quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Divagando sobre a democracia


Ao ler hoje o ADF, blogue que emana de Faro, deparei com um artigo de Luís Alexandre , senhor que não conheço mas, fui obrigado, como quase sempre a concordar com ele. Debruça-se sobre o orçamento do estado, espadeira à direita e à esquerda como é seu uso mas, não sugere soluções. Provavelmente não as tem. E isto dá que pensar. Fere na essência da democracia....
Como sistema politico a democracia e parafraseando Churchil, “É péssimo mas...não existe outro melhor”. Assenta os seus pilares na mediocridade e, nuns mais afoitos que elege para seus chefes de fila...A democracia reflecte sempre a sociedade que a rodeia. Pode doer, pode à primeira vista parecer exagerado mas, não é. Se não fosse assim, não haveriam crises, tudo rolaria sobre rodas, sem sobressaltos.
Se reflectirmos um pouco, rodarmos a maquina do tempo para traz, voltarmos aos bancos da escola, já lá assim o era, o número de medíocres, onde me incluo, era enorme, o dos brilhantes era restrito como restrito era o dos muito maus. No nosso leque politico vêem-se poucos faróis iluminando o caminho certo a seguir mas muitos dos tais afoitos, vendedores de vaidades. A democracia tem este defeito e, quando algum sobressai e diz,” não vamos por aí” a turba cai-lhe em cima e, o menos que lhe pode acontecer é ser chamado de velho do Restelo, pessimista, ou, ... pior ainda.
E eu pergunto :- os bons, os melhores de entre nós afastam-se da politica ou a politica afasta-se dos bons?
Pessoalmente creio firmemente que são os bons que se afastam da coisa publica.
E porquê?
Eis a questão
Tal como Luís Alexandre eu também não sei a resposta
Um abraço
Diogo

Do Correio

Em Dezembro geralmente troco e-mails com uma Senhora que já ultrapassou a idade de 90 anos , residente na cidade de São José na Califórnia, USA .
Cada vez que o faço me vem á memória ocorrências dos finais da década de 40 e início de 50 !
Entre elas uma coluna formada por rapazes fardados entre 06 a 12 anos que vinha marchando pela rua do Bom João actual Rua José de Matos ao fim da tarde e virava na Rua Antero do Quental , os quais faziam de manhã a marcha em sentido Inverso . Simplesmente iam ou voltavam do Dormitório onde pernoitavam na qualidade de Internos do Instituto D. Francisco Gomes ( casa dos Rapazes ) . Alguns dos quais iriam mais tarde ser meus colegas Costeletas , me recordando na minha turma do Alexandre , o Frade , o Ferrinho Pedro , outro cujo nome não recordo e iniciou a actividade profissional no tribunal de trabalho , e vários que conhecia de outras turmas e convivência , tendo anos mais tarde sucesso como conquistador local o Número 5 .
Essa Recordação se deve ao facto da Dª. Beatriz ter sido esposa do Sr. Ramos que era precisamente nessa época o responsável pelo executivo da Instituição .
Fundada em 1942 e oficialmente constituída no ano de 1944 , uma época difícil que levou um grupo de cidadãos Farenses cujas identidades desconheço a constituir a mesma , com objectivo de dar um lar a algumas crianças abandonadas na cidade e outras de famílias super carentes .
Numa época em que muitas crianças a partir dos 06 anos eram entregues a outras famílias para começar a trabalhar “ como criados/as de servir “ os meninos nas hortas e as meninas na cidade ( sendo quando mais velhas denominadas de sopeiras ) a idéia da Instituição foi uma das coisas boas e valorizou a cidade porque deu a esses cidadãos a hipótese de mudarem seu destino e terem Sucesso de acordo com seus méritos .
Os dados que tenho são os da memória , sei que os promotores fizeram campanha agressiva para adesão de associados pela forma que ouvi uma pequena comerciante se queixar de ter sido visitada por pessoas influentes ( diga-se credores entre eles ) para ser associada sem ter hipótese de recusar .
Suponho até que teriam de início mais associados que actualmente ?
Quanto ao nome da Instituição D. Francisco Gomes , o mesmo foi um Bispo a que se deve uma parte da reconstrução e outras obras da cidade depois dos estragos do Terramoto de 1755 , como exemplo o Arco da Vila entre outros ainda existentes , sendo justo a homenagem que lhe foi feita.
Na realidade a gestão da casa dos rapazes estava dependente da Polícia de Segurança Pública de Faro , sendo após a saída do Sr. Ramos aproximadamente em 1957 , sido substituído pelo Chefe de polícia Sr. Manuel José , e foi nessa gestão que foi comprada a primeira carrinha para transporte dos produtos de consumo . Sei que a gestão Posteriormente passou para o Costeleta Matos que modernizou a instituição e teve ? influência na sua democratização , porque na época em que a conheci ( diga-se como morador no Bom João ) nunca ouvi falar de Órgãos Sociais .
Visitei a casa dos rapazes algumas vezes nos anos 50 e me recordo das instalações que nas traseiras tinham a casa de costura , cozinha e refeitório , enquanto na frente ficava a sala de aula cuja professora esposa do José Grelha morava numa casa na estrada do Bom João antes da residência do Sr. Ramos .
Li algures que em início se desenvolveu alguma actividade agrícola e criação , sobre a qual não vi vestígios .

