UM CANTINHO

UMA SALA

PARA O PROFESSOR AMÉRICO

         Tem-na no coração agradecido de cada um dos que foram seus alunos e na saudade, estima e gratidão de todos os que com ele tiveram a dita de conviver. O Professor Américo José Nunes da Costa que, nas Escolas Serpa Pinto e Industrial e Comercial de Faro (Escola Tomás Cabreira) leccionou Educação Física entre 1947 e meados dos anos 50 é uma figura incontornável na história do ensino técnico profissional farense. Foi um educador por excelência, através de um processo educativo e participado e de uma pedagogia que fez dos seus discípulos verdadeiros homens eivados pelos princípios mais vivos da vitalidade, da solidariedade e da fraternidade. Pela vida em fora os laços de amizade da presença continuada do Mestre prosseguiram e concretizaram-se através de mil gestos, entre os quais queremos hoje destacar dois. 

           Foram eles um importante impulso para a criação da Associação dos Antigos Alunos da Escola Tomás Cabreira (AAAETC), de que somos orgulhosamente sócios militantes e a dotação de um significativo espólio do binómio PROFESSOR / ESCOLA. Foi-nos o mesmo, após o falecimento do saudoso Mestre, na sequência da acção desenvolvida por esse indefectí-vel «costeleta» que é o José Félix, entregue pelo devotado filho do Professor Américo. Recebeu o espólio o nosso dedicado Presidente da Direcção, Florêncio Vargues, que dele é fiel depositário enquanto se arranja uma sala, onde a memória, a saudade e a lembrança sejam mais uma lição permanente.

           Confiamos que, não obstante todas as conhecidas e reconhecidas dificuldades existentes no espaço escolar, ora ampliadas por via das determinações da DGS (Direcção Geral de Saúde) o Conselho Directivo do Agrupamento Escolar Tomás Cabreira, presidido por essa admirável «costeleta» que é a Dra. Ana Paula, arranjará um cantinho onde fique a «SALA PROFESSOR AMÉRICO»!

                                                                 JOÃO LEAL

NOTICIANDO - JOÃO LEAL

TURISMO ALGARVIO EM NOTÍCIA

No âmbito do périplo em que visitará até Outubro os 16 concelhos algarvios, para expressar o seu apoio ao turismo regional na sequência da crise provocada pela pandemia o Presidente da República Professor Marcelo Rebelo de Sousa esteve nos municípios de Alcoutim e Olhão, onde reuniu com os autarcas do Algarve.

Segundo as perspectivas a realização no Autódromo Internacional do Algarve, na Penina (Portimão) do Grande Prémio da Fórmula 1 (25 de Outubro) e do Mundial de Motos GP (22 de Novembro) terá um impacto económico de 100 milhões de euros.

O empreendimento turístico Ombria Resort, em Querença, a 7 klms de Loulé, vai ser dotado com o maior sistema de geotermia da Península Ibérica num investimento de 2 milhões de euros e que estará concluído em 2021, produzindo águas quentes sanitárias e para as piscinas, aquecimento e arrefecimento interiores e outros préstimos.

Está aberto, até 17 de Outubro e pela terceira vez o concurso para adjudicação de construção da nova ponte de ligação á Praia de Faro, desta feita com uma verba de 3 milhões e meio de euros. Com um prazo de execução de 540 dias disporá de 2 faixas de circulação viária, com 11 metros de largura e 180 metros de comprimento. Será construída no sentido nascente em paralelo à actual.

O Algarve prepara-se para ter uma das mais sofisticadas unidades de enoturismo (vinhos e turismo) do País, que ficará situada na Quinta do Barranco Longo (Silves) de que é proprietário o viticultor Rui Virgínia, num investimento de dois milhões de euros e cujos trabalhos se prolongarão até 2022.

