terça-feira, 7 de julho de 2009

CONVERSA COSTELETA

(O MORENO na FUZETA, o primeiro à esquerda com o CARONHO em frente e outros)


JOSÉ DO CARMO ELIAS MORENO,
natural das Campinas de Faro, é um costeleta amigo de toda a malta,. um rapaz extremamente simpático, profissionalmente brilhante, repito, profissionalmente brilhante e em minha opinião, um daqueles que tem lugar assegurado, por direito próprio, naquilo a que o JORGE TAVARES muito apropriadamente chamou de GERAÇÃO DE OIRO.
Foi com este homem que estive à conversa.


BLOG O COSTELETA (BC) - O Jorge Tavares disse que a nossa foi uma geração de oiro? Também achas?

JOSÉ ELIAS MORENO (JEM) - Se atendermos aos valores saídos da nossa Escola e que estão aí ao serviço de grandes instituições e outros que lá estiveram, porque já estão reformados, temos de concluir que sim. O próprio Jorge Tavares é um exemplo disso, porque foi um excelente aluno e é um excelente profissional com provas dadas. Nos diversos campos da actividade humana despontaram valores de alto gabarito, como o Joaquim Teixeira e o Aurélio Madeira no Teatro, o Ruivo e o Joaquim Luís nas artes plásticas, empresários de sucesso, trabalhadores por conta de outrém, poetas como o Casimiro de Brito,Orlando Augusto da Silva, Maria José Fraqueza, Inocêncio Costa, jornalistas e escritores com o Mário Zambujal, João Leal e Encarnação Viegas e tantos outros. A Escola identifica-se connosco e nós com a Escola. Não me perguntes porquê mas é assim. Quando encontro alguém da Escola com quem possa recordar um pouco é uma alegria redobrada.
(BC) - Vejo que a Escola Secundária teve grande influência na tua formação como homem. E a Escola Primária ?
(JEM) - Bem a Escola teve em mim uma grande influência devido aos bons professores que tive. Quer na primária quer na secundária quer nos outros estabelecimentos de ensino onde estudei, tentei aprender com os mais velhos e tive na realidade bons professores, bons mestres e bons pedagogos, cujos exemplos e ensinamentos ainda retenho, e muito me têm ajudado na resolução dos pequenos problemas da vida. A Escola Primária foi um tempo fascinante e inesquecível, hoje uma grande saudade. Uma única professora - e que PROFESSORA- quatro classes mistas, quatro programas milimetricamente cumpridos, quatro anos de aproveitamento total, em sintonia perfeita com os pais ou encarregados de educação (os primeiros e verdadeiros educadores)e ainda tempo de sobra para os campeonatos de berlinde para eles ,e de jogo do calhau (cinco pedrinhas) para elas.

(BC) A vida, em geral, como tem sido?

(JEM) - Começo por dizer que sou um optimista por natureza, tenho por lema: viver e deixar viver, mas tendo sempre presente que: não há almoços grátis, por isso ,o melhor é estar preparado a cada momento para o que der e vier, e assim sendo, fui fazendo alguns projectos de vida, nem todos integralmente realizados, mas no cômputo geral acho que cumpri. As contigências da vida às vezes levam a que tenhamos que fazer pequenas alterações ao projecto inicial, que pode ficar bastante beneficiado. Foi o meu caso, ao rejeitar uma carreira profissional promissora mas demasiado absorvente, e apostar numa vida profissional mais compatível com uma vida familiar mais equilibrada. Não me posso queixar da minha vida profissional, onde sempre fiz o que gosto e, quem trabalha por gosto não se cansa; e ainda me sobrou tempo para os meus devaneios pessoais.Agora é tempo de desfrutar, da sombra da velha e imensa alfarrobeira, da família, dos netos, dos amigos e dos velhos colegas nas diversas tertúlias espalhadas de Viana a Lisboa, de Setúbal a Cádis, de Almada a todo o Algarve ,e do Algarve a Dakar onde um grupo de jovens colegas ainda, de vez em quando, aposta cá no VôVô, como carinhosamente me chamam.

(BC) - Como vamos de leituras?

(JEM) - Gosto de ler tudo. O que diga respeito à minha profissão, biografias de figuras que ficaram na Historia pelos seus feitos, os modernos pensadores. Gostaria de ter mais tempo para ler, mas outras actividades não mo permitem. Não tenho a biblioteca, nem o tempo do Pacheco Pereira ou do Marcelo, mas ao ritmo actual da produção literária, já vivo numa certa angústia de falta de tempo para ler os mais apelativos .

(BC) Uma frase ou pensamento que te tenham impressionado?

(JEM) - Gosto daquela frase do presidente Wilson que disse" Preparai o mundo para a democracia" donde resultou no dia imediato as "ditaduras contemporâneas". O pensamento, é um que me saiu há dias, depois de agradecer ao Orlando o seu livro "Flores e folhas de mim": Como é bom estar de bem com a vida, saber colher uma laranja beber-lhe o sumo salutar, da casca fazer um aromático chá e dos caroços um alfobre de verdejantes laranjeiras.

(BC) - Qual é a tua palavra preferida?

(JEM) - A palavra que me acompanha é a solidariedade. Acho que as pessoas deveriam apoiar-se mais umas às outras, gostava que as palavras tivessem força e que pudessem exigir o cumprimento daquilo que querem dizer.

(BC) - Uma palavra para os costeletas.

(JEM) - Saúde.

E despedimo-nos.

Texto de JBS