terça-feira, 15 de setembro de 2020



DEODATO PIRES, 
UM ASSUMIDO «COSTELETA» 

         Foi-o em plenitude tomando os ideais associativos de «vitalidade, solidariedade e fraternidade» de uma forma vivencial e testemunhada no quotidiano e, de modo próprio, a quando dos actos promovido pela nossa Associação. Adquirida a condição de «costeleta» por via do seu longo e firme casamento com uma referência veterana da nossa Escola, a colega D. Maria da Conceição Pinto Pires, sempre Deodato Pires marcou presença nas nossas reuniões. Vinham de Olhão, onde residiam há muitas décadas, custasse o que custasse, porque importava estar, viver e ser «costeleta».
         Foi a 7 de Setembro que o Senhor chamou a Si este nosso dilecto amigo e companheiro que contava 91 anos de idade, era natural da Vila Nova de São Bento (Serpa) e viera «menino e moço» para Olhão, enveredando pela actividade comercial. O seu estabelecimento era, como alguém definiu com grande verdade, localizando-se no típico bairro olhanense da Barreta, «o centro afectivo do Mundo».  Este casal de costeletas agregou cerca de duas centenas de afilhados, parte de um filme que se estendeu pela cidade (Junta de Freguesia, Sporting Olhanense de que era o sócio nº 1 e outros) e pelo Mundo (Elos Clube e jornalismo e cultura). 
            Autor de vários livros de poesia publicados o saudoso extinto foi senhor de uma «vida enormemente vivida» e elevado motivo de orgulho para todos os costeletas.
               Á nossa querida amiga (das grandes que na vida hemos), D. Maria da Conceição Pires, a nossa solidária expressão de profundo pesar.
                                                       JOÃO LEAL

«LIVROS QUE AO ALGARVE IMPORTAM»



CARDEAL 
D. JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA

         Veio recentemente a lume mais um excelente livro dessa notável figura da intelectualidade portuguesa contemporânea, que é o Cardeal D. José Tolentino Mendonça. natural da Madeira e que, em Roma, desempenha, as elevadas funções de Director da Biblioteca do Vaticano e do Arquivo Secreto da Igreja Católica. Chama-se «O que é amor um País - O poder da Esperança». Começa com a alocução proferida aquando das comemorações do «10 de Junho», a cuja Comissão Nacional presidiu e inclui um conjunto de textos de elevado valor, entre os quais destacamos: «Honra os teus velhos» e que passamos a transcrever:
         «Precisamos de nos reconciliar com a velhice. É um erro grosseiro representar os velhos como um peso: experimentam-no quotidianamente as famílias que sem a colaboração dos avós não saberiam como conjugar as vidas profissionais com a vida familiar; sabem-no as crianças e os jovens que nos mais velhos encontram disponível um bem que mais ninguém lhes oferece com aquela gratuidade: tempo; constatam-no todos os espaços de convivência humana que dos velhos recebem testemunhos de sabedoria, afecto e resiliência pois eles felizmente têm olhos para aquilo que mais ninguém vê. O antiquíssimo livro do Levítico (19:32) recorda-nos este imperativo de futuro: «Ficarás de pé diante do que tem cabelos brancos; honrarás o rosto de quem é ancião».

                                                                                  JOÃO LEAL