Há quase 50 anos que perdi contacto com o desenvolvimento da Casa dos Rapazes , mas é com admiração que temos na cidade uma Instituição de que a cidade de Faro se Orgulha .
Saudações Costeletas
António Encarnação



RECONHECIMENTO

Na foto, o José Azinheira, é o º4, na fila em baixo o ultimo da direita.
Ele deixou duas filhas a doutora Cremilde que é médica em Faro e a Lidia (esposa do Dr Bertrant ex-ortopedista em Faro).
um abraço
Victor Venâncio Jesus

(Este texto, é recomendado pelo costeleta Victor Venâncio, que o considera justo e é uma pequena homenagem a um seu grande amigo e grande Homem)


JOSÉ AZINEIRA REBELO, um homem da cultura alaria quase esquecido.
Texto do Prof. Doutor José Carlos Vilhena Mesquita
http://promontoriodamemoria.blogspot.com


Conheci de forma esporádica e quase fugaz o conhecido colaborador da imprensa algarvia José Azinheira Rebelo. Era um homem de bom coração, sempre disposto a ajudar os mais desfavorecidos, e sempre muito preocupado com a conservação do património histórico e cultura do seu Algarve, sendo que como olhanense era dos mais fervorosos amantes
daquela vila piscatória.

Por tudo isso, mas também por ter sido um assíduo jornalista, não só da sua terra-natal como também de todo oAlgarve, não pode permanecer esquecido na memória dos vindouros. É em honra do seu bondosíssimo carácter e do seu afectuosos algarviismo aqui lhe traçamos um breve
esboço biográfico.
José Azinheira Rebelo, nasceu em Olhão a 12-1-1925, e aí faleceu a 8-4-1999; era filho de João Arcanjo Rebelo, antigo solicitador forense, e de Clarisse Luísa Azinheira Rebelo, ambos naturais de Olhão e há muitos anos desaparecidos. Fez apenas a instrução primária, concluída na Escola mista de Brancanes, começando a trabalhar aos 11 anos de idade como marçano numa loja de Olhão. Aos 17 anos era empregado de escritório num armazém industrial, passando depois por uma oficina de serralharia até chegar a vendedor de uma empresa de Lisboa, de cuja delegação em Faro chegou a ser gerente.

Aos 36 anos estabeleceu-se em Faro com uma loja de ferramentas, máquinas e artigos para a indústria, a qual deixou aos 66 anos de idade.
Quando jovem fez uma breve incursão pelo MUD-Juvenil, com vista a fundar uma secção desportiva em Olhão, valendo-lhe essa ousadia a classificação de “politicamente desafecto ao regime”. Dedicou-se a partir de então ao Escutismo, fundando em 1945 o jornal «Alvorada» da
Patrulha Egas Moniz do Grupo n.º 6 dos Escuteiros de Portugal, em Olhão. Desempenhou vários cargos de relevo no escutismo algarvio, defendendo escrupulosamente a mensagem de Sir Baden-Powel, chegando mesmo a ser condecorado pelos serviços prestados com a medalha «Assiduidade». Foi também um apaixonado do basquetebol, tendo representado os seguintes clubes: Os Olhanenses, o Ginásio Olhanense, o Sporting Olhanense e Os Bonjoanense, de Faro. Mas à política só voltaria após o «25 de Abril» para ser eleito membro da Junta de Freguesia da Sé, tendo depois colaborado no 1.º recenseamento da Câmara Municipal de Faro.

Apologista do espírito associativo, José Azinheira Rebelo pertenceu em 1953 à Direcção do Clube Desportivo OS OLHANENSES; a partir de 1971 cumpriu dois mandatos como tesoureiro em duas Direcções do Circulo Cultural do Algarve, no qual criou um curso de artes plásticas que teve como mestres o pintor Tó Leal, de Olhão, e o consagrado artista Manuel Hilário de Oliveira. A partir de 1975 foi tesoureiro da Aliance Française, em Faro, secretário da Direcção e depois Presidente da Assembleia Geral do Clube de Futebol Os Bonjoanenses, de Faro. Foi membro do Conselho Técnico da ACRAL - Associação dos Comerciantes de Faro, e mais tarde presidente do Conselho Fiscal. Em 1983 cumpriu um mandato como Presidente da Direcção da COPOFA Cooperativa de Consumo Popular de Faro, da qual também foi depois presidente da Assembleia Geral. Durante quase dez anos foi presidente do Conselho Fiscal do Cine Clube de Faro, tendo sido homenageado como sócio honorário em 1997.

O seu percurso como colaborador da imprensa regional iniciou-se em 1947, na «Gazeta do Sul» de Montijo, passando depois pelas colunas da «Gazeta de Olhão» (1951), «Sempre Fixe» (1955) «O Olhanense» (1963), «Fraternidade» (1963), «República» (1965), «Algarve Ilustrado» (1968), «A Voz de Olhão» (1970), «Jornal do Algarve» (1992), «Jornal Espírita» (1993), e «Brisas do Sul» (1997), entre outros. Os temas sobre os quais escrevia nas colunas dos jornais eram o escutismo, o desporto, o espiritismo, o anti-tabagismo, a intervenção social e a cultura algarvia. Infelizmente nunca publicou nenhum livro, mas tinha uma obra pronta a editar e, inclusivamente, já prefaciada pelo nosso amigo, já falecido também, Vitoriano Rosa, que foi um dos mais prestigiados jornalista do «Correio da Manhã».

Essse seu livro deveria ter por título Brisas do Mar Olhanense, mas condicionalismos de vária ordem impediram que o José Azinheiro Rebelo tivesse o prazer de ver o seu livro editado. Quem sabe se com o apoio da Câmara de Olhão e a colaboração da AJEA Edições não se poderia dar a obra à estampa. Aqui fica a sugestão, acrescida da saudade que nos deixam os amigos que nunca se esquecem.

recolha de
JBS