segunda-feira, 19 de abril de 2021

«LIVROS QUE AO ALGARVE IMPORTAM»

 




                  «VENTOS DO MAR E DO BASALTO»


                                                RUBEN SANTOS


                   É uma figura carismática do universo açoriano na nossa Região, pela sua dedicada e empenhada acção em prol da Terra Mãe, não apenas pela expressiva acção desenvolvida na Casa dos Açores no Algarve, de que foi um dos fundadores - Festas do Espírito Santo, Semana Açoriana, Conferências, etc., como em todo o Mundo, pelo seu relevante papel nos Congressos Mundiais das Casas dos Açores.

                   Ruben Santos, nascido nessa catedral do mar. do basalto e das hortênsias que é o Faial (4 de Outubro de 1943), na exuberância dessa Ilha do Faial, cidadão impoluto e honrado, amigo do seu amigo e de todos os amigos dos seus amigos, nasceu para cumprir esse sonho do «Torna Viagem». E o que queremos dizer com esta alusão? É que enquanto «as caravelas do Senhor Infante» saiam de Lagos para o fraterno abraço, desde os princípios do Mundo esperado, ele teceu a teia desse mesmo sonho cumprido.

                   É que, para além de tantas acções realizadas, Ruben Santos, «Cidadão do Mundo» (Europa, África e América) deu-nos agora o testemunho poético desse seu destino. «Ventos do Mar e do Basalto», um livro a rescender a poesia, impregnado inteirinho o cheiro a maresia vinda do Canal, às memórias e lembranças afectivas, aos postigos e porto Pim, aos telhados faialenses, ao luar ilhéu, aos campos e a terra fresca, aos currais da vinha, ao azul que embebeda e, esmagadoramente nos inunda, como neste poema-recado, escrito em Faro (2006), tal como muitos outros acontecidos aqui no Algarve: 

                                                        leva saudades à ilha

                                                         leva saudades ao mar

                 leva saudades aos meus 

                                                           leva saudades p,ra dar

                                                           a quem por mim perguntar


                                                           saudades

                                                           para lá se foram

                                                para aquele basalto tão meu


                                                            saudades 

                                                            de lá ficaram

                                                            e por cá me fiquei eu


              Fazendo parte dos «Cadernos do Meio Dia», de que é o número 159 (!), dirigidos pelo poeta Eng. Tito Olívio, também autor de vários destes livros, entre os quais o nº 1 desta colecção histórica para a literatura algarvia («Algures...Alguém»), tem prefácio deste mesmo escritor que nele afirma: «A poesia de Ruben Santos pertence à categoria de surrealista e é boa, por provocar emoção e, assim, este livro constitui uma boa e agradável forma de leitura. E que melhor lhe fazer e à sua pessoa, na arte, fraternidade, poesia a transbordar, do que renovar este seu «Ilha - Mãe":

                                                      A ilha, 

                                                      que é também mãe,

                                                       deu-me a vida,

                                                      amamentou-me,

                                                      com sorrisos embalou-me

                                                      e, entre beijos e abraços,

                                           dei com ela os primeiros passos.


                                                Com todo o amor que me deu,

                                                     minha alma á sua prendeu.


                                                  JOÃO LEAL


CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL

 

  • JUSTIFICANDO

                 É de toda a justiça, oportunidade, respeito e estima para com aquela meia dúzia de leitores fiéis e dedicados, apresentar esta actual justificação sobre o conteúdo, orientação e temática da sexagenária «Crónica de Faro». 

                  Bem diferente do estilo que lhe era peculiar - incisivo, concreto e reivindicativo, semana após semana, apresenta-se mais com um cunho generalista, bastas vezes evocativo e, não tantas como desejávamos, a apontar lacunas e faltas, carências e necessidades da capital sulina.

