sexta-feira, 27 de novembro de 2020

 NO CENTENÁRIO DO CÓNEGO

CARLOS PATRÍCIO


      Foi a 28 de Novembro e 1920 que em Alcantarilha nasceu o Reverendo Cónego Carlos do Nascimento Patrício, mediática figura da Igreja Algarvia e activo interventor da vida regional. Durante mais de quatro décadas, desde 1945 até ao seu falecimento, ocorrido em Faro, a 31 de Maio de 1990, foi um dedicado e empenhado director do semanário diocesano «Folha do Domingo». Na ocorrência do centenário do nascimento deste «operário de Cristo» e que foi um dos maiores amigos que o Senhor nos concedeu ao longo destes mais de 80 anos de vida recordamos a sua figura de Ministro de Deus, procurando sempre evangelizar e levar a todos a mensagem evangélica; o jornalista arguto e interventor; o professor empenhado em concretizar a máxima de «a mais nobre missão que se pode dar ao homem é a de educador; o regionalista que tantos e tão relevantes serviços prestou ao Algarve; o orador distinto e de multivalência e o homem, de convívio fácil e ecuménico, procurando semear a paz, a justiça e a compreensão entre os homens.

         Nascido há 100 anos no seio de uma família cristã que deu também à Igreja um outro respeitado e estimado sacerdote, o Padre António do Nascimento Patrício e com outros irmãos que foram, ao longo das suas vidas testemunhos referenciadores da Igreja Católica, estudou nos Seminários de Faro, onde foi Prefeito e de Évora e foi ordenado presbítero por D. Marcelino Franco, o tavirense então Bispo do Algarve, em cerimónia realizada a 29 de Agosto de 1943 na Igreja Matriz de Monchique. Cantou «Missa Nova» a 12 de Setembro daquele mesmo ano na Igreja Paroquial de Alcantarilha. Foi capelão e professor no Colégio Diocesano de Santa Catarina, então sediado em Monchique. A partir de 1945 veio para Faro, cidade onde viveu até ao seu falecimento e onde desempenhou várias missões, entre as quais as de: professor no Liceu João de Deus, assistente diocesano da Acção Católica,  Cáritas Diocesana, Mocidade Portuguesa, Conferências Vicentinas, Secreta-riado Diocesano das Comunicações Sociais e dirigiu o jornal «Folha do Domingo», numa longa e desgastante missão na total entrega ao cumprimento do compromisso para que fora ungido.

                Quer as exéquias que decorreram na Igreja de São Pedro, em Faro, como no funeral que se efectuou para o Cemitério de Alcantarilha, onde se encontra sepultado, foi bem expresso quanto era estimado este «Irmão» cujo centenário do nascimento ora ocorreu.

                                                                              JOÃO LEAL


CRÓNICAS DO MEU VIVER OLHANENSE



 ATRIBUÍDO A ADRIANA SOUSA O

«PRÉMIO CÓNEGO DELGADO»


        Pela vez primeira foi atribuído o «Prémio Cónego António Baptista Delgado», instituído pela Universidade do Algarve (Ualg), Cáritas Portuguesa e Cáritas Diocesana do Algarve e destinado a galardoar «a melhor dissertação de Mestrado na área de intervenção social». Trata-se de uma merecida, justa e significativa homenagem á memória do saudoso sacerdote algarvio, que marcou uma época e um tempo, particularmente difíceis, de modo próprio neste concelho e cuja acção em defesa e apoio aos mais necessitados foi uma constante da sua vida.

         A algarvia Mestra Dra. Adriana Sousa mereceu, pelo Júri competente, a distinção outorgada pelo seu valioso trabalho, realizado no âmbito deste Mestrado da Escola Superior de Educação e Comunicação da Ualg e intitulado «Movimentos Sociais Digitais em Portugal» e que foi editado, em livro, pela Editorial Cáritas.

           O sempre lembrado «Padre Delgado», como respeitosamente e com afectividade era tratado pelas «honradas gentes de Olhão e seu termo», nasceu em Vila Real de Santo António (1884), fez parte de uma geração de ilustres sacerdotes algarvios, entre os quais o tavirense D. Marcelino António Maria Franco (Bispo do Algarve), licenciou-se na Universidade Pontifícia, em Roma e paroquiou a freguesia de Nossa Senhora do Rosário durante mais de quarenta anos. Faleceu em São Brás de Alportel (1967) e está sepultado no Cemitério de Olhão.  Por aqui espalhou toda uma obra de amor em prol das crianças e dos mais idosos, sem esquecer o que foi, no quotidiano, seguir os caminhos traçados por Jesus Cristo, junto de toda a população olhanense.

             A cerimónia de entrega desta primeira edição do «Prémio Cónego António Delgado» à Mestra Dra. Adriana Sousa, a quem apresentamos as merecidas felicitações, teve lugar no encerramento do «VI Seminário do Mestrado em Educação Social», sob o lema «As novas formas de (re)inventar a cooperação e intervenção nos tempos de pandemia», com a presença do Bispo do Algarve, D. Manuel Neto Quintas.

João Leal


CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



                 NÃO VIRAR AS COSTAS À RIA

    Faro conheceu períodos de grande desenvolvimento e expansão que, inclusive, a catapultaram para capitalidade regional, quando tinha na Ria Formosa uma das suas avenidas maiores. Foi-o de tal modo que, por exemplo, a quando do marco primeiro da expansão portuguesa no Mundo, a conquista de Ceuta (1415) no espaço marítimo fronteiriço à então Vila se instalou, rumo ao Norte de África, toda a frota de D. João I, o de «Boa Memória».

      Vem esta recordatória a propósito do lançamento, pela Câmara Municipal de Faro, do concurso da concessão para a «Requalificação do Eixo Central da Baixa», no espaço com mais de um quilómetro de extensão e numa área de 4,34 hectares, entre a Estação Ferroviária e o Largo de São Francisco e cujo prazo decorre até 2 de Fevereiro próximo.

       Trata-se de uma obra emblemática, com os valores expressos de 150 mil euros para a elaboração do projecto e de quatro milhões para a execução da mesma. Incide sobre uma zona citadina da maior expressividade em termos urbanísticos, de qualidade de vida e de, como se deseja, de progresso futuro. Insere-se «numa estratégia de desenvolvimento sustentado do Concelho, em particular no âmbito de um conjunto de intervenções que estão a ser planeadas para revitalização da frente ribeirinha e dos espaços urbanos que dela fazem parte», conforme o foi referido pela Autarquia.

        É evidente que todo um mundo de oportunidades, se o projecto conhecer a qualidade que importa tenha, se abre a este bocado do território farense, que tem por limite fronteiro, a sul e a ponte, a sempre nossa Ria Formosa. Este cenário natural diz-nos que sobretudo a requalificação, ora empreendida, deve contemplar, prioritariamente, a perfeita simbiose entre a terra e o mar. Exemplos vários de acções congéneres existem no Algarve, ocorrendo-nos, com relevância própria e frutos assinalados, o que aconteceu na beira mar de Olhão.

João Leal