sábado, 24 de abril de 2021

 INFORMANDO

Caros Costeletas, e todos os que se interessam em ler este blogue.

Náo sei o que se tem passado com a internet, mas todos os meus computadores tèm sido afectados nestas duas semanas.

Tive que pedir assistència a um técnico para me configurar os aparelhos.

Hoje já consegui trabalhar menos mal.

Roger.


CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL

  «O PAI DA PRAÇA»

                    Era uma figura emblemática e reverenciada da cidade de Faro com os seus dois metros ou mais de altura, tendo um grosso bastão que o amparava na sua estatura. Vendia peixe no espaço a tal destinado, a chamada «Praça do Peixe», no lado nascente do antigo Mercado, na Rua Comandante Francisco Manuel, então dita de Rua do Registo, entre o topo do Jardim Manuel Bivar e as Portas do Mar. De fronte ficava o «souk», à semelhança dos mercados árabes, encostado à muralha, com pequenas barracas, ou toldos onde comerciantes locais (srs. António, Filipe e outros) vendiam dos tecidos (chitas, sedas, gregorons, tafetás e quejandos) aos aviamentos (botões, sedalinas, colchetes, chumaços, etc.) e dos brinquedos às quinquilharias. No local onde está a sede da AVIMAR (Associação dos Viveiristas e Mariscadores) e o restaurante do famoso campeão boxeur Bento Algarvio ficava, em telheiro de ferro e colunatas esta «Praça do Peixe». Para além das toldas algumas «vendas» (tabernas) onde fregueses e «peixeiros» se dessedentavam de quando em vez.

                     Por ali pontificava o «Pai da Praça», que outro nome nunca lhe conheci ou ouvi chamá-lo. Foi assim durante décadas e décadas, pois já retirado da actividade pelo peso dos anos o via passar, nas manhãs do quotidiano, rumo ao actual Mercado Municipal, onde ia em evocativa recordação de amigos e factos do que fora a sua longa vida «á ponta de uma tolda».


                     Este genuíno e autêntico farense que conviveu com milhares e milhares de nossos conterrâneos deveria ter algum laço de família com a minha gente já que ele se dirigia sempre a minha avó paterna, dizendo-lhe: - Parenta, Francisca! Tenho aqui uns bons charros do alto ou lírios para lhe dispensar!

                       «Pai da Praça» evoca todo um tempo ido e que me recordo, de modo próprio Faro do período da II Grande Guerra Mundial (1939 / 45). Era-o, quando miúdo, agarrado aos cadilhos do xaile da minha querida avó a acompanhava ao Mercado ou para a acompanhar na difícil tarefa de então ou para ficar a marcar o lugar nas extensas filas («bichas») que se formavam, não obstante o «racionamento» para o pão, o carvão (as económicas «bolas», de cisco e barro), o leite, etc. e outros produtos de necessidade básica. 

                           Era o tempo de toda uma geração de comerciantes na Praça, desde o Tio Bandarra, à entrada, com as frutas e legumes aos talhantes, entre os quais essas referências, que eram os Rodolfo, os Florindos e alguns mais.

                            Mas de modo próprio o «Pai da Praça» é o mais prevalecente, com as suas gigantescas mãos, nas quais as minhas de menino imberbe eram uma minúscula presença.

João Leal


 Crónicas do rés-do-chão


Aqui não há filas.
Casualmente lá aparece uma à porta do talho, que tem tendência a crescer quando a patrulha da PSP passa pela rua e o aglomerado do café da frente se distribui pelas portas vizinhas, quais pássaros pousados em fios de eletricidade. Escondem os copos, assobiam para o lado e fica tudo bem.

Aqui não há filas.
Ao contrário do que leio nas gordas de hoje que me passam pelos olhos e que dão conta das enchentes nos centros comerciais. 
A uma segunda-feira? Bem... Está tudo ávido de novidades, de lojas, de civilização, de normalidade, mas... É preciso tanto?

Eu, bicho do mato, me confesso: não aprecio multidões. Ainda assim fico intrigada... a uma segunda-feira? Como é que há pessoas para fazer filas em centros comerciais a uma segunda-feira de manhã? Será falta do que fazer? Estarão todos desocupados? 

Vejam. Comprem. Desfrutem. Um dia destes, quando a confusão passar, também irei dar uma voltinha para ver as modas. Para já fico onde estou, até porque... 

Aqui não há filas.


                  Margarida Vargues