quarta-feira, 9 de junho de 2021

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



                    MEMORIAL RECORDA 5 VIDAS SALVAS

                     

                    Terá 5 metros de altura e consumiu 2,5 toneladas de ferro o memorial da autoria da escultora Torin Adams a erguer na baixa farense, ali junto á doca onde naquela madrugada de 1 de Dezembro, de há 78 anos, desembarcaram salvos 5 soldados americanos. A salvação surgiu na abnegação e sentido humanitário, como o é tão intrínseco às generosas gentes do mar, daqueles três pescadores que, na faina da corvina, viram um avião despenhar-se a 12 milhas da Ilha de Faro.

                    Era um avião militar dos Estados Unidos da América do Norte, um bombardeiro PB4Y-1 (versão do B - 24) que, em plena II Grande Guerra Mundial (1939/45), saíra da base marroquina de Port Lyantey, para mais uma missão de vigilância dos submarinos alemães que, com grande frequência, povoavam a costa algarvia.

                     Os três pescadores farenses - Jaime Nunes, José Mascarenhas e seu filho Manuel, após o atónito momento causado pelo acidente aéreo, foram em socorro das vítimas, das quais conseguiram salvar 6 dos aviadores. Transportaram-nos para o então Hospital da Misericórdia onde recuperaram das lesões.

                       Foi o conceituado jornalista algarvio Carlos Guerreiro que, no livro de sua autoria «Aterrem em Portugal», trouxe este caso de solidariedade humana para o conhecimento público, como o tem feito em relação a outras situações idênticas ocorridas com aeronaves beligerantes, durante a tragédia vivida entre os anos de 39 e 45 do século passado e tendo por cenário a costa algarvia.

                         Uma história curiosa que tem a sua solidária participação assumida pelo cidadão inglês Michael Peise, residente há anos entre nós e que entendeu dar uma presença pública, através de um memorial ao gesto fraterno dos pescadores da corvina.

                         Muito possivelmente será no dia 7 de Setembro («Dia da Cidade») que aconteça a inauguração deste memorial, que contou com o apoio do Município de Faro, concebido por aquela escultora nascida na Zimbabwé e residente em Boliqueime. 

                         Um acto digno numa cadeia solidária que fica a recordar um gesto lindo de generosos pescadores farenses. 

João Leal