quarta-feira, 12 de março de 2008

AOS COSTELETAS ZÉ e JOÃO PINTO FARIA

(
(a um homem bom também se oferece uma f lor)
FIGURAS NEXENSES

CULTURA POPULAR; O PAI DA MALTA.
O Pai da Malta, foi uma pessoa de grande prestígio e respeito em SANTA BÁRBARA de NEXE.

Numa altura em que a força era um cartão de visita importante, o mais forte de todos era o PAI DA MALTA Trago aqui esta história para homenagear através da sua pessoa, a cultura popular. E porque o PAI DA MALTA é o PAI, já falecido, dos costeletas Engºs Zé Pinto Faria e João Pinto Faria, ambos jogadores de futebol da equipa da Escola..

E agora, a história do PAI da MALTA

Quando ouvi falar dele pela primeira vez, fiquei muito entusiasmado em conhecer pormenores da sua vida, o que é que tinha feito de especial, quem era, de aonde vinha e coisas assim.
Quem me falou dele foram os meus tios José Bárbara e António Bárbara, filhos da ti Ermelinda, os “latinhas”, como lhes chamavam aí em Santa Bárbara de Nexe. Parece-me que o meu tio Zé e os filhos do Pai da Malta são compadres e que estes ainda se encontram no mundo dos vivos.

A história que vou contar a seguir, foi-me contada pelo meu tio Manuel Domingos, cunhado do Zé e do António. Disseram-me que era verdade. Vai portanto ser publicada e parece que foi assim que as coisas se passaram.

Não conheci o chefe. O meu tio Manuel Domingues da Falfosa é que me falava dele. Ele era o mais forte de todos e por isso era o Pai... da Malta, dizia o meu tio.
Em tempos que já lá vão, meados do século passado e até mais tarde, a força física tinha uma certa influência no poderio dos povos e das pessoas. Nas aldeias e sítios, principalmente, havia sempre um, às vezes dois que, a dar porrada, eram campeões.
Na minha terra, os Braciais, era o Vasco, que fazia gáudio em apresentar serviço.
Uma vez, apareceu lá na Sociedade Recreativa a dar saltos em prancha, óh homem do diabo, aquilo ninguém se metesse com ele, tinha músculo o homem. Famoso desses tempos que também não conheci, era o Joaquim Caco da Xaveca.
Disseram-me que uma vez, na feira da Malveira, ele e outro pegaram um touro de cernelha... e saíram em ombros.

Em Santa Bárbara de Nexe, a terra do meu Pai, o homem mais forte de todos era o Pai da Malta.
Uma vez, foram a Bordeira à Sociedade Recreativa e aquilo foi o diabo. Parece que foi o Pai da Malta, segundo me disseram, que organizou o serviço.
Juntaram-se uma noite, ele e os outros, no Rossio da aldeia. Sentaram-se no banco que ainda hoje lá está, ao lado da cadeia e combinaram ir dar porrada aos de Bordeira.
Naquele tempo as rivalidades entre aldeias e sítios era de temer. Santa Bárbara de Nexe e Bordeira, tinham uma coisa em comum; eram bons a trabalhar a pedra na arte de “canteiros”. E isso tornava-os inimigos.
Havia também bons canteiros em Ferreiras de Albufeira, o Chapéu de Ferro era um deles, o Zé Abel outro e ainda o velho João Custódio, todos eles grandes artistas.

Na noite aprazada, a malta encontrou-se no Rossio. E foi montada a táctica: a ordem era, vamos partir aquilo tudo. E assim se fez. Eram aí uns dez ou doze e a missão principal coube ao meu tio Domingos que, com um cacete na mão, deveria partir os vidros dos candeeiros que davam iluminação no salão de baile. E depois porrada para cima deles. E lá foram.

Chegaram ao baile eram aí umas onze horas da noite. Estava ao rubro. O nosso Pai da Malta era o comandante da operação.
Estava tudo preparado e correu tudo bem. À entrada para o salão, o Pai, deu voz de comando e disse para a turma:- vamos a eles malta, agora ou nunca mais. E passaram a porta de entrada a galope.
O meu tio Domingos, dirigiu-se logo para o palco e com o cacete na mão, deu umas porradas nas chaminés dos candeeiros a petróleo e ficou tudo às escuras. O mulherio gritava em sinal de desespero.
O Manuel Quintas dos Agostos, quando se apagou a luz, tropeçou num rapazito de dezoito anos e caiu. Levantou-se danado e, pegando-lhe pelos pés, fez dele uma vara e, rodopiando sobre si e às escuras, deitou aí uns dez ou doze abaixo. A refrega durou aí uns dez minutos ... de terror, disse-me o meu tio Domingos. Foi do piorio.

