quinta-feira, 8 de novembro de 2018

QUANDO ALGUÉM PARTE


A Costeleta
MARIA AMÉLIA JESUS MALAIA SANTOS
Partiu
À filha Ana Cristina Filipe, familiares e amigos, enviamos o nosso profundo desgosto

DESCANSA EM PAZ AMÉLIA MALAIA


A FESTA DE S. MARTINHO

SÃO MARTINHO
Dia 11 de Novembro (Domingo)
A tradição do Dia de São Martinho é assar as castanhas e beber o vinho novo, produzido com a colheita do verão anterior.
Por norma, na véspera e no Dia de São Martinho o tempo melhora e o sol aparece, tal como sucedeu com São Martinho. Este acontecimento é conhecido como o Verão de São Martinho.
São Martinho tornou-se no padroeiro dos mendigos, alfaiates, peleteiros, soldados, cavaleiros, curtidores, restauradores e produtores de vinho.
Roger

Crónica de João Leal


“São Martinho Lapa vamos ao larapa…”
 Eram os terríveis anos do final da II Grande Guerra Mundial e do dificílimo período que se lhe seguiu, em todas as áreas e em todos os aspectos, qualquer que fosse o ângulo de vivência; os anos de uma infância feliz pela amizade salutar, pela plena unidade familiar e pelo comungar até  raiz dessa instituição que desaparece e cada vez mais e mais – os vizinhos; eram os tempos das “bichas” e os racionamentos nas tentativas, tantas vezes frustradas de se obter os mais carenciados géneros; é a lembrança do candeeiro a petróleo, com o vidro “remendado”, por que se quebrara e dinheiro para outro não havia e em redor da débil luz que emanava, rodopiava a vida, inclusivé fazer “as coisas de casa” que para nós, moçotrabalhos que sempre lembrada Mestra (a querida Professora D. Maria Carrilho, que Deus haja em seu eterno descanso) passava na velha escola, dita “Régia”, não obstante estarmos em Ditadura Reps (o termo menino, tal como a outros tantos companheiros, não nos eram aplicável) queria dizer os ublicana da Rua Serpa Pinto (para gente do meu tempo sempre a “Rua da Candeia” passava…
Mas havia factos, que hoje são lembranças, daquelas que o pensamento, “força do vento”, na expressão da “canção de combate”, que nos reportam, com um misto de vincada e saudosa lembrança.
Acontecia por estes tempos de, passada a “Feira de Faro”, quando já apetecia, se umas moedas sobravam do labor da “Mãe Coragem” e o “Pai Mártir”, que houvemos ter esse petisco de umas castanhas cozidas em casa e de uma “aguardente anizada de Évora”, comprada no “Sr. Manel da Adega dos Arcos”.
Acontecia no 11 de Novembro, “Dia de São Martinho”, porque com ou sem o Verão dito do Santo que, em manhã de invernia, cortou a capa para cobrir os pobres enregelados. Dias antes era a azáfama, os preparatórios, o arranjar do caixote, onde iria o “Senhor São Martinho”, com uma capa arranjada entre os “trapos domésticos”, de ampla bigodaça e patilhas feitas com uma rolha queimada e uma garrafa à frente, nesta improvisada padiola, decorada com folhas das palmeiras então existentes na que percorri desde o Largo da Estação e imediações, sem faltar as “casas das meninas ou das moças” (agora ditas de relax e na circunstância geridas pelas “patroas D. Hermínia e a “Lózinha”), até ao Café Aliança, onde pontificam as burguesias e os influentes de Faro, alguns detentores de importantes cargos públicos.
Era a malta ali da Ribeira – O Nita (o Joaquim Pedro dos Santos) proprietário actual do Restaurante Rainha, na Rua de São Luís, os meus primos Rui Manuel Manjua e o António José Manjua da Rocha, o “clã” José Maria e outros.
O figurado “São Martinho” era escolhido entre os mais leves, não raro eu, como peso-pluma que o era e a que retornei, na velhice, que recebia os óbulos, desde o desejado dinheiro, os tostões da época a produtos vários e sempre com entoação da canção tradicional:
“São Martinho da Lapa
vamos ao larapa
São Martinho do vinho
vamos ao copinho!”

Faro, a Faro desse tempo, enchia-se a 11 de Novembro, com os “São Martinhos”, uma manifestação espontânea, que era uma tradição e uma festa! 
João Leal