segunda-feira, 15 de março de 2010

DO CORREIO ELECTRÓNICO

TRABALHOS DE GRANDE QUALIDADE QUE ENRIQUECEM O NOSSO BLOGUE


Por motivos pessoais e profissionais tenho andado um pouco afastado.
Foi pois com grande alegria que me deparei com vários trabalhos de grande qualidade, que, como digo no título enriquecem muito este espaço.
Que me perdoem os rapazes mas tenho que iniciar pelas meninas, joguei uma moeda ao ar para saber de qual das duas eu falaria primeiro e tenho a certeza que não adivinham o que aconteceu. Eu digo: a moeda ficou de pé.
Assim sendo falarei das duas ao mesmo tempo. O Algarve é berço de grandes poetas e poetisas e estas meninas merecem um aplauso muito grande uma vez que honram a tradição algarvia com poemas e prosa de grande qualidade. Parabéns e muito obrigado, à Maria Romana e à Maria José Fraqueza, pelo vosso grande contributo; pela minha parte repito o que sempre digo nestas ocasiões, quero mais.
Gostaria também de referir o excelente trabalho no nosso colega Encarnação, uma vez mais com uma descrição pormenorizada, das terras, usos, costumes e tradições do outro lado do Atlântico.
Quero aqui deixar os meus parabéns ao ilustre jornalista da SIC, Augusto Madureira, autor da letra e da música, vencedora do Festival da Canção. Mais um algarvio a brilhar. Colega de Faculdade da minha filha mais velha, sempre parava aqui em casa para lanchar nas suas viagens de fim de semana, entre Lisboa e Olhão.

Um abraço costeleta a todos
E sejam felizes o mais que puderem.

