sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL


MOTO CLUBE DE FARO,

A CAMINHO DOS QUARENTA


                   No dia (5 de Fevereiro) em que escrevo esta crónica, uma tarefa semanal assumida que já lá vão mais de 60 ano procurando sempre e sempre,  esta querida «Faro, Terra Mãe», onde tive o honroso ensejo de nascer, completa o 39º aniversário da sua «devida legalização» o mediático Moto Clube de Faro.

                    Invade-nos um sentimento de felicitações pela notável acção desenvolvida ao longo de quase quatro décadas em prol, não apenas do concelho e da região, mas de todo o País. É que os motociclistas farenses, capitaneados pelo «sempre Presidente» José Amaro, um farense total, dos «bicos dos pés ao mais alto pêlo da cabeça», que mais não tem para o ser, realizaram uma obra de rara notabilidade, criando, com esforço, determinação e querer, «o maior clube da Europa». Nesta dimensão europeia importa referir, quantas vezes o temos feito, fizeram da «Concentração Internacional de Faro», sempre vivida no Vale das Almas («o nosso chão sagrado») a nº 1 do continente europeu.

                        Bastava citar este fraterno encontro, em Julho de cada ano, de mais de duas dezenas de milhar de motociclistas vindos de todo o Mundo até á capital algarvia, com todas as consequências daí advindas (turísticas, económicas, solidárias, animativas, desportivas, etc.) para prestarmos o merecido tributo da nossa sincera e justificada admiração pelo Moto Clube de Faro. No ano transacto (2020) não aconteceu, por via da pandemia que, criminosamente, nos ataca, aquela que seria mais uma das trinta e muitas concentrações aqui celebradas. Mas elas hão-de voltar, não o prevemos quando, mas sabemos da fibra desta gente única e do seu «comandante Zé Amaro».

                          Para além desta manifestação única e um dos cartazes maiores da terra algarvia, recordamos apenas algumas das muitas realizações do clube, hoje aniversariante, entre as quais: o contributo permanente para a solidariedade (caso das «panelas de sopa» servidas semanalmente aos utentes da Refood; o «Natal na Cidade e zonas rurais» com centenas de motards feitos Pai Natal; aquela «guarda de honra» inesquecível à equipa do Sporting Clube Farense na final e finalíssima da «Taça de Portugal» até ao Estádio Nacional (Lisboa); as suas modelares instalações sociais na Avenida Cidade de Hayward, que são orgulho de Faro e tanto mais que os leitores conhecem e connosco recordam num hino de louvor a esta Instituição.

                               Mas mais do que essa lembrança - memória a assumida certeza, por tudo aquilo que sabemos e muito o é dos «motoqueiros farenses» que novos e constantes serviços a Faro e ao Algarve vão continuadamente a serem prestados pelo «nosso» Moto Clube. 


LIVROS QUE AO ALGARVE IMPORTAM



                     «60 ANOS AO SERVIÇO DO TURISMO»


               As seis décadas de relevante existência da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa (EHTL), inaugurada a 10 de Dezembro de 1958, constituem o tema do excelente livro, vindo a público naquela efeméride e editado pelo «Turismo de Portugal». Com excelente formação gráfica e um vasto conjunto de fotografias «foi escrito por todas as pessoas que pretendem conhecer melhor a EHTL, e por todas aquelas a quem a passagem pela Escola marcou indelevelmente as suas vidas». Reveste-se ainda da curiosidade de em cada página assinalar os factos mundiais convergentes com a vida escolar. Mas para nós, gente do Algarve, uma região onde a actividade mais relevante é o turismo, esta obra importa ainda não apenas no importante papel que, para o sector, representa a formação profissional, mas a presença na mesma de muitos e qualificados profissionais, alguns dos quais atingiram destacado papel no turismo português. Entre eles queremos assinalar, de modo próprio, os farenses Joaquim Manuel Bentes Aboim e Hélder Amaro Rodrigues. O primeiro foi aluno destacado entre os que frequentaram o primeiro curso ali ministrado e, mais tarde, o primeiro director da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve. Esta foi frequentada pelo segundo, que bateu o «record» da direcção das Escolas de Hotelaria e Turismo. Foi-o no Pólo do Estoril da EHTL e depois da própria sede, onde se manteve 22 anos, assumindo também, em simultâneo ou em funções próprias esse papel nas Escolas ou Pólos de Setúbal, Évora, Faro, Portimão e Vila Real de Santo António.

         O livro «Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa - 60 anos ao serviço do Turismo» é fundamental em qualquer biblioteca vocacionada para este sector.


                                                                           JOÃO LEAL   


CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



         RODRIGO, UM FARENSE DA «RIBEIRA»


          Sempre o conhecemos e toda a vida o houvemos no nosso universo, com aquele sorriso travesso, uma postura fraterna e um decidido viver para a fraternidade. Jovem sempre atravessou a vida com o mesmo ADN e, mesmo que agora esta maldita pandemia o levou após mais de sete décadas, acreditamos o tenha feito, a acreditar na vida, nos outros e no seu farensismo de sempre, vivido e cultivado.

          Rodrigo Carapucinha de Matos, nascido e vivido aqui no mediático e querido Bairro da Ribeira (a «Rebêra», moce), na sua Rua da Cruz e um pé na Rua da Barqueta que, com a Miguel Bombarda (onde nascemos) e a Gil Eanes (no vulgo, da Parreira) desaguam na Avenida da República, que o foi da Rainha D. Amélia. Era um homem bom (haverá rapazes maus no meu bairro natal?), discreto e amigo, que foi aluno da Escola Tomás Cabreira, «costeleta» portanto), jogador de futebol do Sporting Clube Farense, com chamada à Selecção de Juniores, então orientada pelo jornalista David Sequerra, tentado pelo outro Sporting, o de Lisboa, mas de retorno porque, mérito não lhe faltava, as saudades da terra eram muitas. Dedicado dirigente serviu com empenho os leões de Faro, tal como velejador (quem será o moço da Ribeira que não andou nas águas da Ria?) se houve no Centro de Vela da M.P. e do Ginásio Clube Naval, de que seria, mais tarde, di-rector.

            O Rodrigo que o conhecemos durante décadas como um dos mais dedicados elementos da FIAAL e um daqueles que só conheceram uma camisola profissional na equipa de Aníbal Guerreiro (pai e filhos).

                O Rodrigo que é hoje uma saudosa lembrança e foi dos mais fiéis filhos de «Faro, Terra Mãe».