sábado, 13 de março de 2010


TRADIÇÕES EM EXTINÇÃO

Escrever sobre o Brasil implica uma auto - responsabilidade não só pelos comentários , como pelo apoio demonstrado por alguns ilustres Costeletas .

Num Pais onde *( Oficialmente)* Cabral chegou em 22 de Abril do ano de 1500 . O Algarve têm influência porque se deu da Ponta de Sagres o início á epopéia dos descobrimentos !

Encontro-me numa Região densamente Povoada , próximo de São Paulo uma das cidades com maior número de habitantes do Planeta , numa época relativamente quente em que o Termômetro de forma constante ultrapassa os 30 graus .
O calor condiz com Praias , um Litoral no Estado de cerca de 640 Km. tem finais de semana que o transito ultrapassa em muito um milhão de veículos que colocados em Fila seriam vários milhares de Kms. A que corresponde uma super lotação balnear a acrescentar o tempo da viagem já que a cidade de S. Paulo fica a cerca de 60 Km. do Litoral .

As opções para cidades do Interior são bastantes o que me leva a querer repetir uma viagem que fiz há tempos , me informei no dia 11/03/10 e o tempo era : Sol com algumas nuvens. não chove. Temp máx. de 32°Cº e mín. de 19°Cº. Vento WNW com intensidade 7 nós. Umidade de 65 % e probabilidade de chuva de 0%.

São quase 300 Km. mas vale a pena , saindo do Estado de S. Paulo e entrando em Minas Gerais , tem duas cidades importantes no itinerário que um dia escreverei sobre elas Pouso Alto e Poços de Caldas , desta última cerca de 50 Km.

O interesse foi voltar a saborear comida que em Portugal deixei de comer há quase 60 anos ( cozinhada em fogões de lenha ) embora pouco tenha a ver com a nossa culinária tradicional e seja mais de origem Italiana onde impera a carne e enchidos de porco , foi o Povo que emigrou para lá há pouco mais de 100 anos , enquanto a cidade foi iniciada com uma capela por fazendeiros Mineiros .
Demorou um tempo a escolher o nome para a cidade com sugestões como : São José dos Botocudos, São José dos Carrapatos, São José das Formigas, Cidade Livre do Rio Pardo, Andradópolis, Guaciúna, Constantina. Sendo por consenso denominada de São José do Rio Pardo .

Um município Agrícola com pouco mais de 50 mil habitantes , e cerca de 16 % habitando na área Rural em aproximadamente mil explorações .

Nos limites da cidades o Rural se confunde com o Urbano e várias Chácaras ( pequena exploração agrícola de área inferior a 20 hectares ; o Sitio vai de 20 até 100 hectares ; e áreas superiores se denominam Fazendas ) !

Nas pequenas fazendas ou Chácaras , é intensa a produção e Comercialização de produtos agro-pecuários artesanais ( doces de leite e de Garapa ) outros , trabalham como restaurantes tradicionais ( aqui não tem ASAE ) , alguns só para homens onde mulher não entra ( nem querem ) os mesmos cozinham com grande bagunça , o que atrai Forasteiros e Naturais .

Muito conhecidas são as coxinhas da D ª. Fafá , com cerca de 170 gr. ( gigantes cremosas e bom tempero ); Rabada e outros Pratos fortes ( não indicados para a nossa idade ) , o Município grande produtor de Pinga ( cachaça ou aguardente de Cana ) com mais de mil marcas e variedades , tem muitos bares com letreiro de Bêbado não pode entrar ( só sair ) ! existe também aquela frase ( Quem bebe menos se diverte mais ) mas nem todos tomam essa opção .

Tenho saudades das lingüiças e outros produtos da Suinocultura Portuguesa , aqui a maior parte dos embutidos seja Paio e outros não passam de mortadela embutida , mas o Porco Paraguaio foi um dos motivos que me leva a voltar .

O prato surgiu na Guerra do Paraguai, em 1864, quando as tropas de Solano Lopes invadiram o Brasil. O Porco à Paraguaia passou por adaptações no sul do país. As famílias usaram temperos fortes e limão. Aos poucos a receita foi levada por gaúchos, paranaenses e catarinenses para outros estados.
Utilizam Porcos maiores que leitões com cerca de 40 Kgs. , claro que não da mesma raça mas de cruzamentos com raças naturais e comerciais , que permite rusticidade e menos gordura na carne , criados nas mesmas Chácaras onde nos últimos dias de vida não comem ração . São abertos com as patas para fora com apoio de varas ,e ficam sobre brasas fracas por períodos que vão de 6 a 10 horas , a ser virados várias vezes
A pele fica em pururuca , a gordura quase desaparece e a carne no ponto Imaginem ( não digo que seja melhor que o nosso leitão da Bairrada , mas sim diferente ! ) Um detalhe acompanhado com arroz branco e salada , em que ninguém toca , enquanto o Porco dura pouco mais de uma hora , acabando com canções como boite azul e outras em que o estado etílico de alguns estimula .
É um dos Orgulhos da cidade , a par de ser onde Euclides da Cunha escreveu cerca de 80 % , Os Sertões, há mais de 100 anos atrás, que lhe deu Estatuto Turístico .

Nessas pequenas fazendas a Garapa ( Caldo da Cana ) também é estrela , no fogo de lenha ela se transforma na rapadura que na maioria é misturada a abobora, coco , amendoim etc. e viram aqueles doces apreciados por algumas classes que não temem os diabetes , e tem clientes certos a pegar os mesmos de manhã .
Geralmente a parte laboral nestas industrias artesanais é á noite , sendo iniciado pouco antes da meia noite .
A realidade é que todas essas actividades são desenvolvidas por pessoas já de certa idade e , sem seguidores locais !
No entanto ouvi falar que já alguns mais jovem se estabeleceram na grande cidade de S. Paulo onde tem Restaurantes com comida tradicional no fogão de lenha com grande êxito .
Saudações Costeletas
António Encarnação
P.S.

A fim de dedicar-se mais acuradamente ao seu trabalho - tanto a reconstrução da ponte quanto a sistematização do livro "Os Sertões" - Euclides ordena a construção de uma cabana de zinco e sarrafos próxima ao local das obras.

Cumpre ressaltar que a Cabana de Zinco, protegida desde 1928 por uma redoma de vidro, é monumento histórico nacional desde 1937. Numa das placas ali afixadas pode-se ler: "Monumento nacional incorporado ao acervo do patrimônio histórico e artístico nacional" (decreto-lei federal nº 25, de 30/11/1937)
este P.S. e foto , foi retirado da Net