo em situações difíceis, como a que estamos a viver, devido à pandemia provocada pelo COVID-19, estaremos mais atentos e, que no próximo ano possamos estar juntos e mais fortes para, comemorarmos juntos o 29 e o 30 aniversário da nossa Associação.
Faço votos, para que todos se encontrem bem neste momento juntos das vossas Famílias pois, eu e a minha Família estamos bem e, a cumprir as regras estabelecidas pelas entidades competentes.
Sem outro assunto de momento sou com elevada consideração e estima. 

Um grande abraço de costeleta,

    O Presidente da Direção


Florêncio Vargues 

sexta-feira, 17 de abril de 2020



CARTA DE LISBOA?

UMA SUGESTÃO - PEDIDO
Foi um núcleo da primeira hora, do arranque, do concretizar o nosso querer. Sob a égide do querido e saudoso Mestre e mais do que isso do dileto Amigo, o Prof. AMÉRICO surgiu a nossa viva Associação, muito por graça dos «Costeletas de Lisboa», de entre os quais queremos referir, os não mencionados nos perdoarão, o Mendonça, o Júlio Piloto, o Zé Félix, o Alfredo Pedro, o Zé Paixão Pudim, o Sebastiana, o Mário Zambujal. .. eu sei lá, toda essa malta admirável que nos legou este viver continuado do que é ter sido aluno da Tomás Cabreira. Usualmente acontecia na festa do aniversário, este ano com um previsto vasto e significativo programa que não foi possível realizar ou em Junho no grande abraço anual, que acreditamos não terá ainda concretização. Mas de há muito que não temos notí­cias dos nossos colegas radicados em Lisboa e, numa hora, em que por via da quarentena, importa, com a efetiva amizade que nos une, saber mais e mais e estreitar ainda mais esta malha fraterna que nos une. Daqui que lançamos a sugestão / pedido / apelo para que os «Costeletas de Lisboa» nos digam como estão e que é feito deles. Valeu? Com a amizade de sempre,
GENTE DA TOMÁS CABREIRA
                                          ORLANDO DO CARMO SEITA
Era uma figura incontornável naquele início dos anos 50 do século XX entre a malta da Tomás Cabreira, o Orlando Seita, aluno de referência do famoso «2º 4">> do Curso Geral de Comércio. Era-o pela sua inteligência, cultura acima do padrão mediano e forma elegante com que se trajava. Sempre de calça e casaco, usando a gravata e os botões de punho na camisa, o Orlando ou o Seita, porque havia outro de igual nome, o Bica, de Estoi. Este era de Faro e tinha o seu alfobre no Alto Rodes, onde residia e membro de uma conhecida família ali radicada. Tinha três irmãos, a mais nova, que cursou Enfermagem e dois machos, ambos fotógrafos. Um deles, creio que o mais velho, tinha o estúdio junto ao Coreto, no Jardim Manuel Bivare todos nós, por via da dúzia de fotografias que eram exi­gidas para a matricula escolar, eram seus clientes no «olha lá para o passarinho». O outro, andava com a máquina «a la minute» às costas percorrendo os arredores e fotografando o que pedido lhe era. O Orlando, estamos a vê-lo, numa carteira da primeira linha, naquela sala que a turma, não obstante masculina, ocupava junto à chamada «Sala das Raparigas». Lembrar o Orlando Seita, que caso seja vivo, o que desejamos, deverá ter mais de 85 anos, é lembrar um costeleta daquele bons velhos tempos ..
JOÃO LEAL



