terça-feira, 8 de dezembro de 2020

OS MEUS ROTEIROS «SÃOBRASEIROS»


AS VISITAS AO «CHICO» CLARA NEVES

            Este foi um dos «roteiros» que eu realizei várias vezes, quer a título pessoal, como integrado num trio do «Jornal do Algarve» que se deslocava em visita aos vários correspondentes na região algarvia. Era o cumprir de uma sugestão do sempre lembrado jornalista e fundador deste semanário. José Barão, no sentido de se estimular a colaboração, de os incentivar no escrever para o «Times», como aquele lembrado algarvio se referia ao jornal e ainda de procurar resolver alguns problemas ou situações que a presença nas suas colunas sempre provocava.

            Para além do cronista participavam nestas visitas, que periodicamente aconteciam, duas grandes e incontornáveis referências de «Jornal do Algarve»: José Manuel Pereira, então Chefe de Redacção e mais tarde, Director e o Vitoriano Rita Isidoro, responsável pela administração, expedição e quanto importasse ao quotidiano da publicação.

              Após o encontro, vindos de Vila Real de Santo António, até Faro, onde, na Travessa de ao Pé da Cruz, se situava a 2ª Delegação do semanário, uma vez que a primeira coeva da fundação, era-o na residência de José Barão, em Lisboa (Travessa da Palmeira), seguíamos para São Brás de Alportel. Aqui era o abraço ao Francisco Clara Neves, um honrado sambrazense, que amava até á exaustão a sua terra natal e onde éramos recebidos, com sua esposa, com requintes de atenção e hospitalidade. Empregado de escritório de profissão, o «Chico» Clara Neves, como era conhecido por todos na urbe sambrazense, era um rijo e decidido jornalista, sempre empenhado em defender os ideais maiores de justiça e liberdade e quanto importasse a São Brás de Alportel.

                  Depois lá seguíamos para outras terras algarvias, entre as quais e não apenas, para Albufeira (José Bernardo Cabrita), Armação de Pêra (Eurico dos Santos Patrício), Portimão (Candeias Nunes), Lagos (Sargento Piscarreta), etc.

                      Uma cadeia solidária fortalecida por um profundo regionalismo e por uma dedicação total ao «escrever» nessa força indestrutível que era e é a imprensa regional, fortalecia-se nestas «visitas aos correspondentes».

                                                                       JOÃO LEAL


OS MEUS ROTEIROS «SÃOBRAZEIROS»



        AS PUGNAS UNIDOS / DESPORTIVO


        Eram sempre um aliciante cartaz os encontros futebolísticos disputados entre o Unidos e o Desportivo, naqueles anos 50 e 60 do passado século, as expressões maiores clubistas do associativismo desportivo em São Brás de Alportel.

        A intensa rivalidade que se vivia então na «Vila Rainha da Serra», propagava-se por extensa zona da região algarvia, fazendo com que muitos amantes do desporto rei de Faro, Loulé, Olhão e outras localidades deste quadrilátero perdessem um destes prélios. Mais escaldantes que um Sporting / Benfica ou um Farense / Olhanense estes jogos eram sempre aguardados com apostas e vaticínios sobre o desfecho final.

       Nem sempre o ambiente, quer no campo como na Vila, era o mais «fair play» mas lá que o entusiasmo crescia ao rubro era um facto indes-mentível. Inúmeros casos o atestam e hoje recordam-se como «estórias do outro mundo» mas que realmente aconteceram em São Brás de Alportel ninguém o nega.

           A deslocação de não residentes na Vila sucedia também, quer por paixão clubista pelo Desportivo ou pelo Unidos ou ainda por existirem muitos jogadores do «quadrado urbano» (Faro / Olhão / São Brás / Loulé).

            Após a «bica» tomada no saudoso Café «A Brasileira», onde se arranjava sempre uma boleia no carro de um amigo, lá rumávamos ao Campo Sousa Uva para assistir a estes jogos que eram um aliciante cartaz nas tardes de Domingo.

             Saudades deste «roteiro sãobrazeiro» que tantas vezes o fizemos!


