quarta-feira, 10 de setembro de 2014

DOIS AMORES



É com espírito de gosto, satisfação e "Blogueirismo Costeleta"
que transcrevo esta mensagem do "Escriba Tavarista"

Meu caro Rogério,
Coloca no blogue se gostares.
Um abraço
jorge tavares
 
DOIS AMORES---lagar de Azeite e Cerâmica
 
Foi com enorme satisfação que li a reportagem relativa à visita que efectuaram ao Lagar de Azeite, sito em Santa Catarina da Fonte de Bispo, propriedade do costeleta e meu pessoal amigo Alberto dos Santos Rocha.
É de facto uma obra magnifica, à dimensão do Algarve, merecedora de todos os elogios e créditos.
O Alberto Rocha é um empreendedor, e um profundo conhecedor das actividades a que se dedica. O seu agregado familiar, e seu suporte emocional,  composto pela esposa, e três filhos – um homem e duas senhoras – e digno de evocar, embora, tenha de realçar, a importância que o filho tem no desenvolvimento do Lagar.
É uma felicidade para o Alberto Rocha saber que a sua obra tem um  digno continuador, justificando todo o elevado investimento levado a efeito nesta actividade.
Não posso deixar de referir, por conhecimento de causa, a Fábrica de Cerâmica  ( produtora de telhas, ladrilhos, etc ), que utilizando métodos quase que artesanais, prestigia desta forma a genuinidade dos produtos cerâmicos de Santa Catarina da Fonte de Bispo. O Alberto Rocha mantém esta Cerâmica, com o mesmo carinho com que a recebeu do seu antepassado... atrevo-me a dizer, que o Alberto Rocha tem “dois amores”... e  nenhum deles é igual.
Um abraço para ti Alberto e desculpa alguma inconfidência.

Colocado por
Rogério Coelho

CRONICA DE 2010



Vidas retalhadas

Tinha uma colega, Alexandra, que morava na Rua da Misericórdia, que andava comigo na explicação da D. Gracinda, empregada nos Correios. A porta do quintal desta amiga servia várias casas, era o nº 13 e ficava na Rua Manuel Belmarço. Todas as casas que faziam canto com a R. da Misericórdia tinham quintais ao fundo que se conjugavam e todos os moradores os partilhavam como um bem comum.
A Alexandra tinha uma particularidade que me espantava. Assumia diferentes personalidades sendo uma colega como as outras, conversando normalmente, ou parecendo viver longe da normalidade.
Quando eu ia para a explicação passava pelo quintal dela, chamava-a e se não respondesse ia à porta da rua. Normalmente estava em casa ou no quintal, tinha uma vida solitária, nunca senti a presença de um pai, e a mãe levava os dias na igreja, rezando, esquecida da filha.
Abria-me a porta, punha o indicador direito junto dos lábios, a pedir silêncio, com a mão esquerda puxava-me para dentro de casa e com voz surda, confidenciava-me:
- Anda comigo, vamos pelo quintal, devagarinho, eles estão à nossa espera. Vem atrás de mim e faz o que eu faço. Não tenhas medo, são demónios bons e amigos.
Eu entrava no jogo, era diferente e divertido.
Ela avançava e eu seguia-a, mais parecíamos um gato perseguindo a presa, olhando à esquerda e à direita, agachadas ou levantadas até atingirmos a porta para sair. Pegava nos livros que tinha escondido num muro e íamos, tranquilamente, para a explicação que ficava numa casa encostada à parede da muralha, no Largo de S. Francisco. Eram 3 ou 4 casas, à entrada e à direita, que haviam sido construídas aproveitando a parede do castelo e que hoje já não existem. A da explicadora ficava na do meio.
Acontecia estarmos a trabalhar e ouvirmos a porta da rua bater e, o marido da D. Gracinda, com aspecto de grande felicidade estampada no rosto entrar na casa de jantar, onde nos encontrávamos.
 A explicadora tinha uma cara encarniçada, com muitas “espinhas”, mais parecendo uma adolescente, uma pele bastante oleosa e a boca sempre pintada de vermelho vivo. Quando falava com as pessoas, gesticulava, batia, empurrava, e quando a conversa a entusiasmava, abusava de tal maneira, que uma vez espalmou a minha mãe contra a parede.
Ao encarar o marido, nessas ocasiões, ficava branca, transbordava de raiva e começava a descarregá-la esmurrando-o no peito, nos braços, na barriga volumosa e blasfemando:
- Continuas na mesma. Trabalhar não é contigo. Chegas às tantas da madrugada, dormes toda a manhã, almoças e desapareces. Não arrumas a louça que sujas nem a cama onde dormes. Farto-me de trabalhar para te sustentar, grande malandro. Tenho de dar explicações para pagar as tuas dívidas. Isto tem de ter um fim. Ou trabalhas, ou rua….
Ia batendo num desabafo de revolta contida, enquanto ele, agarrado à cadeira de braços que em parte o protegia dos arremessos, continuava com a expressão de felicidade, olhando-a com olhos de “carneiro mal morto”…
Cansada de tantas palavras e gestos, a D. Gracinda começava a ceder e a amansar com o olhar que ele lhe “jogava”, um olhar que era um pedido, utilizando um código gestual que para nós era indecifrável.
Aos poucos, ela suavizava, ele pegava-lhe na mão, puxava-a suavemente, todo ternura. Ela ainda, num último estertor, clamava:
-Não!
Ele não desistia, insistia, os olhos brilhantes, a boca com um sorriso “sacana”, a mão a avançar pelo braço, a chegar-lhe à cintura, a puxá-la, com uma insistência sábia…
- Meninas vão brincar para o Largo de S. Francisco que eu já as chamo.
Saíamos felizes e contentes, correndo em direcção ao apeadeiro, pisando a terra, as pedras, as covas. Atravessávamos a linha do caminho-de-ferro e ficávamos donas das salinas!
Aqui, a Alexandra não queria silêncio. Era um cavaleiro andante que corria pelo labirinto de caminhos que ladeavam os tanques de água salgada. Esses caminhos eram estreitos e altos com comportas de madeira maciça e grossa que serviam para conter as águas. A água em baixo fazia remoinhos bastante fortes, tornando o local perigoso mas nós, qual cavaleiros corajosos galgávamos todos os obstáculos, brincando no nosso mundo de “faz de conta”.
Já não existem essas salinas!
Voltávamos para o trabalho, para a explicação da D. Gracinda e verificávamos que o clima, entre o casal, tinha mudado.
O senhor marido sentado na cadeira de braços da explicadora, rodeado de almofadas, com uma mesa pequena na frente, coberta com uma toalha, dava a sensação que havia acabado de saborear um bom petisco, daqueles que os homens gostam, com bastante gordura e um bom vinhito a acompanhar…
Estava saciado a digerir prazer!!!!!
A D. Gracinda olha para o nosso trabalho, passa-nos outro e diz:
- Já volto.
Volta com um prato cheio de comida fumegante, coloca-o na mesinha, na frente do marido.
- Come, meu amor!
Olhámos uma para a outra, espantadas, sem perceber nada…
- Ainda tem fome??!!


