quarta-feira, 29 de maio de 2019

DOIS COSTELETAS DISTINGUIDOS - INFORMANDO




GALA DO CNID DISTINGUE DOIS «COSTELETAS»
 Decorreu no dia 27 de Maio {2ª feira), a partir das 15 horas, no Museu de Portimão, a «Gala Anual do CNID - Associação dos Jornalistas do Desporto» e no âmbito de «Portimão, Cidade Europeia do Desporto». Esta realização anual comporta dois momentos de especial significado para nós antigos alunos da Escola Tomás Cabreira. Trata-se de uma exposição de caricaturas publicadas no diário desportivo «A Bola» e da autoria desse saudoso companheiro que foi o sempre recordado
= Francisco Zambujal e da entrega de mérito a sete jornalistas algarvios, entre os quais figura o João Leal.

30 DE MAIO "DIA DA ESPIGA"




RECORDANDO  O"DIA DE MAIO" E O "DIA DA ESPIGA"
Este mês de Maio comporta sempre duas efemérides que são festivamente assinaladas segundo a tradição popular. Referimo-nos ao «Dia de Maio», com que abre este calendário gregoriano, mas com celebrações que remontam à Antiguidade ou, na evocação já nestes nossos tempos, das lutas das classes trabalhadoras em busca de uma maior justiça social. No 1 ° de Maio temos a par das celebrações vindas do próprio povo e mantidas durante séculos, casos dos Maios ou Maias ( engenhosos bonecos colocados em varandas, açoteias, passeios ou outros locais públicos, retratando cenas da vida quotidiana ou réplicas das azáfamas e casos em relevância ou essa tradição. Hoje quase esquecida, que era o «atacar o Maio», Consistia em aos instantes iniciais de um novo dia se beber com os figos e amêndoas torradas ou os bolos caseiros, casos dos suspiros, um cálice de aguardente de medronho ou figo ou de vinho doce, para afastar as doenças e os «espíritos malignos. Minha saudosa avó materna, que nascera nos Machados (São Brás de Alportel), onde hoje está essa referência da gastronomia algarvia, que é a «Adega do Nunes» ( o tio Manel Nunes, que dá nome ao restaurante era seu irmão direto), acordava-nos aos primeiros alvores do Sol, para com uma bandeja coberta por um alvo pano, nos fazer «atacar o Maio». Depois, à tarde, era irmos ao campo, como então se dizia em relação a todo o espaço, que não fosse Faro urbano, para se comerem os caracóis e as nêsperas; a que-muitas-vezes se juntava-essa delicia do «roteiro gastronómico da Ria Formosa», que era a «vila de ameijoas». Em «Dia da Espiga», liturgicamente «Quinta Feira da Ascensão», em que, quarenta dias após a Páscoa, se recorda a subida de Jesus aos Céus, exatamente amanhã, 30 de Maio, ia-se apanhar a espiga, constituída por hastes de trigo, papoilas, romãzeiras e outras espécies vegetais indígenas simbolizando a fertilidade da terra. A mesma era colocada por detrás da porta da casa, muitas vezes ao lado de uma ferradura usada, com o propósito de «dar sorte». Na ida ao campo comia­se, bebia-se, dançava-se e passava-se uma tarde alegre e divertida. As estradas e caminhos eram mares de gente, verdadeiras procissões de e para o meio rural, onde, em plena natureza, se celebrava esta Quinta Feira da Ascensão ou «Dia da Espiga». Tradições em que nós os «costeletas» as vivíamos intensamente e forte participação. Todos nos recordamos das idas ao Rio Seco, aos bailes da Cooperativa, hoje uma agremiação recreativa e cultural, na estrada para Pechão ou no «Salão Nobre», do Chico Rosa, na E.N. 125 e onde hoje funciona um comércio de produtos agrícolas. E os tais ataques ao «caracol amarelo» (nêsperas)? Tempos idos, recordações ....

João Leal
 
 


CRÓNICA DE FARO - DE JOÃO LEAL



A Confraria Marinha da Ria Formosa


    Nos últimos anos, com que satisfação o escrevemos, tem-se vindo a acentuar o interesse dos farenses pela Ria Formosa, através de múltiplas ações e projetos, que vão do planeamento territorial à ecologia e da construção de infraestruturas comunitárias ao saneamento básico. Retoma-se assim um caminho de valorização da capital sulina por influência direta e acrescida deste importante acidente hidrográfico, que é o maior, no seu género, no espaço europeu e se estende ao longo de meia centena de quilómetros desde Ancão (Loulé) a Cacela (Vila Real de Santo António) e servindo ainda os concelhos de Faro, Olhão e Tavira.
    Entre este esforço de reaproximação de Faro à Ria, um percurso multimilenar que foi decisivo para o seu engrandecimento, história e progresso, incluindo a sua elevação a cidade, a transferência do Bispado e a capitalidade, inclui-se a recente realização do 2.º Capítulo da Confraria Marinha da Ria Formosa e a entronização de 25 novos confrades e confreiras, que voluntária e conscientemente assumiram um conjunto de deveres e caminhos. Decorreu a significativa cerimónia na Igreja da Misericórdia e no Jardim Manuel Bivar, aquando da Feira Náutica, houve o ensejo de viver todo o cerimonial, a que o colorido dos trajes das várias confrarias congéneres presentes (Confraria Gastronómica da Serra do Caldeirão, do Medronho – Monchique, do Atum (Vila Real de Santo António), Gastronómica do Algarve, Bachus – Albufeira, do Vinho Verde, do Litão (Olhão), para além da Ria Formosa. A parte litúrgica dirigida pelo franciscano Frei Henriques definiu bem o sentimento entre as motivações ecológicas e os textos bíblicos referidos.
    Instituída a 8 de Dezembro de 2018, na Ilha da Culatra, o maior núcleo populacional em território continental português, tendo como madrinhas a Confraria Olhanense do Litão e a Confraria do Atum de Vila Real de Santo António, que representou também nesta cerimónia a Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, foi constituída em Outubro do ano transato, sendo a sétima a ser criada na região algarvia.
    São principais objetivos da Confraria Marinha Ria Formosa: contribuir para o levamento, defesa, promoção e divulgação do património cultural, ambiental, histórico e gastronómico da Ria Formosa e apoiar a pesquisa, criação e divulgação de trabalhos e a edição de publicações sobre a gastronomia ligada aos produtos desta laguna, designadamente sobre a sua história, tradição e antigas técnicas de confecção.

João Leal