sábado, 24 de julho de 2021

 Crónicas do rés do chão


Nem o calor os demove. Qual mobília de esplanada, todos os dias exposta e todas as noites recolhida, também os rabos que a frequentam se movem ao mesmo ritmo.

E são sempre os mesmos. Se, ao menos, variassem, uma pessoa até alegava as vistas, mas não... Bem, também não me perguntem sobre a qualidade - ou falta dela - pois apenas lhes oiço as vozes. As vozes dos seus proprietários, não dos rabos em si! 

Já as conheço. Um dia destes ainda tenho pesadelos com elas... Por vezes tenho a sensação de que ali estão colados, 24 sobre 24.

Ha quem envergue fardas de um suposto emprego. Chega por volta das 10h, quase duas horas depois de me ter sentado à secretária. Mesmo que não veja a criatura, oiço-a, afinal estou mesmo do outro lado da rua, o que não é condição, pois desconfio que o seu timbre chegue a Olhão...

Pede uma "mine" - esta malta é rija, começa cedo. Pelo arrastar do plástico na calçada, senta-se. Afofado o rabo está pronta para mais um dia duro. De repente, oiço a criatura soltar um... (não, não foi um gás!): Eu não tenho a tua vida! Estás aqui de papo para o ar...

Really??? #justsaying


Margarida Vargues