COSTELETAS CUJA LEMBRANÇA É UMA SAUDADE 
ALZIRA MARIA ROCHA LEAL CARNEIRO
Para além das imponderáveis razões de solidariedade costeletiana prende-me à saudosa Alzira uma fraternal estima de primos irmãos, que quase na realidade irmãos o éramos, porque ela nasceu em minha casa de então (Rua Infante D. Henrique, nº 11, ao lado do «Augusto Vieira dos Ramos» e frente ao «Grande Hotel» e connosco viveu muitos anos. Nascida a 1 de Junho de 1948, moça alegre e concentrada, companheira querida, fez o Curso de Formação Feminina na nossa Escola e enveredou depois pelo desempenho de funções administrativas em firmas da cidade. Casou com o Major Octávio Carneiro, na situação de Oficial na Reserva, faleceu, vítima de pertinaz doença, com apenas 63 anos, a 6 de Janeiro de 2011, constituindo o seu funeral, que se efetuou para o Cemitério da Espe­rança, em Faro, uma sentida manifestação de pesar. Era extremosa Mãe de Abílio Carneiro e da Ora. Rita Carneiro. Simples, amiga de todos, a Alzira constitui uma costeleta e uma prima a quem votamos uma profunda saudade.
«COISAS» DA TOMÁS CABREIRA  
O MAESTRO SR. SARAIVA
Aconteceu ali no pátio da Seção Industrial, no Largo da Sé, numa 4ª Feira ou Sábado, á tarde, que eram os dias em que decorriam as obrigatórias atividades da Mocida­de Portuguesa. Talvez nos idos anos de 1951 ou 52 ... Desta feita o horário era preenchido com aulas de Canto Coral, regidas pela Maestro Sr. Saraiva, ao que creio um Sargento do Exército, na Reserva. Morava ali na Rua Lethes, no sentido ascendente para quem vai para o histórico teatro e era casado com uma das duas irmãs que tinham uma afamada pastelaria na Rua de Santo António, onde, mais tarde, funcionou a Papelaria Artys, do António Ca­pela. Tinha Mestre Saraiva uma descendente, nossa colega, a Inês, dotada de grande bele­za e que casou com o também nosso colega António José Manjua da Rocha, que desenvol­veu a vida profissional de bancário em Lisboa.
Naquela tarde, assim a anunciar chuva, o Sr. Saraiva, resolveu fazer um co­ral e chamou, perante os aplausos da «maralha», o LUÍS Alberto Rosa da CUNHA, moço circunspecto e atilado, dos maiores valores intelectuais e cívicos da nossa geração. E lá co­meçou, com grande desafinação e o ar compungido do atónito solista a canção «O mar está bravo e as ondas a bater/ O mar está bravo meu amor vem ver». Só que após o solo e com as bátegas a caírem a malta respondeu: «O mar está bravo e as ondas a bater / O mar está bravo e já está a chover». E perante o ar insólito de Maestro e do Luís Cunha, postados no centro, junto á fonte, todos «batemos a asa» em procura de abrigo.
JOÃO LEAL

quinta-feira, 16 de abril de 2020

REGRESSO ÀS AULAS



Nos últimos dias tenho estado mais atenta que nunca ao desenrolar de como irá decorrer o terceiro período: TV, online, plataformas X e Y, enfim...

Por tudo quanto é grupo temático há pais que se queixam, há professores desorientados e há alunos para quem o não ir à escola é uma verdadeira farra. Nesta comédia de enganos quem está certo ou errado? Ninguém! Há limitações por todos os lados.

O facto de os exames terem sido cancelados - e bem, na minha opinião - faz, ainda com que os alunos se descomprometam do que ainda resta do ano lectivo, enquanto pais e professores fazem das tripas coração para levar este barco, à deriva, a bom porto. É que Setembro é já ao virar da esquina e um novo ano lectivo espreita a pouca distância...

Eu estou do lado dos que se sentem desorientados, por muita orientação que nos chegue aos trambolhões e em catadupa sem que tenhamos, nem tempo, nem capacidade para aprender tudo e colocar esse tudo em prática. Não é fácil. Acreditem que não é. O esino há distância em nada se assemelha ao presencial.

Até poderíamos pensar que seria fácil: cada um na sua casa, a assistir às aulas, a tomar notas e a prestar atenção. Só que não! 

As plataformas permitem que em vez de um vídeo se coloque uma foto, por exemplo, há outras em que não conseguimos visualizar todos os presentes, apesar dos nomes constarem nas listas de activos, entre muitas outras coisas. Há miudos, por exemplo que estão "presentes" em aula quando, na realidade, estão nas traseiras a jogar consola...

E é aqui que entra o factor responsabilidade - cujo significado varia consoante a vontade de cada um.

E é aqui que entra o factor imaginação - onde prender um aluno a uma aula requer o dobro ou o triplo do trabalho.

E é aqui que entra o factor colaboração - onde pais, alunos e professores, mais do que nunca têm de estar em uníssono. Utópico, não é?

E é aqui que entra o factor desigualdade - de que muito se tem falado e que abrange um pouco de todas as áreas deste processo.

Pela experiência que tenho, os alunos do ensino público ainda não sabem bem o que irão fazer: não há directrizes vindas das escolas ou dos directores de turma de como tudo se irá processar, não há horários estabelecidos, apenas se sabe que alguns conteúdos vão ser transitidos na TV. Já no privado - e mais uma vez, da minha experiência - os professores estão literalmente a dar o litro - passando a expressão - com horários de aulas estabelecidos, horários de atendimento também activos e uma presença constante para que pais e alunos se sintam apoiados nesta modalidade de ensino que é novidade para todos.