António Palmeiro

DO CORREIO ELECTRÓNICO



VAMOS ARRANCAR O ESCALPE AO BULLYING


Esta coisa baptizada com um nome inglês só pode ser “coisa ruim”, porque se de Espanha “nem bom vento nem bom casamento” o que deixa em aberto a possibilidade de vir dos nossos vizinhos qualquer outra coisa que se aproveite, de Inglaterra então, nada vem que preste mas como bons moços que somos aceitamos tudo, ou seja: Há mais de duzentos anos que somos vítimas do “buling” praticado pelos ingleses e temos comido e calado.
Mas vamos ao que interessa. Acompanho com preocupação este fenómeno, (será fenómeno, ou descaso das autoridades, do Ministério, dos professores e tem que se dizer, dos pais e encarregados de educação?). A minha preocupação é maior porque tenho em casa um neto de 10 anos pelo qual sou responsável, apesar de graças a Deus ter pai e mãe.
É uma experiência muito interessante que me permite avaliar a escola de 3 gerações, o seja, a minha, a das minhas filhas e agora a dos meus netos.
Li e reli com a maior atenção o artigo do nosso colega e amigo Diogo e com o devido respeito pelo sofrimento que foi sem dúvida a consequência dos episódios que relata, parece-me existir alguma diferença em relação a esta praga que se assenhoreou das escolas actualmente.
Hoje tudo acontece nas barbas dos professores, dentro da escola, e com alguma complacência dos denominados, auxiliares de acção educativa, (os contínuos do nosso tempo) os quais assobiam para o ar, sabe-se lá porquê, ou talvez se saiba. No nosso tempo não era assim e se alguma coisa deste género existisse e chegasse ao conhecimento do “Banana” era uma aflição. Todos devem recordar o famoso “Banana” sub-director. (nunca foi meu professor), esta a primeira diferença que encontro. A outra é relacionada com a motivação.
Hoje a humilhação é o aspecto mais relevante, depois o espancamento.
É a transposição para dentro da escola de uma violência gratuita, que mais tarde irá gerar a formação de quadrilhas, as quais irão engrossar o crescente número de marginais a actuar na criminalidade violenta com que nos confrontamos diariamente.
Quando forem presos (se tiverem idade para isso) irão então frequentar um curso superior nas escolas do crime que são as prisões e os reformatórios.
Este não é um fenómeno de miséria porque tem entre os seus integrantes elementos cujos pais pertencem a denominada classe média.
Fui filho de professora, sou pai de duas professoras e tenho seis parentes próximos que são ou foram professores. Antes da minha mãe falecer fui 1 ano aluno dela e sei o que penei também, tendo inclusivamente que receber uma vez tratamento hospitalar, mas meu caro Diogo, isto agora é diferente, infelizmente para muito pior.
Lembro um nosso professor de desenho, o professor Batalha, que dava umas aulas de desenho espontâneo muito interessantes. Eram 2 horas, quase sempre numas amendoeiras entre o Liceu e a igreja de Santo António em que os últimos 30 minutos eram aproveitados para lutas individuais, dois a dois, sempre arbitradas pelo professor. Quando eu apanhava achava muito mau, quando batia já não achava tanto. Hoje reconheço que aquilo desenvolvia em nós um instinto de auto defesa. Quem sempre batia mais era um colega de nome Eurico (nunca mais soube dele) e que era interno da Casa dos Rapazes, era valente o “moce debo”.
É evidente que “esta coisa” não é exclusiva do nosso país, desta vez temos quem nos acompanhe, nem se verifica só nas escolas, atinge vários sectores da sociedade, é claro que nas crianças torna-se mais evidente pelas fragilidades inerentes e ao que parece. pelo abandono a que são votadas dentro da própria escola. Também não é só dos alunos, uma vez que noticias recentes referem o suicídio de um professor de uma escola do concelho de Sintra, pelas mesmas razões.
Não resisto a contar um episódio recente verificado com o meu neto, que frequenta o primeiro ano do secundário, o seja o actual 5º. Ano.
Apareceu em casa a queixar-se de que era empurrado na saída das aulas, sempre por dois coleguinhas que o provocavam, não era uma agressão mas sim uma provocação, até porque em termos de agressão as coisas complicavam-se, uma vez que o que não lhe falta é “cabedal”. A questão era outra e de imediato percebi que o que ele pretendia era “autorização” da minha parte para reagir.
Soube quem eram os dois miúdos, embora à partida já calculasse quem seriam, uma vez que este tipo de comportamento vem desde a primária, dirigi-me à directora de turma, explicando a situação. Vi claramente que a senhora ficou aflita e confessou que já não sabia o que fazer; prontifiquei-me a ajudar dado que fui fundador e Presidente da Associação de Pais durante vários anos o que me dá alguma autoridade moral e conhecimento das situações, uma vez que os alunos de hoje são em grande maioria filhos dos que eram alunos no tempo em que exerci esse cargo.
Um dos garotos de nacionalidade brasileira, (nada contra) tem um comportamento necessitando de um psicólogo urgente, fiz por encontrar a mãe que me disse:
- “Liga não, coisa de criança, eles sem entendjem depois”
- Ai ligo ligo, ou você faz alguma coisa para controlar o seu filho, ou eu participo à Comissão de Protecção de Menores em Risco.
Foi remédio santo em relação a esta criança, de facto em risco.
Mas a grande preocupação era e é na verdade a outra criança.
Trata-se de uma criança franzina e doente, já foi operada ao coração, é no entanto um diabo à solta. Tudo o que se possa imaginar ele já fez dentro daquela escola, segundo a directora de turma, os pais já foram chamados para comparecer em várias reuniões mas nunca aparecem, ele procura sempre as companhias dos mais corpulentos e mais velhos mas ele exerce a chefia, é um assunto para as autoridades resolverem, só se espera que não seja tarde demais. Na verdade esta criança é um risco grande para os seus colegas, dado o seu comportamento nunca se sabe quando algum perde a paciência e o agride, sendo uma incógnita o que poderá acontecer. Quais serão as sequelas para a saúde dele.
Termino com uma opinião, discutível como todas as opiniões:
Estes comportamentos, são o reflexo da sociedade que temos, os pais não têm tempo para falar com os filhos, compensam-nos fazendo-lhes todas as vontades em face desse comportamento perdem a autoridade para os repreender e são chantageados pelos filhos. No nosso tempo a educação era-nos dada em casa, a escola dava-nos a instrução e completava a educação. Mas fundamentalmente uma coisa que desapareceu da nossa sociedade, o RESPEITO, em todas as suas vertentes, enfim, perderam-se valores indispensáveis a uma sã convivência.
Não será uma geração rasca, mas tem muita gente rasca nesta geração.

Para todos um abraço costeleta

António Palmeiro

MODALIDADE - CONTO LIVRE

"O Planeta Azul... Em Destruição!"

