quarta-feira, 23 de julho de 2014

O DIA DOS AVÓS


Da Costeleta Lutilia Rocha recebemos e agradecemos o texto que a seguir reproduzimos:


No sábado, próximo, dia 26, celebramos o Dia dos Avós.
Parabéns a estes amigos cheios de amor e compreensão!
A pensar neles e na palavra velhice que ensombra a maior parte de quem já tem neve na serra, lembrei-me de divagar um pouco...

Divagando...

Velhice não é uma palavra bonita mas rima com meiguice.
A elegância, perdeu-se na distância.
A formosura ainda dura
no coração e nos olhos
apesar dos escolhos.
O cansaço feito da poeira do tempo, inexoravelmente
Abraçou a pele, o rosto, mas não a mente.
Velhice, na soma dos afectos
vive o presente no sorriso dos netos!
Que o presente seja abençoado pela mão divina pois os avós estando no ocaso da vida ainda são um lindo poente!
Basta um sol pequenino adormecido no colo do tempo!
Avós e netos, quanta ternura! Não os separem! Ambos precisam de companhia!
Os avós pela sua ternura, pelo seu conhecimento que não sendo muitas vezes o das letras é muito vasto e têm sempre as soluções adequadas ao momento.
Ah! como é importante na nossa vida termos avós!
O relacionamento entre crianças e idosos é benéfico para ambas as partes.
Os idosos não têm muita paciência para os adultos, estão saturados da vida, mas quando as crianças os rodeiam como brilham estrelas no seu olhar!
As crianças por seu lado, irrequietas e traquinas, desabridas com os pais e manos, aconchegam-se junto dos avós porque estes contam coisas de outros tempos e histórias tão diferentes das habituais.
Quanta docilidade! Quanta atenção!
Sem os netos, os avós declinam. Precipitam-se para o vazio, num ocaso de solidão. A saúde esvai-se, as riquezas também. Murcha a pele do corpo e os olhos que brilharam como o sol, semicerram-se num poente longínquo. No seu regaço acolhem-se as saudades em profunda letargia.
Ah, se soubessem que o amor não acaba!... Como muito bem escreveu António Gracia...
Ser avô é prolongar-se.
É sentir o manancial da ternura correr,
cantar e rir
noutros pés e noutros lábios.
Os netos são a poesia
da eternidade do coração.
Quem ama não deseja terminar em si;
quer prolongar sem fim
os sentimentos do seu amor.
Se a água da vida encontra um campo,
os trigos crescem e amadurecem
e as suas espigas cantam
repletas de grãos maduros.
Ditosos os avós
cujo ocaso declina lentamente
em busca de outra margem
onde a vida tem um novo sol.
E diga lá, caro amigo, se ser avô, não é abraço que se alonga e prolonga no tempo?
Com carinho, aqui vai mais este divagar...

Lutília Rocha