terça-feira, 22 de abril de 2008

COSTELETAS, PRESENTE


AMA A TERRA
HOJE, DIA DA TERRA...

Sabias ó Terra, que hoje é o teu dia?...
Não te esqueças e defende os valores
Da honradez e da tua soberania....
E não vás na conversa desses senhores.

Não te deixes queimar nem roubar... não!
Gere as coisas bem e serás boa para nós.
Não vais na onda da malta da construção
Porque qualquer dia ficamos ambos sós.

E tu que ainda hoje és forte e competente
Faz tudo por tudo para seres amiga da gente
E segue o caminho que tens seguido até aqui.

Gere os recursos da melhor maneira possível
Porque nós apenas podemos fazer o impossível
Porque a nossa existência depende sempre de ti

João Brito Sousa

EXPLICADORES DOS COSTELETAS

(sala de explicações)

A CIDADE E OS COSTELETAS

1- EXPLICADORES

1.1 - JORGE PRIMITIVO.

Especialidade: Cálculo Comercial e Contabilidade
Para o problema das Ligas de metais, preços de cafés e coisas assim o explicador tinha coisas interessantes. Descobriu uma fórmula que nunca falhava. O explicador utilizava um ponteiro para iluminar as cabeças.
Explicandos: eu, o Viegas, o Zeca Nobre, o Zé Vitorino Neves do Arco, Jorge Tavares, o Marquês de Salir, Lourinho, Firmino Cabrita, Alberto Rocha.
1.2 – Senhor SANTOS.
O seu nome correcto era Santo e não Santos, como normalmente se dizia.
Deu explicações a quase meia cidade nas mais variadas matérias.. Durante muitos anos o casal Santo era presença infalível na Baixa. Nos cafés e no tempo em que havia ainda poucos turistas, o Sr. Santo procurava estabelecer contactos com os estrangeiros para ginasticar o seu vasto conhecimento da língua inglesa que cultivara na América.
Posteriormente, já viúvo, a sua presença passa a verificar-se com idêntica regularidade na esplanada a meio da Rua de Santo António.
1.3 Prof. FERRADEIRA
Considerado um bom professor tem o seu nome ligado a uma das artérias da cidade. Dava explicações sobretudo na preparação dos alunos para a admissão ao Magistério Primário..
1.4 Prof GIL
Explicava matemática aos alunos do sétimo ano do Liceu.
1.5 – OUTROS

Menina Ana Porfírio, na estrada de Olhão junto ao Posto da Polícia de Viação e Trânsito.
Menina Maria Gonçalves no cmeço d arua Aboim Ascensão
Joaquim Explicador (Joaquim Marto), na estrada de S.Brás junto ao Montinho.

Texto de
João Brito Sousa

CRÓNICA DE UM COSTELETA


O ESTÁGIO
por Jorge Tavares

A propósito do texto sobre o Miguel Tavares, e a forma como foi caracterizada a disciplina (burguesa) versus a ascensão (proletária) -foi esta a minha interpretação- conto-vos uma pequena história:

Findos os estudos e iniciando a actividade profissional , no princípio da década de sessenta, rápidamente nos apercebíamos de que a nossa aprendizagem prática teria de passar por estágios.

Como e aonde poderíamos obtê-los?

1 - Trabalhando gratuitamente com os melhores. Pela minha parte, fui durante um ano auxiliar e sem retribuição (por minha sugestão) e fora do período normal de trabalho, do grande mestre da contabilidade e fiscalidade Sr. Napoleão Leiria, que era o chefe de escritório e guarda-livros da empresa Neves Pires em Faro;

2- Frequentando os meios empresariais, cujo centro nevrálgico, era o Café Aliança. Pela minha parte e durante muitos meses (muito mais do que um ano), no periodo compreendido entre as 14 e 15 horas, com excepção das quartas-feiras e sábados, que era entre as 14 e as 17 horas, sentei-me à mesa do café com homens de negócios, tais como: Amadeu Mendonça André, José Viegas Jacinto, João Manuel Viegas, Teófilo Fontainhas Neto, Ramiro da Graça Cabrita, Daniel J. Pedro Pinto, Teodoro Gonçalves Silva, João e José Louro, José Barbara, entre outros, sem abrir a boca para emitir qualquer opinião, atendendo à minha juventude. Quando me foi permitido opinar tinha de o fazer com muito cuidado, para que alguma asneira, na opinião dos sábios, não prejudicasse a "abertura" que me havia sido dada.

Esta história real identifica as relações existentes entre os jovens e os mais idosos, independentemente do seu extrato social, a sua intelectualidade e sua ou vocação política.

Nota de Rodapé- O empresário Teodoro Gonçalves Silva era o pai do Presidente da Republica.



