quarta-feira, 14 de maio de 2008

A CONVERSA COM O COSTELETA

(Mardona, o melhor camisa dez de todos os tempos)


MANUEL JOÃO POEIRA

Fui a Olhão saber novas do meu amigo Mercindo Guita, recém operado e dei comigo, frente a frente com o MANUEL.

Num café da rua do Comércio, o Manuel olhou-me de frente e eu a ele, quando estava a tomar um “black coffe” Eu disse-lhe, a Avelina foi minha colega de turma. E ele, costeleta?.. sim, disse eu.

E conversámos até as tantas e deu nisto.

Manuel, tocar saxofone, tocar orgão, guitarra clássica, coisas que tu sabes fazer bem ou jogar futebol com a camisa dez e fazer um passe a rasgar a defesa, qual destas situações te agrada mais realizar.

Éh pá, isso é muita coisa junta. Vê bem, eu joguei à bola desde os 7 ou 8 anos e quanto aos instrumentos, só comecei a tocar, praticamente quando me reformei. Mas eu vou responder, dizendo o seguinte.
No meu entender, o futebol será força (no jogo de um contra um e na marcação homem a homem), será astúcia ( perceber o que é que o adversário vai fazer), e será intuição que o praticante terá de ter... e há ainda o querer e muitas , muitas coisas mais...
Eu jogava com a camisola dez, no meio campo do adversário, que é o lugar mais intelectual do jogo e onde jogaram os melhores jogadores do mundo. Em Portugal talvez o Travassos do Sporting tivesse sido o melhor de todos. Mas houve o Arnaldo da CUF, o Rocha da Académica, o Hernãni e o Pinga do Porto e outros... que jogaram nessa posição.
Eu adorei jogar à bola. Jogava de manhã `a noite, faltava á Escola para ficar a jogar em S. Francisco, eu sei lá.
Em conclusão, eu gostava mais de jogar à bola.

Mas dá-me aí uma aula de futebol. Num Benfica Olhanense no estádio da Luz como è?

Sim, porque no Padinha a gente não perdia. Lá poderíamos levar três ou quatro ou mesmo ganhar... o futebol tem destas coisas, mas normalmente eles ganhavam..
Num Benfica / Olhanense, o nosso treinador montava uma estratégia defensiva com tendência atacante. A táctica dependerá sempre dos elementos que a equipa dispõe. Se houver um jogador rápido, a táctica é defender cá a trás com os quatro defesas, o médio direito e o camisa dez, o interior como se chamava no meu tempo e os extremos recuam.
Quando um determinado elemento tem a bola em seu poder, deve fazer chegá-la ao dez, porque este elemento deverá ter a capacidade suficiente para criar perigo na área contrária. Por exemplo, se eu tiver na equipa um extremo rápido, normalmente, é para esse que eu faço o lançamento...

Um grande jogador é diferente dos outros?....

O grande jogador é aquele que antes de receber a bola já sabe o que vai fazer com ela, como o Maradona, Platini, Didi, Rui Costa e outros.

E tu, não sabias.

Umas vezes sim outras não. Os que sabem sempre são os melhores.

Mas.. e arte no futebol, existe?

Bem, uns dirão que sim outros que não. Eu acho que sim. Por exemplo, dominar uma bola que vem do guarda redes pelo ar e segurá-la no peito, deixá-la correr até ao pés, levantar a cabeça e endossá-la com um passe rasteiro para golo, se isso for bem executado, como fazia o Cubillas, isso pode ser considerado uma execução artística, porque vai provocar emoções no espectador. É arte quando um determinado trabalho contem harmonia estética e a sua execução nos chama a atenção.

Mudando de assunto, apesar de podermos voltar a falar de futebol. Foste parceiro de carteira do Aníbal. Conta aí uma história.

Era um puto irrequieto igual aos outros, nada mais há a dizer. Bom aluno, não me lembro de mais nada. .

E agora, saxofone, órgão ou guitarra clássica.

Estou agora dedicado mais ao órgão, mas gosto de tocar tudo.

O Professor Américo, que tal?

Um grande professor, um grande homem e um grande amigo.

Conheces o nosso blogue, o http://oscosteletas.blogspot.com/

Sim, tenho entrado lá e gosto de ler aquela coisa..

Vais ao almoço da Escola próximo dia 8 de Junho?

Lá estarei

E assim nos despedimos.

Texto de
João Brito Sousa