terça-feira, 18 de janeiro de 2022

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL

 DUAS AGREMIAÇÕES ANIVERSARIANTES E MAIS QUE RECENTENÁRIAS  


          Neste início do festivo mês de Dezembro duas prestigiadas instituições sediadas em Faro, que têm resistido aos ventos da História e à vontade dos Homens, assinalaram os seus aniversários, prosseguindo os seus brilhantes historias em prol da cidade dos seus habitantes.

            Com as mais efusivas felicitações pela efemérides havidas, formulamos os propósitos de que prossigam pelos anos adiante como exemplares significativos do associativismo, ao nível do País e da Região.

             Ora que tanto se fala, sobretudo a nível comunitário e face aos constrangimentos que a pandemia tem vindo a acelerar, o caso do Montepio dos Artistas de Faro (Associação de Socorros Mútuos Protectora dos Artistas de Faro) é um exemplo do que constituiu a solidariedade fraterna activada pelos ventos novos do pensamento. Constituído em 1 de Dezembro dde1856, por um grupo generoso liderado por José Joaquim de Moura, hoje com nome na toponímia farense e singelo monumento na sua campa no Cemitério da Esperança.  

               Era o mesmo espírito das Confrarias do Corpo Santo (Casa dos Pescadores nos nossos dias) ou das portuguesas Misericórdias, as Santas Casas, hoje um suporte único e basilar na assistência em Portugal.

                 Possuindo a sede própria, na Rua do Montepio, num edifício que partilha com o outro dos aniversariantes, a Sociedade dos Artistas, desenvolveu uma acção médica - social, que foi com muitos anos de avanço, a percursora do Serviço Oficial de Saúde. Oferecia aos seus associados a acção clínica exercidas por dois médicos, os serviços de radiologia, de enfermagem e de deontologia, bem como a Farmácia, que ainda se mantem na Rua de Santo António, com desconto de 12% e, então gratuitos, quanto aos manipulados no laboratório. Já não existe o carro funerário, que os tempos são outros, mas o espírito de ajuda e socorro mútuos que levou José Joaquim de Moura e sus pare mantem-se na generosa dedicação de Luciano Seromenho e seus colegas da Direcção.

              A Sociedade Recreativa Artística Farense, no vulgo e sempre conhecida por «Os Artistas» constituiu-se 8 de Dezembro de 1906, por um grupo de «artistas», que assim eram designados os mesteres (carpinteiros, serralheiros, pintores, pedreiros, estucadores, etc.) sob a liderança de José António Manjua, conhecido por «Manjua Sapateiro», de que possuía um estabelecimento afamado, em plena Rua de Santo António.  Nos «Artistas» a acção dirigia-se para o recreio (bailes, quermesses, convívios, etc.) e para a cultura (cita-se o caso da excelente Biblioteca, de que o último mentor foi o sabedor ferroviário Sr. Caniço, pai do saudoso Vereador Professor Fernando Caniço), os Jogos Florais da Primavera, o Grupo de Teatro, etc.

                 A sua actividade tem sido nos últimos tempos algo perturbada por via do complexo processo das obras de reabilitação do imóvel, mas acreditamos que o querer de Pedro Bartilotti e seus pares, tantas vezes expresso em realizações múltiplas, onde vencer mais este desafio.


CRÓNICA DE FARO



                      O "20 DE JANEIRO»


         No dia 20 de Janeiro completaria mais um aniversário, quantos não o sabemos, mas que eram largas dezenas, isso eram-no, o há muitos anos desaparecido Clube Recreativo 20 de Janeiro.

        Foi uma dinâmica sociedade recreativa, coeva talvez da também desaparecida «Musical Farense», que teve a sua sede na Rua de Portugal, onde hoje, em prédio reconstruído se encontra um complexo bancário.

