segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DO CORREIO ELECTRÓNICO

UMA CRÓNICA POR SEMANA.
Por João Brito Sousa


Meus senhores,

É esse o meu apelo, "UMA CRÓNICA POR SEMANA" apesar de ser talvez o menos indicado para falar do assunto, mas vou fazê-lo.

A ausência dos bons colaboradores que a Escola formou é um facto, não se percebendo porquê. Este espaço que o Rogério criou, deveria merecer de todos nós um elevado grau de estima e consideração, porque aqui aprende-se a conviver. E isso é fundamental na vida de hoje. Eu tenho sentido isso e o blogue tem-me dado lições de bom comportamento. Digam o que disserem, mas mantenho a frase que coloquei em tempos, dita pelo Jorge Tavares: "este é um espaço de aprendizagem"

Se me é permitido, faria um apelo a pessoas que não conheço mas que são valores firmes do universo costeleta, como a Maria Romana a quem pedia uns considerandos sobre poesia ou um poema, uma vez por semana, ao Orlando idem, à Maria José Fraqueza idem, ao Norberto idem, ao João Leal de quinze em quinze dias umas das suas lembranças de Faro que tem tantas, mais as crónicas do Jorge Tavares, indispensáveis e outras.

Estes trabalhos mais os do nosso poeta Inocêncio Costa, dos cronistas, AM, Encarnação, Romualdo Cavaco, Ricardo Florindo em Beja, Maurício, Diogo, nosso correspondente em Washington, o Palmeiro e a grande revelação que apareceu muito tarde, o nosso Elias Moreno e já agora com uma crónica minha, tínhamos a semana preenchida.

Discutamos e aprendamos, eis o nosso lema.

Se falo assim, é porque levei mais uma lição de boa convivência protagonizada pelo AM, conforme consta no quarto comentário ao meu texto aqui publicado, retirado do jornal avezinha por AM. Ele disse, qual bronca? Não dei por isso, diz ainda AM. Bom, é este carácter de pessoas de bem que o blogue precisa de ter e passá-lo de costeleta a costeleta.

Não há que ter vergonha nem medo, sou o que sou e não me considero nem mais nem menos do que os outros. Tenho a minha lógica de vida que às vezes pode não encaixar na dos outros. Mas estou vivo.

Ao novo poeta e ao homem de nome Rogério Coelho, peço-lhe que agarre o leme. E que aceite este desabafo.

Ab.
jbritosousa@sapo.pt

SONHANDO

O homem passa as páginas do livro com ligeireza, como se a leitura não fosse senão uma lembrança de algo já conhecido, versículos dos seus próprios familiares, anunciações e epifanias previstas.
Mais concentrado na comodidade do cadeirão, no calor do rescaldo e na forma exacta em que as coxas se moldam ao assento.
Também a luz é perfeita: projectando-se a partir do candeeiro de pé, envolve-o num círculo. O resto do quarto está na penumbra, o que faz ainda mais intimo o reconhecimento, a solidão ainda mais acolhedora.
Questiona-se sobre a possível duração da placidez como pelo inevitável fim da melodia que ouve com deleite. Quando acabar poderá faze-la tocar de novo?
O “cheiro” começa-se a aglomerar no lado da penumbra, como se competisse com o círculo de luz. O “cheiro” intensifica-se pouco a pouco, numa escala em que os graus aumentam com a passagem da música que já não ouve.
E o “cheiro” ganha forma.
Da penumbra do compartimento, com um sorriso aberto que mostra muito bem a brancura dos dentes, senta-se na poltrona em frente e olha, concentrada não nos olhos mas sim no homem inteiro, com o olhar que se sabe observada.
Ela está despida e ele olha para a sua carne, cinzenta na penumbra, e sabe que os seus mamilos não são rosados mas sim avermelhados.
O homem olha e cheira-a. Ela larga o seu “cheiro” e ele inspira-o recebendo a oferta dela.
O ritmo deste intercâmbio cresce como a febre, e tem um clímax e um final.
Quando ela fica satisfeita, volta a sorrir e a mostrar os belos dentes brancos.
A imagem desvanece-se, e o homem, tenso como um arame, sente como o livro cai no chão. Arqueja no cadeirão, sua e geme. E o suor que, a pouco e pouco, lhe devolve a memória. E acorda.
Procura, mas a imagem volatilizara-se e, no entanto o “cheiro” permanece no quarto. Põe-se de pé alucinado pelo sonho. Sai de casa e senta-se sobre a frescura da relva do jardim e cheira-se a si mesmo. E no cheiro do sonho reconhece agora o seu íntimo cheiro.

Alfredo Mingau

Meus caros amigos
Com a publicação deste texto, entendo que devo fazer um interregno na minha colaboração.
Não pretendo “açambarcar” o blog com as minhas criações.
É necessário que apareçam outros.
Inté
AM