domingo, 19 de setembro de 2021

 HOMENAGEM AO «COSTELETA» BOTA FILIPE «O PIONEIRO»


       No Convento do Espírito Santo, em Loulé, encontra-se patente até ao dia 20 de Novembro uma exposição evocativa do Coronel António Bota Filipe, falecido há pouco mais de um ano e que foi distinto aluno da Escola Tomás Cabreira. Natural de Vale de Éguas (Almancil), frequentou também a escola primária local e, mais tarde, a Academia Militar. A vocação artística sentiu-a em Moçambique, onde desempenhava uma comissão de serviço, decorrendo a outra em Timor. Bota Filipe, destacada figura do meio artístico algarvio fundou o «ZEFA» (Centro de Arte Contemporânea) e foi o autor dos desenhos para o calcetamento do passeio da Avenida Marginal em Quarteira.


                                                                                 JOÃO LEAL


 TURISMO DO ALGARVE EM NOTÍCIA


         O Well Beach Club, no Vale do Lobo, é uma das grandes inovações em clubes de praia. Inspirado em Bali e na Grécia, decorado com materiais naturais, recria todo um espaço de refúgio espiritual e de zen.

             Recomeça no dia 14 de Outubro (online ou pessoal) o Curso de Guia Intérprete Regional, interrompido em Junho último, por via do período estival. Com uma carga de 600 horas é organizado pela Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve com a colaboração da AGIGARVE.

               A descoberta de um Algarve menos conhecido (interior, gastronomia, vinhos, Via Algarviana, Rota Vicentina, vindimas, etc.) é o objectivo de uma série de visitas organizadas pela ATA (Associação de Turismo do Algarve) e destinada a agentes de viagens, empresários, jornalistas e operadores. Decorrem desde o início de Setembro e já contemplaram os mercados do Reino Unido e da Irlanda.

                 Pela 1ª vez o Algarve esteve presente na VNWTO - Global Conference  e cuja 5ª edição decorreu recentemente. A organização é da OMT (Organização Mundial do Turismo) e dedicada ao enoturismo.

                   O Chefe André Basto voltou, volvidos dois anos, aos comandos da cozinha do Tivoli Marina Vilamoura, para renovar os espaços de restauração daquela unidade hoteleira.

                     Na sede do concelho (Castro Marim) e na freguesia da Altura, com a participação de 18 restaurantes, decorre até 18 de Outubro, a «Festa da Cataplana».

                      O «I Albufeira Coctail Festival», promovido pela ABA (Associação Barmen do Algarve) e Associação Comercial daquele Concelho, tem lugar até 4 de Outubro, com a participação de uma centena de profissionais de Portugal, Espanha, Itália, etc. Em simultâneo decorre o «1º Concurso de Barmaids do Algarve».

                          «Turismo e Mobilidade Sustentável» foi o tema de um encontro online que decorreu no «Centro Europe Direct Algarve», em Faro, com a participação de várias entidades.

                            A «1ª Área Protegida Privada do Algarve» foi instalada em Aljezur (Vale das Amoreiras), por iniciativa da família Raban von Meutzingen.

                                                          

                                                                                    JOÃO LEAL


 «COSTELETAS» NOS «ANAIS DO MUNICÍPIO DE FARO»


              Sempre. ao longo dos 43 números já publicados os «costeletas» marcaram presença no historial dos «Anais do Município de Faro». Há dias, em cerimónia realizada no auditório da Biblioteca António Ramos Rosa, em Faro, foi apresentado o 43º volume referente ao ano de 2021. Presidiu ao acto o Dr. Rogério Bacalhau Coelho (Presidente da Câmara Municipal de Faro), que estava na mesa de honra acompanhado pela dra. Sandra Martins (Directora da Biblioteca) e pelos Professores Doutores Guilherme de Oliveira Martins (Director dos «Anais») e António Branco (ex - Reitor da Universidade do Algarve, que fez a apresentação da obra). A abrir o dr. Fernando Pessanha, conhecido historiador vilarealense e erudito músico interpretou, ao piano, vários textos do concerto «Raposinha».

             Do referido «historial» dos «Anas do Município de Faro» destacamos a presença de «costeletas» nas pessoas do saudoso Professor José António Pinheiro e Rosa, seu fundador; Dr. Libertário dos Santos Viegas, que lhe sucedeu na direcção; Dr. Teodomiro Neto, autor de numerosos textos e outros conhecidos nomes, entre os quais o nosso colega jornalista João Leal, que neste número subscreve o artigo «Farenses que não nasceram em Faro». Neste texto destaca uma venerada figura dos primórdios da Escola Tomás Cabreira - O pintor Professor Carlos Lyster Franco, que foi seu primeiro Director, como o havia sido também na Escola Pedro Nunes. 

João Leal


«LIVROS QUE AO ALGARVE IMPORTAM»

 


                           «AMÁLGAMA DE FORMAS E SILÊNCIOS»


                                                              RUBEN SANTOS


                          O conhecido e admirado «Senhor Açores», cremos que poucas vezes uma pessoa foi com tamanha justiça adjectivado, brindou as gentes em geral e de modo próprio e afectivo os seus muitos e verdadeiros amigos, partilhou um novo livro de poesia, chamado de «Amálgama de Formas e Silêncios». 

