terça-feira, 7 de julho de 2020

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL




O MEU AMIGO JOÃO PARRA
            Numa destas manhãs soalheiras a primeira notícia que me chegou foi a morte do ex-internacional júnior e meu saudoso colega o João Parra. De seu nome completo João Teófilo Salero Parra, tinha 83 anos, pois nascera em Olhão a 8 de Março de 1937 (Dia de João de Deus e daí talvez a razão do seu nome) e foi meu colega de carteira, o «parceiro» como então se dizia, no 1º ano 4ª turma da recém - criada Escola Técnica Elementar de Serpa Pinto. Era o nº 10 e eu o nº 9e ficávamos numa carteira dupla na fila da frente. Bons professores os houvemos, para além do Director, o Pintor Jorge Escalço Valadas, o Dr. José Mealha (pai do meu falecido colega jornalista de igual nome e um acérrimo sportinguista), a Dra. Maria da Conceição Sintra (mulher do psiquiatra Dr. Manuel da Silva), o Eng. Diamantino Piloto (artista, interventor cívico, nascido em Olhão), o Cónego Vieira Falé (que faleceu pároco da Cidade Cubista), a D. Dinorah Pascoal, a D. Suzete..., o Prof. Américo (uma permanente saudade!) e os mestres Mário Pereira, Nicolau, Zé de Brito, João Mateus...
        Nos anos primeiros da década de 1950, juntamente com os também «costeletas» (alunos da Escola Tomás Cabreira), Manuel João Poeira e Nuno Agostinho, o João, como sempre nos tratámos, envergou a camisola de Portugal na primeira presença num Mundial de Juniores, disputado na Alemanha. Foi um festival a recepção havida na Escola aos «moços internacionais».
         Olhanense de alma, nascimento e coração o João Parra foi figura relevante no futebol algarvio nos anos de 1950 e 70. Mais um produto da «Universidade do Futebol» que o era o «Largo da Feira», tendo como Magnífico Reitor Mestre Cassiano. Lembramo-nos dos duelos havidos aqui no São Luís ou no Padinha, entre Farense e Olhanense, de modo próprio nas dis-putas com «Mr. Joaquim Reina. Tempos idos»...
          Alinhou nos rubro - negros, onde atingiu a maior projecção da sua carreira futebolística, assim como no Futebol Clube de Luanda (Angola), no Mineiro Aljustrelense e no Marítimo Olhanense.
           Vimo-nos pela última vez, em plena Rua de Santo António, que tantas vezes percorremos juntos quando jovens e já então a sua condição física não era a desejada. O abraço então selado foi como que um adeus para sempre ao amigo João Parra, que ora nos deixou.

                                                   Joáo Leal