E olha lá Jorge,

O senhor José Viegas Jacinto não será pai de um costeleta, muito amigo do Pepe?

E o senhor João Manuel Viegas não será o pai do Jacinto, João Gonçalves Viegas

E o senhor José Bárbara não será o esposo da Drª Florinda ?

JOÃO BRITO SOUSA.

À CONVERSA COM O COSTELETA

(foto reirada do site http://www.olhão.web.pt)


Prof. DIAMANTINO PILOTO

Notabilizou-se pela cultura, sobretudo como escritor e músico, e um grande amor por Olhão.

Nasceu apenas remediado - o pai era soldador numa fábrica de conservas e mais tarde passou a carteiro, sendo a mãe costureira -, em Tavira no dia 24 de Maio de 1922, e falece em Olhão a 7 de Março de 2000.

Logo aos 6 meses passa a residir em Olhão onde fez a instrução primária. O pai era um homem pouco instruído mas esclarecido, tendo sempre estimulado o filho a prosseguir os estudos, mas o jovem Diamantino quis começar logo a trabalhar aprendendo o ofício de serralheiro. Mais tarde o pai convence-o a estudar em casa, com a sua ajuda, e propor-se a exame.

O pai, apesar de apenas ter a 4ª classe, estuda com o filho e este passa o exame do então 1º Ciclo (actual 6º Ano). Diamantino Piloto passa a dedicar-se em pleno ao estudo mas quando já estava quase no 5º Ano (actual 9ª Ano) prefere mudar para o curso industrial. Mais tarde termina o curso de Engenheiro -Técnico Electromecânico no Instituto Industrial de Lisboa.

Trabalhou então como professor nas Escolas Técnicas de Faro e de Olhão, foi funcionário da Inspecção Geral dos Produtos Agrícolas e Industriais, da Federação dos Municípios do Distrito de Faro e depois na Electricidade de Portugal.

Dedicou-se com mestria à guitarra clássica, e foi professor deste instrumento no Conservatório Regional de Faro durante 11 anos. Em conjunto com alguns olhanenses virtuosos na guitarra clássica (Jónatas da Silva, Adriano Baptista, João Alberto, mais conhecido pelo Pad Zé) participou em muitos concertos e guitarradas e ainda promoveu uma série de quatro concertos de guitarra clássica com o seu mestre Duarte Costa em Olhão, memorável para os melómanos olhanenses.

Na década de 1950, faz parte da direcção do clube desportivo "Os Olhanenses" onde cria um boletim cultural com a colaboração de Joaquim Carlos Silvestre, António Macheira, Vitoriano Rosa, Ramos Rosa, e outros.

Neste boletim inicia-se a publicação dos seus primeiros contos que depois serão reunidos em livro: O meu Olhão (crónicas) e Contos de Olhão - Algarve em Foco, Faro, 1997.«Cêdê», relativo a um marítimo pobre da ilha da Culatra, é uma pequena obra-prima da literatura mundial

Se tivéssemos conversado, seria mais ou menos assim.

Professor, é verdade que gostou da vida?

Sim, esse tempo que tinha à minha disposição para o utilizar conforme melhor entendesse e da forma que fosse mais rentável para mim, foi de facto consumido com muito gosto e alegria.

Qual foi o melhor período?

Tudo foi bom, a infância com toda a sua pureza e inocência, os primeiros tempos da escola, o primeiro ofício, os exames que eu adorava fazer, o curso de Engenheiro Técnico, o ser professor no ensino secundário em FARO e OLHÃO, a literatura, os livros que escrevi... enfim, nunca tive tempos mortos nem coisas para fazer que não gostasse.

Considera-se um vencedor?

Não, considero-me um trabalhador. Sou um trabalhador intelectual. Poderia ser um trabalhador rural, sem desprimor algum, mas não sou., considero-me, modéstia `a parte, um homem da cultura., do conhecimento...

O que é para si cultura?

Bem há aquela frase feita que toda a gente conhece e que eu aceito. A frase diz:” Cultura é tudo aquilo que sabemos depois de termos esquecido tudo aquilo que aprendemos”. Eu concordo com esta definição.

Professor, acha que os males do mundo se resolvem através da cultura ?

Sim, por mais coisas até, mas principalmente com a cultura. A cultura é baseada nos conhecimentos que cada um de nos tem e só através da cultura nós teremos capacidade para analisar os males do mundo e tentar resolvê-los.

Gostou da profissão de professor?

Muito, gostei muito de ser Professor. Contactar com os jovens foi um privilégio enorme que me calhou em sorte. O simples facto de me sentir obrigado a trabalhar para os alunos, me encantou pelo simples facto de me sentir útil.

Prof, foi muito bom ter falado consigo e até uma próxima oportunidade..

Texto de
João Brito Sousa
(parte retirado da net)