sexta-feira, 20 de maio de 2016





Ensino Público versus Ensino Privado

Este tema colocou o país em alvoroço.
Partidos políticos, Governo, Presidente da República, deputados, dirigentes de associações de ensino, cidadãos interessados e anónimos, jovens, crianças e criancinhas, debates nas televisões e como sempre, os iluminados do costume,que opinam sobre tudo.
Uns vestidos normalmente, outros em voz off e ainda outros vestidos de amarelo canário.
Na casa dos meus pais havia um canário que cantava muito bem. Também era amarelo. Morreu de desgosto. É uma história muito triste e depois de tantos canarinhos palreando nas ruas e filmados para a Tv em alegre convívio, não vou contar histórias tristes.
Mas o assunto que aqui me traz é outro.
Por vicissitudes da  vida pessoal e familiar, cedo o meu agregado ficou reduzido ao casal e dois filhos.
Ao tempo, as Escolas Primárias – da primeira à quarta classe – e as duas do ensino secundário existentes na cidade de Faro estavam a grande distância da residência, não permitindo que as crianças aí se deslocassem, sem acompanhamento de um adulto.
Sair do local de trabalho para levar e buscar os meninos à Escola, são regalias deste século.
(Com tristeza há que recordar episódios desses tempos:  Quando um filho estava doente, a solução sugerida  à mãe pelo empregador era deixar de trabalhar e ir para casa tratar dos filhos, ou em alternativa, com alguma conivência dos médicos, dar baixa por doença. Sim, porque baixa para assistência à família é coisa recente...)
Como alternativa, restava o recurso ao ensino particular, suportando todos os custos com esta opção.
Num exercício de memória muito intenso, confesso que durante os 10 anos deste percurso pelas instituições privadas de ensino, me recordo de usufruir de qualquer subsídio estatal que permitisse aliviar esses gastos da família, com excepção da procura de 2.ºs e 3.ºs empregos ou atividades independentes, que aumentassem os seus proventos.
Todo este cenário, de amarelo pintado, é triste. Usar as crianças, quais canarinhos, palreando lições ensinadas, para apelar à compreensão dos portugueses, por uma causa que é sua, ainda é mais triste.
Ser governado pode não ser fácil, mas governar  é muito mais difícil...
Que se manifestem os ornitólogos, porque lá diz o ditado popular “ Canário sem alpista não canta “.


Para finalizar importa dizer: Que se cumpra a lei!

JORGE TAVARES