                           Ruben Santos, cidadão do mundo em que viveu e onde espalhou a sua benquista e honrada presença (Açores, África, América do Norte, Algarve), transporta-nos uma vez mais a esse suave encantador mundo que tudo o que tem por base a poesia pode e sabe criar.

                            O açoriano, verdadeiro embaixador do «Rosário das Nove Ilhas», nado na Horta, nessa sempre bela ilha do Faial, sem nunca haver perdido, ao longo de décadas de vida, o odor a verdadeiro mar que lhe vem de factores múltiplos (o «mau tempo no Canal», o «Porto do Pim»...., a «sua rua, a família), em suma tudo o que é o seu humanista Universo, nos chega neste livro em que de mãos dadas se conjuga esta «Amálgama de Formas e Silêncios».

                               Para nosso justificado orgulho de farenses é o nº 163 dos «Cadernos do Meio Dia», essa aventura maravilhosa vivida nesta Cidade, em que tem viajado o poeta pleno, Eng. Tito Olívio Henriques, «o amigo dia a dia» (que admirável «gozo» nos dá ler semanalmente o seu «Poema de Domingo»!), a quem o autor homenageia, com todo o mérito. Reparte tal com a Dra. Alzira Silva, que assina o excelente Prefácio. Dele extraímos: «os poemas tocam o leitor num continuum sensorial ou na oposição de emoções tão inerente ao ser humano.

                              Em «Amálgama de Formas e Silêncios», que se lê de um fôlego, pairou-nos toda uma sensação lírica («Fora eu rio/ correria ao longo do teu regaço/ e a cada passo...», o realismo pungente e dramático («Carrego aos ombros / a voracidade dos tempos...»), o lirismo directo e simples («menina da meia - noite/ que nunca foges à chuva...») ou um temível contemplativismo («Mãos velhas / Cerradas / Lavadas de dor...»).

                              Vale a pena ler este livro, tal como a obra de Ruben Santos, um poeta universal nascido nos Açores e vivente, felizmente, na terra algarvia.


                                                                                     JOÃO LEAL


CRÓNICAS DO MEU VIVER OLHANENSE

 

                         AS «ALCUNHAS», UM ADN DE OLHÃO


                          Cada terra algarvia, supomos que um mesmo acontece com todas as terras portuguesas, tem a sua característica própria, que define a figura das suas gentes e é essa a imagem que das mesmas é exportada. Monte Gordo e Alvor, por exemplo, são as «capitais» ou terras maiores das pragas. Em Olhão as «alcunhas» são uma permanência, não raro com direito hereditário.

                         Uma destas noites encontrámos no «blogue» do nosso amigo alentejano Joaquim dos Santos Charata, um antigo, tal como tantos olhanenses, «costeleta» (ex - aluno ou professor da Escola Tomás Cabreira, em Faro, terra onde vive e que o seja por muitos anos, uma curiosa recolha efectuada pela, ao que cremos, olhanense, D. Esperança Afonso sobre as «alcunhas de Olhão». Não resistimos à tentação, pelo que muito representa de muito etnográfico e social, de o transcrever:

                            «Parados no Bate-Estacas,

O melhor sítio de Olhão,

Vamos vê-los a passar

E prontos para recordar

As Alcunhas. Aqui estão:


Vem o António da Tia

Juntar-se ao Xico da Larga

Começam os dois a rir.

Pelo Luís Planeta

Passa o Coxo da Muleta

Que pára logo a seguir.

Olham prá porta da Praça

Acenam ao João da Boa

Que vem atrás da Vareta.

Zangada c,o Batatinha

Ouve-se a voa da Pavoa,

A mandar vir com o Maleta.


Eis que chega o Zé da Dízima

Vem procurar o Laguinhas

Mas vê o Luís Abelha

A falar com o Da Velha,

E pede lume ao Abinhas.


O Domingos da Pousada

Desvia-se do Zé Má Vento

E passa rente ao Bagó

Ao Ratinho e ao Cocó,

E segue pra barlavento.


Manelinho do Chiado

Convencido, vai a todas:

Larga a Boneca de Palha

Troca olhares com a Escaralha

Esquecido da Bárbara à Rodas.


Tacanito de Senhora

Passa todo arranjadinho,

Já viu o Picha de Lata,

O João da Harpa e o Chata

Falando com o Calhinho


Vira a esquina um dos MáMaus

Faz-se à vida com afã

Junto à bica está o Carulho

O Cata Conas e o Bagulho,

30 Porras e Sandokan


Vejo o Zézinho Maluco,

O Zé Bufa e o Maninu

Da arrelampa do cagador

Vem a Mamas a Vapor

E a Anica do Penico


Também vejo o Cú à Banda

Junto à Mula do Inferno

A passar pelo Cangola

Mais a Maria Espanhola

Com um casaco de Inverno.


Também a Anica Batata

E a Maria dos Flatos

Não faltam na confusão

Tacanito de Ouro, Fanaia,

Fandanguinho e Garraia

E o Cabeça de Melão.


Que salgalhada, senhores

Misturei Novo e Antigo

Na minha imaginação.

Sei que concordam comigo:

Qualquer um tem um amigo

Com uma Alcunha de Olhão.»


                                                      JOÃO LEAL