         O «20 de Janeiro» sempre teve o seu nicho na Rua do Alportel, em imóvel de há aguardando a prometida construção de um outro prédio, por cima do que foi, durante décadas o conhecido Restaurante Belchior. A quando da sua extinção funcionaram ali, temporariamente o Grupo de Teatro Lethes (quando saiu do Círculo Cultural do Algarve e que esse Poeta Maior que foi o Dr. Emílio Campos Coroa, seu fundador, apelidou nessa fase de «Teatro da Serrapilheira») e uma delegação «cultural/ jogo do bingo» do Sporting Farense.

            Une-nos ao extinto «20 de Janeiro» toda uma afectiva saudade não só porque nos seus maples dormimos alguns dos nossos sonos primeiros dada a condição de dirigente de meu pai. Como mais tarde, já adolescente e homem, o frequentava pelos animados bailes do Carnaval, encenações teatrais (com o lembrado actor / pintor César, que morava na Rua da Barqueta e outros), o enterro do Entrudo (protagonizado pelo inesquecível Paquito «Rabinete», falecido na Argentina e que fora exímio «balhador» do Rancho de Faro e, como ora se diz, «auxiliar educativo» no Liceu. Lembranças ainda das celebrizadas «iscas à Belchior» cujo cheiro subia até ao salão de dança e eram uma tentação...

                Teve períodos brilhantes, que era frequentado pela classe pobre / média, alguns dos quais quando se criou a 2ª esquadra da PSP, na Rua do Alportel e muitos dos agentes foram sócios e dirigentes.

                      Extinta o «20 de Janeiro», cujo estandarte esteve muito tempo em minha casa paterna, fica-nos a lembrança de um período citadino em que as colectividades de cultura e recreio desempenharam um papel de relevante importância no contexto do burgo.

                        Daqui que nos ocorram três pensamentos: 

                       1º) da extrema urgência em ser publicado o livro sobre o tema escrito pelo dr. Marco Sousa Santos                                                           , dos nomes mais sonantes dos modernos historiadores e investigadores algarvios. Concorrente que o foi ao «Orçamento Participativo da União de Freguesias de Faro (Sé / São Pedro) foi preterido em favor de outras acções, na clara demonstração dos «benefícios / malefícios da democracia». Mas importa que este plebiscito seja corrigido com uma deliberada edição da obra que é parte importante do historial de Faro no século XX.

                         2º) que no imóvel futuro a construir onde foi a sede do «20 de Janeiro» seja colocada uma lápide descritiva com a gravura coeva, tal como as existentes em vários edifícios farenses e que esta atitude seja ampliada às desaparecidas sedes da Sociedade Recreativa Musical Farense e do Clube Popular de Faro («Grémio», no Largo do Terreiro do Bispo). 

                           Há que relembrar a história feita e vivida em cada dia dos dias passados.

JOÃO LEAL


«LIVROS QUE AO ALGARVE IMPORTAM»



      «DA MINHA JANELA AFORA PELA JANELA DO CÉU ADENTRO»


                                                              SÉRGIO MATOS


       Na Biblioteca Municipal António Ramos Rosa, em Faro, foi apresentado livro intitulado «Da minha janela afora pela janela do céu adentro», da autoria do escritor farense Sérgio Matos, antigo aluno da Escola Tomás Cabreira.


    «AÇORES NO MUNDO»


