Ensino Público versus Ensino
Privado
Este tema colocou o país em
alvoroço.
Partidos políticos,
Governo, Presidente da República, deputados, dirigentes de associações de
ensino, cidadãos interessados e anónimos, jovens, crianças e criancinhas,
debates nas televisões e como sempre, os iluminados do costume,que opinam sobre
tudo.
Uns vestidos normalmente,
outros em voz off e ainda outros vestidos de amarelo canário.
Na casa dos meus pais havia
um canário que cantava muito bem. Também era amarelo. Morreu de desgosto. É uma
história muito triste e depois de tantos canarinhos palreando nas ruas e
filmados para a Tv em alegre convívio, não vou contar histórias tristes.
Mas o assunto que aqui me
traz é outro.
Por vicissitudes da
vida pessoal e familiar, cedo o meu agregado ficou reduzido ao casal e dois
filhos.
Ao tempo, as Escolas Primárias
– da primeira à quarta classe – e as duas do ensino secundário existentes na
cidade de Faro estavam a grande distância da residência, não permitindo que as
crianças aí se deslocassem, sem acompanhamento de um adulto.
Sair do local de trabalho
para levar e buscar os meninos à Escola, são regalias deste século.
(Com tristeza há que
recordar episódios desses tempos: Quando um filho estava doente, a
solução sugerida à mãe pelo empregador era deixar de trabalhar e ir para
casa tratar dos filhos, ou em alternativa, com alguma conivência dos médicos,
dar baixa por doença. Sim, porque baixa para assistência à família é coisa
recente...)
Como alternativa, restava o
recurso ao ensino particular, suportando todos os custos com esta opção.
Num exercício de memória
muito intenso, confesso que durante os 10 anos deste percurso pelas
instituições privadas de ensino, me recordo de usufruir de qualquer subsídio
estatal que permitisse aliviar esses gastos da família, com excepção da procura
de 2.ºs e 3.ºs empregos ou atividades independentes, que aumentassem os seus
proventos.
Todo este cenário, de
amarelo pintado, é triste. Usar as crianças, quais canarinhos, palreando lições
ensinadas, para apelar à compreensão dos portugueses, por uma causa que é sua,
ainda é mais triste.
Ser governado pode não ser
fácil, mas governar é muito mais difícil...
Que se manifestem os
ornitólogos, porque lá diz o ditado popular “ Canário sem alpista não canta “.
Para finalizar importa
dizer: Que se cumpra a lei!
JORGE TAVARES
JORGE TAVARES