Quando viram o caso mal parado desapareceram todos e as tropas reuniram já fora da aldeia, debaixo das abas da alfarrobeira grande.

Chegaram a casa às quatro da manhã. E às sete iam para os campos para a lavoura. Gente valente esta.... Hoje já não há disso.

Homens fortes, onde estais...

João Brito Sousa

QUESTÕES SOCIAIS

(o trabalho braçal)

CAROS COSTELETAS,

Entendemos que os assuntos a tratar no blogue, não devem ser apenas do âmbito das recordações, mas que devem sair um pouco delas e abordar alguns assuntos sociais julgados de interesse.


Como o que aqui trazemos e aborda,

O EMPREGO, HOJE

A relação empregadores “versus” empregados, está hoje, na minha opinião, a deteriorar-se. Há licenciados em excesso porque os cursos não respondem às necessidades e exigências do País. No fundo, com as políticas implementadas por este Governo de Sócrates não se sabe o que é que o País quer, ou o que é que o Pais tem para oferecer. Porquê, isto? Simplesmente porque o Governo prometeu fazer uma coisa e depois apresentou-se no terreno a fazer outra.

Nas reformas que o Governo está a levar a cabo, privilegia-se a informática, com a aquisição de computadores por todas as escolas. Ora, este indicador, faria supor que o mercado estaria carenciado de informáticos, mas parece que não. Há informáticos desempregados ou a exercer outras profissões que não a de informáticos. Porque aqui é que está o ponto; não há um estudo a informar os alunos quais são as áreas carenciadas. No meu tempo também não havia, mas nós conhecíamos as tendências do mercado consultando os jornais da especialidade. E era essas faculdades que nós frequentávamos. E deu certo.

Hoje, o que se pede nos jornais através de anúncios, são ofertas de trabalho no ramo comercial, para delegados de vendas, que não têm salário fixo, andam de porta em porta e ganham à comissão, com a agravante de serem trabalhos precários, cuja duração normalmente é curta. De tal modo é assim, que às vezes, não se chega a começar o trabalho, porque a perspectiva de futuro não é nenhuma e é mais rentável não mudar, porque pode perder-se um emprego que , não parecendo ainda vale a pena.

Entretanto, as políticas do governo vão na direcção de despedir os funcionários públicos e algumas empresas privadas também já despediram algumas centenas. E criação de postos de trabalho, visíveis e adequados, não se vislumbra. Numa perspectiva linear, esse facto não acontece porque não há investimento. Então o que fazer? É um facto que as empresas precisarão sempre de mão de obra especializada e não especializada e, deveria haver, uma colaboração mais estreita entre o tecido empresarial, representante do patronato e os Sindicatos, por exemplo, para que dessa cooperação surgissem hipóteses de criação dos postos de trabalho que os jovens de hoje necessitam.

Uma das soluções para a criação de emprego, poderia ser resultante da aplicação de medidas fiscais que beneficiassem as entidades empregadoras e pudessem ser um estímulo para elas, no sentido em que poderiam criar outras áreas de negócio, criando assim novos postos de trabalho. O desemprego é um flagelo a que os Governos dos respectivos Países deveriam dar toda a atenção, o que parece não ser o caso do Governo Português. Ou será?..

Têm a palavra os meus ilustres convidados.

João Brito Sousa

ONDE É QUE PARA O ZARALHO?

(a jogatana era aqui neste largo)

A VINGANÇA DO ZARALHO
Por Manuel dos Santos Ruivo

É um excelente texto este do Manuel dos Santos Ruivo. Por isso o trago ao vosso conhecimento.. É natural que já a conheçam, porque está no livro “NAQUELE TEMPO” da AAAETC.

Aí vai.

“O comboio chegava a Faro um pouco antes das oito horas e do Sotavento trazia desde Vila Real de Santo António, além de muitos outros passageiros, os alunos do Liceu João de Deus e da Escola Tomaz Cabreira

Deixava a maior parte dos alunos ali no apeadeiro de S. Francisco, que tinha duas escadas deitadas para o largo, por onde desciam, em molho, rapazes e raparigas que se espalhavam em grupos.

Os do Liceu, dirigiam-se a uma saída, perto do quartel junto à Igreja de S Francisco, e os outros mais dispersos, como os da Escola, que faziam tempo, ou nos cafés ou passeando pelo mercado ou jogando à bola no Largo da Sé, que as aulas só começavam às nove. horas.