                                                                                           JOÃO LEAL


CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



       CARTAXO, REPORTÉR FOTOGRÁFICO,

UMA SAUDOSA LEMBRANÇA


               Foi um conhecido repórter fotográfico, dotado de um sentido de oportunidade e de captar o momento certo, aquele que importa para a posteridade e para a argúcia do «cliché», o saudoso amigo Dagoberto José Carvalho, sempre e para sempre conhecido como o «Cartaxo».

              Nasceu em Faro, no ano de 1926 e era um acrisolado farense, daqueles de «antes quebrar que torcer», que muito e sempre vibrava com tudo o que importasse à Terra Mãe. Por irónica coincidência do destino, ou sabe-se lá do quê, havia de falecer no «Dia da Cidade», ao princípio da tarde daquele 7 de Setembro de 1988, quando se deslocava entre duas reportagens. Voltava do Palácio de Estoi que então era integrado no pa-trimónio municipal e ia para o Pavilhão Sede do Sporting Clube Farense (um dos grandes amores da sua vida) a fim de fazer a cobertura fotográfica da inauguração. Foi ali na rotunda - monumento da A2, na Rua do Alportel, que uma viatura estrangeira o colheu mortalmente. Coube-nos a ingente e triste missão de anunciar o nefasto acontecimento a quantos se encontravam naquela infra-estrutura desportiva e o minuto de silêncio que, em sua memória, foi de imediato e expontâneo vivido, a primeira homenagem que ao estimado Cartaxo, foi prestada.

                Viveu no Montijo e em Moçambique, onde foi mediático repórter de guerra, durante as lutas coloniais, conquistado merecidos louvores e elogios. Regressou a Faro, com sua esposa (D. Maria Luísa da Costa Ferreira Carvalho) e duas filhas, então meninas, as hoje senhoras D. Cláudia Alexandra e D. Carla Cristina Ferreira de Carvalho, e aqui até ao trágico acidente assinou milhares de reportagens, de modo próprio para «A Bola» e Agência Lusa, assim como para «Jornal do Algarve».

                 Falta perpetuar a honrada memória deste que foi um dinâmico homem da comunicação social e da fotografia e um assumido farense na toponímia da sua terra natal. Que Faro cumpre esta dívida como o lembrado Dagoberto  Cartaxo o assumiu nas suas missões e deveres.


«LIVROS QUE AO ALGARVE IMPORTAM»



                             «THE POWER OF LOVE»


                                                        PEDRO CABRAL SANTO


      Em simultâneo com a exposição que, até 2 de Fevereiro, se encontra patente em Faro (Galeria Trem), da autoria do artista Pedro Cabral Santo, foi lançado o livro de poemas «The power of love» (O poder do amor». 

     Objectiva o mesmo «procurar deslindar o fascínio, quase impenetrável, que se esconde por detrás daquilo que se designa por imagem artística.

      Pedro Cabral Santo é professor do Curso de Artes Visuais da Universidade do Algarve e investigador do CIAC (Centro de Investigação em Arte e Comunicação).


                                                                                     JOÃO LEAL 


GENTE DA TOMÁS CABREIRA



                      O DR. JORGE MATIAS


      Era tratado entre a malta estudante por «O Banana» este nosso saudoso professor de Física e Química, Cálculo Comercial e Mercadorias, que durante vários anos lectivos exerceu a docência na Escola Industrial e Comercial de Tomás Cabreira (Escola Industrial e Comercial de Faro), a par do desempenho das funções de Subdirector do mesmo estabelecimento.

      O tratamento era uma «retribuição», como tantas vezes acontece, ao termo pelo Dr. Jorge Ferreira Matias, se referia a alguns alunos em situações pontuais, sobretudo do desconhecimento das difíceis matérias que lhe estavam confiadas o ensino.

       Professor disciplinado e disciplinador foi uma das grandes referências no Ensino Técnico Profissional, como o atestam as múltiplas referências que lhe eram feitas, assim como a coautoria dos compêndios escolares usados em todo o País.

        Fazia-o em união colaborativa com outro destacado mestre do Ensino Secundário, o Dr. Leopoldino de Almeida. Desta parceria foram os livros «O nosso compêndio», para as disciplinas de Física, Química e Biologia e «Mercadorias», para a cadeira da mesma denominação.

