sexta-feira, 8 de outubro de 2021

 NOTÍCIAS DO TURISMO ALGARVIO


                    No passado mês de Setembro a taxa de ocupação média global quarto nos estabelecimentos hoteleiros algarvio situou-se nos 64,1%, registando uma subida em relação a idêntico mês de 2020 de 33,8%. O mercado interno teve um aumento de 55,1%.

                 Continua o retorno dos navios de cruzeiros ao porto de Portimão. Pela 1ª vez, vindo de Lisboa e com destino a Sevilha, ali escalou o «Le Jacques Cartier», com 184 turistas franceses. Em nome da ATP (Associação de Turismo de Portimão) o conhecido homem de turismo e de Rotary, José Casimiro, fez entrega ao Comandante do «Le Jacques Cartier» de várias lembranças regionais. Novas escalas estão previstas para 22 de Outubro (6ª feira) com os navios «Royal Clipper» e «Silver Spirit».

                O antigo Hotel Globo, em Portimão, ora denominado «WHE Hotel», que sofreu importantes obras de restauro e beneficiação, explorado pela 'Carthage Hotels», entre as quais um «rooftop» com vista sobre o Rio Arade, é considerado «um hotel para a geração de milleniads».

                  Decorreu, entre 13 e 15 de Outubro, no Hotel Nau São Rafael, em Albufeira, o V Congresso Luso - Brasileiro de Auditores Fiscais.

                  Na última edição da «ANAGA», considerada uma das maiores feiras mundiais de alimentação, que teve lugar em Colónia (Alemanha) marcou presença a Empresa das Águas de Monchique, detentora de um produto que é um valioso símbolo do Algarve.

              Vai decorrer, entre 10 e 12 de Novembro, no «Nau Palace Salgados», em Albufeira o 32º Congresso Nacional de Hotelaria e Turismo, para o qual se encontram abertas as inscrições e que terá como tema: «O turismo tem futuro».

            «Azeitona e ervas aromáticas - seu potencial enquanto recursos turísticos», foi o tema de uma iniciativa da Câmara Municipal de Loulé, que decorreu em Alte e que comportou não apenas um passeio pedestre de 4,5 klms. para reconhecimento do fruto e plantas, como da apanha dos mesmos.


                                                    JOÃO LEAL


CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL


              O SR. SIMÕES, «ALFARRABISTA»

        Pequenote, tal como eu, sempre de bata cinzenta, que os livros seus companheiros deitam pó, boina basca com carapito na cabeça, eis a traços largos o retrato visual do Sr. Simões, «alfarrabista», um beirão a quem a cultura, a ciência e a educação em terras algarvias, muito devem numa dívida cujo incomensurável valor nunca foi devidamente ponderada.

            Carlos das Neves Simões, de 79 anos, nasceu em Nogueira do Cravo, aldeia do concelho de Oliveira do Hospital. Veio com a família, em boa hora assinale-se, para o Algarve, em meados da década de 60 do século passado. O motivo a abertura da Delegação de uma empresa de máquinas de escrever. Veio e por cá, repito para bem de todos nós, por cá ficou e está.

                É mais um dos muitos casos de «farenses que não nasceram em Faro», mas que amam, vivem e servem esta terra. Facto aliás reconhecido pelo Município que em 7 de Setembro de2013 lhe conferiu a «Medalha de Mérito - Grau Ouro», na gratidão de todos os farenses, que se tem ficado mais por estes e outros gestos da sociedade civil, que não no apoio concreto que este homem de bem, interventivo (recorda-se a «Feira do Livro», por exemplo) e servidor, bem merecia, repito e perdoe-se-me a redundância, «para bem de todos».

                    Corria o ano de 1982 quando teve o gesto audaz de abrir a sua livraria alfarrabista, o que constituiu, desde logo, um poderoso auxiliar para a elaboração dos trabalhos académicos, a quantos frequentavam a concretizada Universidade, após décadas de insólita espera de que só a nossa gente é capaz. Vide o caso do «verdadeiro e necessário Hospital...».

                      Começou então uma obreira aventura e formando a que era a única «loja de alfarrabista», que alcançando os 8 metros de estantes com livros de e sobre o Algarve, numa área superior aos 120 m2, se firmava e afirmava. «Foi grande de mais para esta Região do País...», confessa-nos com um laivo irónico - triste, sem deixar de expressar na proeminência de uma desnecessária justificação - «Acredito que a melhor ferramenta que a Humanidade tem, nos dias de hoje, são os livros...».

                       Anos volvidos (28 de Julho de 2015) recebeu ordem de despejo da loja ali na Rua do Alportel, que era um dos mais activos centros da cultura e do saber da nossa região. Tempos passados e cumpridas as formalidades legais encerrou (2017) com um impacto que correu o País inteiro. É que o Sr. Simões alfarrabista e livreiro que tanto dera de si deu a quem o quisesse muitas centenas de milhares de livros. Muitos o quiseram e os levaram. Naquela manhã de um Sábado Estival, contando com a valiosa colaboração da APOS (Associação para a Valorização do Património Cultural e Ambiental de Olhão), duas horas bastaram para esvaziar as estantes e concretizava-se este acto do mais puro mecenato. 

              Hoje, em instalações na Praça Vieira Branco, todos os dias e às 3ªs e 6ªs feiras nas Arcadas da Praça da Liberdade (Pontinha) o «farense» Sr. Simões, um operário da cultura, continua de banca exposta a oferecer «à cidade e ao mundo» os seus preciosos livros.

                   Um testemunho único!


CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



                   «PLATIBANDAS»


                Constituem uma identidade arquitectónica da terra algarvia. A platibanda, segundo a «infopédia» (dicionários Porto Editora» é «o prolongamento vertical da parede da casa, que assenta a cornija», sendo esta «uma faixa horizontal que se destaca na parede com a finalidade de centrar as nervuras nela empregadas». Todos os algarvios conhecem e reconhecem as platibandas da sua terra, o Algarve, onde segundo o artista e conhecido fotógrafo portimonense Filipe da Palma estão «presentes em todo o litoral algarvio, com especial incidência no litoral fimbrio e estendendo-se para o Norte, abrangendo as terras ricas do barrocal».

                 Julga-se que hajam surgido nos princípios do século passado e «não há dois exemplares iguais». Ainda segundo aquele consagrado artista, que delas fez um exaustivo e belo inventário, de sobremodo no livro «Platibandas do Algarve», com textos de Miguel Reimão Costa, Pedro Prista, José Eduardo Horta Correia e Alexandre Tojal e prefácio de Guilherme de Oliveira Martins, onde se reproduzem mais de 160 exemplares, «marcam a paisagem de forma indelével».

                    A sua função residual utilitária era «ocultar a calha para escoamento das águas pluviais. A sua concepção era múltipla e variada - «coloridas e de multi - formas com motivos Art Déco, Naif, padrões geométricos simples, significados esotéricos e ornatos barrocos».

                    Este ADN da casa algarvia ainda existe em muitos e bem conservados exemplares na cidade de Faro, não obstante o desaparecimento de centenas de platibandas, de modo próprio porque o sendo em casas térreas a construção de prédios com vários pisos assim, infelizmente o motivou.

                     Para que não venha a acontecer a curto prazo o que se passou também com as tradicionais e mouriscas portas e janelas de reixas, que tanta frescura davam às casas e hoje quase não existem, sugere-se às autarquias Município e União de Freguesias de Faro (Sé /São Pedro) que se faça um inventário das platibandas ainda existentes na capital sulina.