                                                                                        JOÃO LEAL

GENTE DA TOMÁS CABREIRA

OS MEUS DIRECTORES

JORGE VALADAS E MOREIRA FERREIRA

Durante o meu percurso de estudante do ensino técnico profis-sional tive dois excelentes e recordados directores, pedagogos de elevada estirpe e homens de profunda sensibilidade que, em muito, contribuíram para a minha formação e carácter e a quem muito fiquei devendo.

O primeiro foi o Professor Jorge Escalço Valadas, um notável pintor que veio dirigir a recém criada Escola Técnica Elementar de Serpa Pinto (1947/48). Era um algarvio nascido em Salir (Loulé - 5 de Novembro de 1908), mas registado em Vila Real de Santo António. O «Valadinhas» como era afectuosamente tratado, foi para Lisboa em 1930 e frequentou a ESBAL (Escola Superior de Belas Artes- 1935). Era casado com D. Isabel dos Prazeres e faleceu em Paço de Arcos a 1 de Agosto de 1993. Foi autor de várias obras pedagógicas, entre as quais «Assim se faz o presépio», da Colecção Educativa (Ministério da Educação).

O outro lembrado Director foi o Dr. Fernando Artur Moreira Ferreira, licenciado em Românicas pela Universidade de Lisboa e que e- a docência para além da Escola Industrial e Comercial de Faro (Tomás Cabreira) em Lisboa (Veiga Beirão e Patrício Prazeres), em Setúbal (João Vaz) e nas Caldas da Rainha e era casado com a também «costeleta» a Dra. Maria José Chamiço. Grande interventor na vida cultural da cidade de Faro, de modo próprio no Círculo Cultural do Algarve, era um apreciado poeta que mereceu nos anos 50 as melhores referências do crítico literário e escritor João Gaspar Simões, responsável pela página dedicada ás Letras no «Diário de Notícias».

JOÃO LEAL

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL

«BORDEIRA, ADN DE FARO»

         Sempre Bordeira foi e é, no presente, o mais populoso sítio da freguesia rural de Santa Bárbara de Nexe. As referências escritas à sua existência remontam a cerca de sete séculos e, ao longo dos tempos, tem-se assumido como terra de gente artista, empreendedora e culta. É assim uma das jóias desta coroa que é o concelho de Faro e com um valioso contributo para a sua identidade. 

            A 7 de Setembro, dia maior concelhio pela elevação a cidade de Faro, reinava D. João III «O Piedoso», foi outorgada a escritura de construção do Centro Cultural e de Inovação de Bordeira, obra orçada em quase um milhão e quinhentos mil euros e que, tal como o chamado «Quilómetro Cultural» hemos de considerar com estruturas da maior valia para a pretendida realização de «Capital Europeia da Cultura» no ano de 2027.

            Trata-se de um imóvel, com um prazo de execução de 540 dias, edifício de âmbito cultural e recreativo. Comportará também dois novos museus, visceralmente ligados à terra e às gentes bordeirenses, visando tal como o definido pela Autarquia «promover e divulgar a identidade do povoado através de manifestações artísticas - a música, o teatro e os trabalhos de cantaria». Disporá ainda de uma zona exterior para exposição de peças da cantaria de maior porte, como o padrão há anos efectuado por artistas nexenses para embelezar uma praça na cidade - irmã de Hayward (Estados Unidos da América), toda ela com calçada à portuguesa também realizada por estes genuínos artistas que, como nenhuns outros, trabalham o calcáreo da região.

           A par desta arte da pedra surgem as charolas (cantares do Ano Novo, desde 1918 e a gesta de grandes acordeonistas, entre os quais referimos: José Ferreiro (pai), o compositor de «Alma Algarvia»; João Barra Bexiga, João Bexiga (pai), Daniel Rato, António Madeirinha, Nelson Conceição e também ali residiu muitos anos a sempre saudosa «rainha do acordeão» que foi Eugénia Lima.

             Mais que sobejas razões para reverenciarmos Bordeira como uma pedra preciosa da coroa que é esta Terra Mãe.