                   Várias são as razões que têm motivado esta alteração no estilo e na forma, a cuja responsabilidade não nos furtamos. A primeira prende-se com a idade atingida, já a ultrapassar as oito décadas atingidas com todos os desgastes e evoluções que daí advêm. Vem depois um longo e rico acumular de lembranças e memórias que sentimos o necessário ensejo de, antes da partida, as partilharmos evocando pessoas e factos. É assim como que a modos de uma homenagem aos anos vividos e a esta vida recheada que tivemos o grato ensejo de intervir ou ambos intervindo em nós mesmos. Acresce-se ainda e, de há dois anos a esta parte, o período que ficará na história do nosso tempo, como a «Crise da Covid 19» e que tem motivado, com todas as consequências daí advindas, o confinamento e a impossibilidade de um quotidiano contacto com as nossas realidades citadinas.

                         Estas são as verdadeiras, únicas e plausíveis razões do estilo e conteúdo da «Crónica de Faro», onde continuaremos a partilhar todo o incontido amor que temos a «Faro, Terra Mãe!».

João Leal


«LIVROS QUE AO ALGARVE IMPORTAM»



                          «AMOR NÚ»


                                                CASIMIRO DE BRITO


                   O consagrado poeta algarvio Casimiro de Brito, um dos mais mediáticos nomes da poesia portuguesa contemporânea, acaba de publicar mais um livro de poesia, «AMOR NÚ», mais uma pedra na construção do edifício poético, que já atingiu mais de meia centena de obras.

                    Natural de Loulé, Casimiro Cavaco Correia de Brito de seu nome completo, veio aos 10 anos para Faro ingressando na Escola Técnica Elementar Serpa Pinto e prosseguindo depois na Escola Industrial e Comercial de Tomás Cabreira.

                     Emigrou durante alguns anos para Londres e, no regresso, fez uma carreira bancária que o levou à aposentação como quadro superior do extinto Banco Pinto & Sotto Mayor. Tudo isto sempre a par com a poesia, iniciada com os «Cadernos do Meio Dia» e o seu «Poemas da Solidão Imperfeita».

                     Ora surgiu mais um livro do Casimiro de Brito na continuidade de uma obra que sendo sempre inovadora mantem as grandes linhas de conexão.


                                                         JOÃO LEAL


  •  AGRUPAMENTO ESCOLAR TOMÁS CABREIRA COM CLUBE CIÊNCIA VIVA


               Entre os 17 agrupamentos de escolas do Algarve que alcançaram a aprovação para terem «Clube de Ciência Viva» conta-se o «Tomás Cabreira». Deste modo a «nossa Escola», tal como a Professor Joaquim Magalhães e de São Luís tem acesso a uma linha de apoio do programa operacional CRESC Algarve 2000, que se concretiza numa «rede dotada de melhores condições para promover o ensino experimental das ciências».

João Leal


  •  Crónicas do rés-do-chão 


Na minha rua há um café. Na realidade não há só um... há uns quantos, que os negócios aqui não se querem sozinhos. Se abre um café, logo abrem mais dois ou três. Se abre um cabeleireiro, já se sabe o que vai acontecer. Mais recentemente abriu a primeira Wine Shop... 🤔...  a primeira...

Na minha rua há um café. Mesmo do outro lado da minha janela. Ali "o bicho" não entra, pois quem lá está leva o dia a matá-lo. Às dez entra o cálice de porto (assim mesmo com letra minúscula), logo a seguir vem o café com cheirinho - quase o sinto daqui; lá pelo meio-dia prepara-se o repasto e para abrir o apetite nada melhor que uma "min" - bebida pela garrafa, que é como ela sabe bem (digo eu, que não sou apreciadora de cevada fermentada), depois do almoço mais um cheirinho e entre um copo e outro lá se passa a tarde na esplanada em que os copos vazios de imperial se acumulam nas mesas que, agora, regressaram à rua.

Máscaras? Entre um gole e um cigarro não há tempo para isso. Fica pendurada a servir de adereço. I'm sexy and I know it!

Adereços à parte...

Na minha rua há um café. Não fosse a rua larga, para o género de rua que é, e quase poderia meter o bedelho nas conversas sem ter de levantar a voz além do sussurro. Ahhh, sussurrar... Como eu gostava que eles soubessem o que isso é - ou pelo menos falar mais baixo. Depois do almoço os decibéis já estão mais elevados - são os efeitos secundários da vacina que ali se toma diariamente.

Na minha rua há um café. E eu seria mais feliz sem a sua existência. Sorry. Not sorry. 🤷🏻‍♀️

Margarida Vargues