De Maria Romana

Conta-se que há muitos, muitos anos, possivelmente esquecidos no tempo, vivia numa pequena mas, graciosa Aldeia, paradisíaca, situada entre a montanha e o mar, um pastor de idade avançada. As suas longas barbas eram tão brancas, como a pureza da sua alma!
Ele nascera nesse recanto do mundo e nunca conhecera outros ambientes!
Samuel, assim se chamava o ancião, amava muito a natureza e tudo que se relacionava com a vida, a sua grande paixão! Sempre que as condições físicas lhe permitiam, subia ao cume dos montes para avistar a imensidade do mar, esse mar que ele considerava a base da vida no "Planeta Azul"... E, quando se sentia inspirado para a meditação, procurava as copas das árvores e ao som do chilrear da passarada, fechava os olhos para que a mente se descontraísse. Levado pela agradável sinfonia, reflectia sobre a grandeza da Terra e o mistério que a envolve.
Foi numa dessas ocasiões que ele sentiu uma forte sonolência e acabou por adormecer profundamente. Mas, o seu espírito parecia alado, voando pelo vasto universo do imaginário. Nessa movimentação, apercebera-se de que a Terra estava a sofrer mutações, muitas coisas aconteciam!... Assim, vagueando, ouvia uma voz serena e dócil que lhe dizia:
- "Meu velho, sabes que a vida é preciosidade divina mas está a ser martirizada por tantas atrocidades. O que vês é apenas, a sombra da realidade! Desentendimento entre a Humanidade - Guerras; Famílias destruídas e tantos outros males...
O homem é um ser inteligente mas sequioso de ambições... Que o pode levar à sua própria destruição!
Por isso, é urgente que se mude as mentalidades, em favor da Paz, evitando assim, que problemas mais graves possam advir... Muitas outras coisas, Samuel viu e ouviu, durante o "sono profundo"!. .. Quando acordou estava confuso, perturbado... Compreendeu que algo de extraordinário lhe tinha acontecido. Apertou a cabeça entre as mãos e chorou amargamente, por ter percebido, através daquele "sonho especial", que as maravilhas do Planeta Terra e a própria vida estavam em perigo Iminente! Passado o impacto emocional e, apoiado a um bordão, do qual já não prescindia, dadas as suas poucas forças, decidiu subir até ao ponto mais alto da montanha. A escalada íngreme e difícil, fez com que o ancião quase desfalecesse mas, a vontade de lá chegar era superior à sua fragilidade... Alcançado o cume de um monte, o ancião gritou ao vento, pedindo-lhe que levasse ~s suas "asas" e ~. difundisse pela humanidade, a seguinte mensagem: - "Homem ouve com atenção o que te digo, preserva a Vid5111çw~.ela é uma dádiva de Deus, não a destruas... Tenta remediar o que ainda está na tua mão ... -" Em seguida, ele ajoelhou sobre o chão agreste e suplicou ao Ser Divino, para que perdoasse as iniquidades dos homens e os fizesse reflectir nos erros que cometem. Depois, lentamente, desceu o escarpado monte. Mas antes de se recolher, como eremita, numa rocha escavada e carcomida pelo tempo, contemplou demoradamente a bucólica paisagem e ali ficou em oração, até que as forças lhe permitissem, penitenciando-se por aqueles que tanto mal fazem!... Esquecendo-se da verdadeira missão, a Paz, entre os Povos deste Mundo!...

o Insólito


Aníbal Ruivo

Uma Vida de Arte
Antologia (1945-2009)



Exposição de obras suas (pintura e escultura) e apresentação em Bruxelas da edição em livro, com o mesmo título e objectivo, ed. Orfeu, correspondente a esse largo e variado percurso.

De Quelfes, onde vive (é natural de S. Brás de Alportel), passando por Moçambique e tantos outros locais, desemboca, pela segunda vez, em Bruxelas, desta vez com um livro onde nos conta essa longa história d'Arte.

Uma aptidão precoce, uma capacidade de labor fora do comum e diversificada, uma escola de arte construída por si e para si, embora atenta aos fenómenos artísticos externos, uma peculiar atenção aos materiais, eis como se nos apresenta a obra (e a vida) de Aníbal Ruivo.
Senhor de um desenho apurado, utilizando uma selecta de cores claras e vistosas, com uma capacidade de trabalhar modelos mais realistas ou mais abstractizantes, Mestre Ruivo alheou-se, nesta sua já longa travessia temporal pelas artes, do fervilhar, por certo criativo, mas mesquinho e interesseiro, das correntes, das influências e dos interesses e dos poderes que o mundo das artes e dos seus actores se envolvem.

Sábado, 20 de Março de 2010, às 18,00 horas
Exposição até 28 de Março, no horário normal da Orfeu (de terça a sábado, das 11.30 às 18.30, ao domingo, das 10.30 às 13 horas; encerrados às segundas)
(recordamos aos Amigos da Orfeu a possibiidade de aquisição das obras expostas em sistema de crédito sem juros)

Com o apoio de
Caixa Geral de Depósitos e TAP Portugal


colocado por RC.