Aproveitemos este momento para calçarmos os sapatos do outro em vez de apontar o dedo. Juntos conseguimos, tenho a certeza, e quem sabe não sai daqui um sistema mais moderno e adequado à sociedade actual - mesmo pondo de lado o acordo ortográfico!


Margarida Vargues 

domingo, 12 de abril de 2020

MAIS UM COSTELETA QUE NOS DEIXOU


ANÍBAL BORRALHO DA GRAÇA

À família e amigos, a Direção dos Antigos Alunos da Escola Tomás Cabreira apresenta sentidos pêsames.

DESCANSA EM PAZ ANÍBAL BORRALHO

sábado, 11 de abril de 2020


Estimados colegas COSTELTAS:

Como é do conhecimento geral, o Pais atravessa uma situação muito complicada devido a uma pandemia causada pelo COVID - 19 e, por esse motivo a nossa Associação em devido tempo, cancelou todos os eventos relacionados com a comemoração do seu 29º. Aniversário.
Mesmo distante de todos vós e, na qualidade de Presidente da Associação dos Antigos Alunos da Escola Tomás Cabreira, quero-vos dizer que estamos todos de parabéns nesta data de aniversário e contenção, fazendo votos para que assim que nos for possível estarmos todos juntos, para assim comemorarmos o 29º. ou, quiçá o 29º- e o 30º. no próximo ano.
Estamos em época Pascoal, aproveito para vos desejar uma SANTA PÁSCOA  com Saúde e Paz na companhia da Família para os que tiverem a tiverem por perto o, mesmo para aqueles que por causa da pandemia estiverem longe da Família.
Aqui vos expresso um grande abraço de costeleta e votos de uma SANTA PÁSCOA,

     O Presidente



a) Florêncio Vargues

quarta-feira, 8 de abril de 2020

 LEMBRANÇAS DA TOMÁS CABREIRA 
 A MIMI E O JOÃO 

 Muitos são os carismáticos casais de hoje com os namoros começados na nossa Escola. Todos os conhecemos e a todos nos unem uma solidária e fraterna amizade de costeletas, que pela vida fora, ao longo destas muitas décadas se tem mantido e fortalecido. De entre esses companheiros e companheiras, a quem desejamos as maiores felicidades, que bem as merecem, queremos hoje recordar dois que em permanência estão nas nossas lembranças. Referimo-nos à MIMI, que outro nome lhe não conhecemos nem preciso é, tão conhecida e querida ela é das gentes da Tomás Cabreira e a seu dedicado marido e nosso amigo de mais de 70 anos, que é o JOÃO RAMOS, também chamado de «João Fome» ou «João de Quarteira», pela sua naturalidade e residência. Gente boa, de uma só cara e de um enorme coração, que foram pilares básicos no assumir da AAAETC (Associação dos Antigos Alunos da Escola Tomás Cabreira), á qual e, portanto, a todos nós, prestaram os mais relevantes serviços. Ao invés do que é a sua generosidade para com tudo e com todos a vida não tem sido pródiga para com eles, que bem mereciam mais e muito mais. Não os temos visitado, como era nosso dever e obrigação, o que reconhecemos e lhes pedimos desculpa. Mas creiam AMIGOS E COSTELETAS que estão sempre ligados a vós pela amizade e solidariedade, componentes que o somos desta nossa fraterna cadeia. 

              JOÃO LEAL 

INFORMANDO E RECORDANDO


O COSTELETA VÍTOR SILVA CANTA 
«FIQUEM EM CASA»

No ano em que assinala 60 anos de vida artística o nosso colega e conhecidocantor VÍTOR SILVA (Vítor Manuel Parreira da Silva) criou no conchego da sua casaem Faro, dando largas à imaginação, num contributo para esta luta em que todos estamosempenhados, nas plataformas Skype e Youtube, a canção «FIQUEM EM CASA, O MELHOR REMÉDIO PARA COMBATER O CONVID 19». 

Numa carreira com grandes exitos em todo o Mundo, em especial junto das comunidades emigrantes, o autor de «Quem nasceu para lagartixa, nunca chega a jacaré…» dá assim mais um solidário testemunho do seu generoso espírito.

COSTELETAS CUJA LEMBRANÇA É UMA SAUDADE
A MANUELA GERMANO

Éramos adolescentes e ambos alunos da mesma escola, a Tomás Cabreira. A Manuela (Maria Manuela do Nascimento Germano) morava ali perto do Jardim da Alagoa, seu local de refrigério e recreio, na parte nascente da Rua Castilho. Morena, olhos deuma criatividade linda e comprida trança, a lembrar a «menina das violetas no Chiado) tinha um irmão mais velho que frequentava o Curso de Serralheiro, o Germano. Suas companheiras diletas eram, de modo próprio, a Luísa Marques (irmã mais nova do semprelembrado Franklin) e a Natália (filha do Mestre Canteguinha e casa dom o colega João Justino dos Santos, afilhado do Dr. Silva Nobre). A Manuela, que ao que creio esteve em Moçambique com o marido, fixou residência na Grande Lisboa e faleceu, subitamente, numas férias em Armação de Pera.
Uma lembrança saudosa desta colega e amiga que o foi a Manuela Germano!

