MELODIA EM PLENA SERRA…
A Serra tinha como pano de fundo o murmúrio das nascentes - Diáfanos fios de água desciam tranquilos, serpenteando pelos montes, até se confluírem no Rio mais próximo.
Acordes musicais de uma flauta, entoavam na imensidade do espaço!
Manuel, o jovem pastor, tocava as mais belas melodias tradicionais, serranas, enquanto o rebanho de ovelhas e cabrinhas manchadas, dormitavam sob as escassas sombras do arvoredo que, exalavam fragrâncias de delicado aroma, perfumando a atmosfera. E em vigilância atenta, lá estava o fiel cão de guarda.
O Sol de Agosto tinha forte luminosidade mas, a leve brisa que se fazia sentir, de vez em quando, suavizava o calor ardente, que envolvia o meio.
O pastor, embora sonolento, exibia com deleite e profunda sensibilidade, as suas árias, algumas bem melancólicas !
Sublime essa musical idade que despertava na alma de Manuel, algo de singular. .. Era como se, nesse momento, estivesse a viver o irreal, um mundo de plena fantasia!
Os maviosos sons ecoavam, incessantemente, lá longe!. .. E as aves, em bandos, esvoaçavam, chilreando alegremente, faziam coro!
Até uma cigarra que, por ali se movimentava, elevava a voz com veemência. E os seres inanimados pareciam ter vida!
Neste dia, Manuel tocava o habitual reportório à bucólica paisagem - Animais vindos das redondezas da linda e imponente Serra - Atraídos pelos sons harmoniosos da flauta, que ele mesmo construíra, concentraram-se junto dele.
o pastor embevecido e fascinado pela magia da música, não dava pelo que estava a acontecer. Só quando terminara de executar a última melodia, reparara então, com enorme surpresa, na cena mais encantadora, que jamais tinha presenciado!
Todos os animais da Serra estavam ali reunidos. Até o lobo, esse animal selvagem, que tem tão má fama!... Sensível à harmonia dos sons musicais, sentia-se extasiado e em paz: ao brotar da sua essência o fascínio pela música e, contrariando o seu próprio instinto, se rendia, com humildade!...
E, foi assim que, Manuel, o jovem pastor, ao oferecer hinos de louvar à Natureza, via, apaixonadamente, como ela lhe agradecia!..
Maria Romana