          Quando deixou Faro o Dr. Jorge Ferreira Matias foi para Lisboa para Director da Escola do Ateneu Comercial.

             Mestre exigente mas a quem tributamos o elevado apreço pela sua competência.


                                                                                  JOÃO LEAL


CRÓNICA DE FARO JOÂO LEAL


    A MAIS ESTREITA CASA DE FARO

         Singularidade urbanística e arquitectónica constitui, sem dúvida, o prédio de rés do chão existente na Rua Caçadores 4 nesta cidade capital sulina, no troço que antecede o cruzamento com as Ruas Bocage e D. Teresa Ramalho Ortigão e frente a frente ao típico Bairro com o nome daquele regimento militar.

          Com menos de 2 metros de largura na faixa, pode dizer-se que se abarca num amplexo, dotada com esguias porta e janela, que lhe conferem, numa imagem reforçada por se situar entre dois imóveis de maior porte, uma singular imagem visual.

           Deve, segundo as nossas investigações esta casa, que tem o 35 como «número de polícia», ter sido construída no início dos anos 20 do século passado, quando conheceu grande surto a urbanização do chamado «Bairro de São Francisco» ou talvez antes, a exemplo de muitas outras e-dificações de um só piso ainda ali existentes.

            No que respeita ao factor humano ou à família à mesma ligada re-cordo-me de que minha avó paterna que ali perto (Rua Brites de Almeida) viveu há cerca de um século se referia ao «Cabo Pastor», conjecturalmen-te um militar com aquele posto e que se dedicava em simultâneo à criação de gado.

            A «mais estreita casa de Faro» lá continua, no nº 35 da Rua Caçadores 4, artéria onde se situam a Delegação Regional da Ordem dos Advogados, a residência onde viveu um dos maiores amigos que na vida tive, o professor Franklim Marques e a centenária Casa de Santa Isabel, tendo o interior em ruínas.

             Talvez que esta memória - referência citadina merecesse melhor destino que um impiedoso camartelo. 


  •  NOTÍCIAS DO TURISMO ALGARVIO

    O Hotel l,Étoile, em La Bougie, na Argélia, onde viveu e morreu, quando se exilou, em 1925, o Presidente da República e Escritor Algarvio Manuel Teixeira Gomes, que está a sofrer importantes obras de remodelação, vai passar a ostentar o nome daquele portimonense.

      O complexo turístico de luxo «Dunas Douradas Beach Club», no «triân-gulo dourado» (Vale do Lobo / Quinta do Lago / Almancil) conquistou, pe-lo segundo ano consecutivo, o título do melhor a nível mundial e na cate-goria de «Golf & Villas Resort» nos «World Travel Awards», os «Prémio Nobel» do Turismo.

        Um tributo à torta algarvia (avelã, alfarroba, amêndoa e figo) é o ge-lado biológico mediterrânico «Fragogel», que em 2018 foi considerado «o melhor gelado português» e em 2019 a certificação biológica por haver passado a ser vendido em caixas isotérmicas de 400 mls. em fibra vegetal e 100% compostáveis.


           «Intervenção urgente do Governo, ao mais alto nível, para evitar u-ma catástrofe económica e social sem precedentes» foi pedida pelo «cos-teleta» Elidérico Viegas, presidente da AHETA (Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve), face ao actual momento.


              O troço Huelva / Castro Marim foi incluído no CIS (Caminhos Ibé-ricos de Santiago), como novo itinerário jacobinos, procurando investigar, promover e divulgar os percursos transfronteiriços que atravessam as re-giões do interior peninsular.


                  A ocupação hoteleira / quarto no Algarve e n mês de Novembro situou-se nos 12,3%, a maior descida nos últimos 24 anos e menos 71,7% do que em igual período do ano passado. Também as vendas conheceram uma descida de 72,5%. Os mercados mais em quebra foram: Grã Bretanha - 86,9%; Alemanha - 89%; Irlanda - 56,1% e Portugal - 28%.


                                                                                                       JOÃO LEAL   

NOTA:Estou a conseguir com um computador antigo. Muito lento Roger