domingo, 11 de agosto de 2019



LEMBRANÇAS DE TEMPOS IDOS 

PST! OLHA O PASSARINHO! 


Era neste tempo, por via de fazer a matrícula para um novo ano escolar ou a primeira inscrição que, juntamente com os documentos a apresentar na Secretaria da Escola, se tinha que juntar um elevado número de fotografias tipo posse. Eram as mesmas em grande número destinadas às cadernetas dos professores por cada discipline e mais duas ou três para o processo burocrático. Os tempos eram diferentes já que as inscrições pela via informática ou quejandos eram «uma mira à Júlio Verne» e as fotografias um lento processo, só possível nas casas da especialidade ou nos «fotógrafos à la minuta», como se dizia e não com a facilidade com que hoje se obtêm em qualquer telemóvel. Verdade se diga que os dinheiros não abundavam, para nós foi uma mézinha que nunca tivemos e não haviam os apoios escolares que, no presente, felizmente existem. Existia como que uma guerra comercial entre os fotógrafos profis- sionais na oferta de mais baixos preços à dúzia, bem como brindes especiais, entre eles uma ampliação tipo passe. Comum a todos era a frase sacramental com que tirar o retrato começava: «Pstl Olha o passarinho!». A gente olhava enquanto o dispare lumi- nosso luminoso acontecia e o «passarinho» referido pelo passarão do artista não surgia.  Por vezes era bem curiosa este contracenar entre fotografado e fotógrafo, o visado apresentando feições e esgares que iam do melodramático ao cómico. Acontecia, inclusivé, o visado, ao ir levantar os retratos se interroga; «Moce, isto sou eu?». E era mesmo! Quem eram nesses anos 40 e 50 do século XX os mais procurados fotógrafos de Faro? Dos mais baratos aos mais caros, ao que a memória nos ocorre, recordamo-nos de: João Rodrigues (João «Torto», por uma deficiência visual que era portador, na Rua Baptista Lopes; o Arnaldo, na Rua Filipe Alistão; o Seita, irmão do nosso colega Orlando, que trabalhava ao ar livre, junto ao Coreto, no Jardim Manuel Bivar; o Salustiano (Foto Cinema), na Rua Baptista, no grande edifício onde hoje está a ACT ( Autoridade de Contratação de Trabalho); o Correia, na Rua de Santo António e o mais dispendioso, mas mais elítico o Matos Cartuxo, que foi Delegado no Algarve da RTP. 
Tempos idos! Lembranças e saudades! 

JOÃO LEAL 

NOTA DA REDAÇÂO: Estas histórias "daqueles tempos" cabem bem nos "serviçod minimos"  Roger.