Lina Vedes - 2010

Os nossos agradecimentos
pela colaboração, querida amiga.
Rogério Coelho



POSTAL ILUSTRADO DE FARO



FARO-VILA A-DENTRO




CRÓNICA DE FARO



Em prol da salubridade e da higiene


Ao passarmos aos contentores verdes de recolha do lixo ou ao nos mesmos lançarmos os resíduos, mormente neste período estival por via das temperaturas mais elevadas e da deterioração provocada, somos agredidos por um cheiro indesejável, que é revelador de se estar gerando um clima de menor índice de higiene pública.
Por tal razão e para além do desagradável odor é pertinente pensarmos que se encontra em denunciado risco a saúde pública com todas as suas nocivas consequências.
Isto é devido, quanto a nós pela não lavagem dos referidos recipientes, como durante muito tempo aconteceu e ora cremos que possa vir a suceder, mas sem a periodicidade necessária a manterem-se os índices de qualidade pela eliminação dos resíduos que, naturalmente, sempre ficam depositados aquando da remoção do lixo dos caixotes de cor verde para os camiões que os transportarão para os locais de tratamento e compactação, no vulgo das lixeiras.
Recordamo-nos que a seguir a esta operação de recolha de matérias depositadas, de modo próprio o chamado “lixo biológico”, que se processa maioritariamente à noite, vinha um outro veículo que, com automatismo próprio, procedia à lavagem e desinfestação dos referidos recipientes, o que causava a eliminação de cheiros incómodos e da degradação, como as vastas manchas negras o denunciam da calçada em derredor.
Impõe-se que, com a regularidade necessária, este tratamento higiénico, aconteça, pois que estão em causa factores de risco no que à saúde pública concerne e à imagem e qualidade de vida, que passa também por aqui, da cidade capital sulina.
Claro que tal suscita custos de marcante acção na empresa municipal que gera o sector, mas acreditamos que as elevadas taxas que todos pagamos sela salubridade e anexa ao recibo da água mensalmente consumida comporta esta acção que é de marcante importância. Não queremos olvidar o quanto de positivo tem sido desenvolvido neste sector, nem tomar a nuvem por Juno, mas lavar, com maior regularidade os contentores do lixo de cor verde é uma acção que se impõe.

João Leal