JOÃO LEAL

terça-feira, 7 de abril de 2020

POEMA


Cada amanhecer

é um recomeçar!

É uma nova oportunidade

que Deus Pai, no seu infinito amor

nos dá para viver

com simplicidade e contemplação.

O sol que nos aquece o coração

o dia que ilumina o nosso peregrinar

e o céu que nos brinda com a esperança.

Cada nuvem é passageira

e o vento leva para o espaço

o cansaço… 

E quando a noite chegar

e à cama o corpo se entregar

o pensamento voa ao Pai

em prece de gratidão.

E lá do alto a bênção divina

afaga o sonho de menina

que adormeceu na paz do Senhor!


                          Lutilia Rocha 

segunda-feira, 6 de abril de 2020

FICAR EM CASA



Nos últimos dias tenho lido sobre pais completamente em histeria sobre os trabalhos que os professores têm mandado para os seus pequenos fazerem...

Não tenho lido muito sobre o outro lado da moeda - sim, porque todas as histórias têm dois lados e cada um só ouve o que quer ouvir e o que lhe convém - em que os professores estão completamente às aranhas e em fase de adaptação a esta nova realidade.

Falta aqui a minha irmã para vir dizer que há um eviesamento cognitivo de ambas as partes... É assim, não é, Vânia ?

1. Ninguém estava preparado para o que se está a passar - apesar de Bill Gates ter falado sobre o assunto numa Ted Talk de há 4 anos.

2. Os programas são extensos e a parte burocrática de se ser professor é imensa - é que nem imaginam! 23 horas lectivas? ahhh que sorte! férias de natal, carnaval, páscoa e verão? ahhh que sorte! uma PORRA de sorte! Troquem por um dia e vejam como é esta sorte! (Sim, escolheram ser professores, a maior parte há mais de 20 anos, porque agora ninguém o quer ser...)

3. Os professores são obrigados a manter as suas rotinas - horários, cumprimento de planificações, etc...

4. Os alunos mantêm as rotinas? Continuam a levantar-se cedo para "ir às aulas" como o normal? Se calhar não, porque afinal têm montes de tempo e sabe bem ficar na cama de manhã

5. Os pais, muitos estão em teletrabalho e muitas vezes há apenas um computador em casa - quando há computador! - que, agora tem de servir para pais e filhos - sim, é complicado!!!! 

6. Muitos miúdos têm telemóveis que custam mais do que eu ganho num mês, mas não têm meios para cumprir as tarefas porque...lá está, não têm computador. Espero que as prioridades comecem a ser questionadas...

7. Outros não têm nada, porque as condições financeiras não o permitem. Nem telefone de última geração, nem computador, nem tablet! Olha, esses podem jogar ao berlinde e ler, que também não lhes fazia mal...

8. Para quem, como eu, está a dar exlicações a partir de casa, também não está fácil, pelas razões tecnológicas apresentadas acima, e porque os meninos não cumprem as tarefas atempadamente... Acreditem que para quem está do lado de cá, esta COISA (para não escrever mais um palavrão) está a dar o dobro do trabalho e a ocupar o triplo do tempo!!! Com uma grande incógnita? Iremos receber pelo trabalho que estamos a ter?

É impossível agradar a gregos e a troianos.
O sistema perfeito não existe, pois se existisse não andávamos todos às turras com os trabalhos - que não são TPC, atenção...são trabalhos que seriam feitos em AULA, na ESCOLA.
Estamos todos em modo de sobrevivência e a pensar como vamos sair desta ilesos - pelo menos em questão de saúde.

Espero, no fim, que todos tiremos lições do que estamos a passar. 
Que cada um não pense apenas no seu próprio umbigo - há um colectivo que merece a atenção de cada um de nós pelo bem comum.
Que saibamos ter discernimento entre o que nos põe pão na mesa e com quem vamos comer esse pão - são coisas totalmente distintas!
Que saibamos escutar e que consiguemos falar.
Que quem hoje queima as penas, amanhã seja Fénix.
Que o sacrifício de hoje seja a vitória de amanhã.

O mundo não acabou. E, como diz o ditado, o que não nos mata torna-nos mais fortes!!!

Margarida Vargues