Lá por vezes no Largo de S. Francisco, ao descer do comboio, ajustavam-se contas de zangas atrasadas ou começadas mesmo durante aquela viagem. Mas tudo se sanava com mais ou menos gritaria e alguns socos ou pontapés. Passados um dia ou dois aquilo voltava à normal camaradagem

Muitos de Olhão iam, para ficar mais soltos e leves, guardar as pastas, livros e outras coisas, numa casota junto a um grande armazém, onde o Ti Coelhinho fazia ginástica aplicada.

Num certo dia de manhã, na espera das 9 horas para entrar nas aulas de oficina do Mestre Roque, estávamos nós numa grande jogatana no Largo da Sé e na baliza, marcada por pedras no chão, estava um moço de Tavira a quem chamávamos o ZARALHO

Por esta altura, na rua da Porta Nova, um polícia muito dissimulado, colocou a cesta do almoço ao canto da parede do Seminário com esta rua e começou a andar, ao longo da parede, em direcção à malta, porque os polícias não queriam que se jogasse à bola no Largo

Com a loucura da bola ninguém deu pelo polícia, que, apanhando o guarda redes Zaralho de costas, arreou-lhe tal estalaço que o rapaz tombou no chão. O rapaz levanta-se num ápice e foge que nem uma lebre, e os outros fizeram o mesmo e o polícia não apanhou nenhum aluno.

O polícia tinha aquela mania de deixar a cesta ao canto da rua e ir caçar a malta, que queria lá saber, continuava a jogar..

Entretanto o Zaralho continuava com a recordação da estalada do polícia no cachaço.

Não estava certo; o polícia estava a ganhar por um a zero.

O Zaralho nunca mais jogou á baliza nem em lado nenhum. Apenas estava concentrado no canto do Seminário com a rua da Porta Nova. Ó cesta, onde estais.. se te apanho...dizia ele..

E num certo dia, a cesta do polícia estava lá, porque o agente ia caçar os moços que jogavam à bola no Largo e deixava ali aquele utensílio.

Enquanto o polícia foi á caça da rapaziada, o Zaralho passou sorrateiramente encostado `a parede da venda da espanhola e, já com a cesta á vista, acelera a corrida e aplica um biqueiraço em cheio na cesta do polícia, que esta deu duas voltas no ar, despejando tudo o que tinha dentro e em rápida corrida desapareceu pela rua da Porta Nova. .

O polícia ouviu o barulho, larga a caça aos moços, corre direito à cesta e ao ver a loiça toda escramalhada pelo chão, exclamou num grito: Ah malandro que me partiste o prato que era da colecção da minha mulher.!...

Onde é que parará o ZARALHO? Queremo-lo no almoço de 8 de Junho, sem falta.

Viva o revolucionário Zaralho.

Publicação de
João brito Sousa

QUEM SE LEMBRA DELE?

cantor@vitorsilva..web.pt

VITOR SILVA

Andou na Escola connosco este costeleta de 64 anos e natural de Faro.
Era companheiro inseparável dos manos Octávio e António, dois gémeos que ganharam o prémio do gaz cidla, “uma chama viva onde quer que viva”.

Desde muito novo que se revelou no campo da música começandou a actuar muito cedo em festas. Uma vez fui com ele a um baile a Portimão e ele actuou lá e cantou aquela , el professor... se encuentra aqui... parece que era um bolero...

Soube dele através do jornal a Avezinha, para onde escrevo umas crónicas e a quem deu uma entrevista de uma página inteira, onde fala de muita coisa.

Diz que é mais conhecido fora de portas e é verdade que o País, excepção feita ao ALGARVE , pouco tem ouvido falar dele. Os nossos órgãos de comunicação social preferem promover os artistas brasileiros que ninguém sabe quem são.

Durante quinze anos organizou o Festival da Canção do Sul que abandonou em 2006.

Recentemente começou a organizar o Concurso de fados do Concelho de Faro. No final de 2007 esteve no Brasil e na Argentina a fazer espectáculos onde fez alguns contactos interessantes. E numa loja em Buenos Aires tinha CD´s seus à venda a lado dos trabalhos de Ana Moura e Mariza.
Como artista diz que não se sente mal amado no Algarve, mas admite que na “região, o que vem de fora é que é bom “

Força Vitor Silva

Texto retirado
Da AVEZINHA

Publicação de
João Brito Sousa