                                                     JOSÉ ANDRADE

                Através do querido Amigo o escritor Ruben Santos, uma presença activa da terra açoriana no Mundo e dilecto «filho adoptivo do Algarve», recebemos, oferecido pela Direcção Regional das Comunidades da Região Autónoma dos Açores o excelente livro - álbum «Açores no Mundo», das melhores obras que hemos contactado nos últimos anos. É seu Autor essa notável figura da intelectualidade insular, o escritor José Andrade, que há anos realizou uma notável conferência em Faro. A obra assinalou o 90º aniversário da Casa dos Açores em Lisboa e doo 20º aniversário do Conselho Mundial das Casas dos Açores. Estas iniciaram-se em 1927 (Lisboa) e hoje estendem-se por: Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Florianópolis e Gravatal), Estados Unidos da América (Califórnia e Fall River), Canadá (Montreal, Ontário e Manitoba), Uruguai (San Carlos), Bermuda (Hamilton) e Portugal (Lisboa, Porto e Faro). Melhor que qualquer nosso comentário este excerto do Prefácio escrito pelo Presidente da República, Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, sobre «os três méritos inquestionáveis da mesma»: «O primeiro é ajudar a conhecer melhor a projecção no mundo desse verdadeiro paraíso terreno que são os Açores; o segundo é homenagear a saga dos Açorianos por todo o mundo, embaixadores notáveis que são da sua terra amada e de Portugal; o terceiro é a própria personalidade do Autor, reconhecida, pelos mais variado quadrantes açorianos, como um homem probo, dedicado à causa pública, servidor dedicado do interesse colectivo».

                                                                                     JOÃO LEAL


CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



                               O MEU AMIGO MAESTRO FILIPE DE BRITO


           Unia-me uma profunda, antiga e afectiva amizade ao falecido Maestro Filipe de Brito, um dos mais cotados acordeonistas de sempre. Recebeu de seu pai, o «Brito do Arieiro», o gosto pelo acordeão e bem jovem, ainda não havia completado a dezena de anos, estreou-se, com assinalado êxito, na «Feira Popular», que então se realizava em Loulé, no dobrar da meia metade do século XX. 

          Uma amizade que se fomentou nesse histórico e sempre lembrado Café «A Brasileira». há anos desaparecido e com ele um dos mais vivos centros de convívio farense, onde o Filipe se havia, mesmo quando já em Lisboa, se deslocava a esta terra que considerava como sua.

          Por ali se juntava outros nomes da música - os falecidos locutores Rafael Correia e Elísio Lacerda, os cantores Rui Costa, Luís Guilherme (pai da estrela de televisão Teresa Guilherme) e José António da Luz, o músico folclorista Mário da Encarnação e dos jornais, que a Delegação do «Jornal do Algarve» era vizinha - fronteira na Travessa de ao Pé da Cruz.

         Filipe Luís Graça Brito tinha a sua origem no Arieiro, depois de passarmos a célebre «Ladeira da Cabana Queimada» e já a cheirar a Loulé. Nasceu em 1941 e faleceu, inesperadamente a 11 de Janeiro de 2022, quando nada o fazia prever, pois era uma presença de viva actualidade nos blogues informáticos.  Pelo telefone ficou por cumprir um almoço por ele marcado a quando de uma próxima deslocação a Faro, esta terra que tanto amava para «pormos a escrita em dia».

           Virtuoso de acordeão tocava desde temas folclóricos a clássicos, sem desprezar o super rock ou a introdução das teclas no fado. Fez o ensino secundário no Liceu, então dito de Nacional de Faro e que o será sempre de João de Deus, havendo assinalada presença das actuações do Filipe de Brito nas récitas anuais. Estudou mais e mais (Escola Superior da Educação pela Arte e Conservatório Nacional. Actuou pode dizer-se em todo o Portugal, havendo realizado diversas tournées (Brasil, Estados Unidos da América, Venezuela, França, etc).

            Mais tarde enveredou pelo mundo dos negócios, sendo o principal responsável pela fama e expansão adquiridas pela algarvia «Amarguinha» quer no País como além-fronteiras.

             Este Amigo devotado e sempre presente em momentos especiais da nossa vida deixou uma vasta colecção de discos gravados, que principiaram em 1961 com o selo da Rapsódia (empresa discográfica do Porto) - «Arraial algarvio», «Olés e Castanholas» e «Viajando com o Acordeão», seguindo-se depois os contractos com a «Valentim de Carvalho», a «Tecla» e a «Orfeu - Arnaldo Trindade».

               Um algarvio que amava esta Terra Mãe. Um artista de excepcional virtuosismo. Um Amigo que o foi dos maiores que a Vida nos deu.   


«LIVROS QUE AO ALGARVE IMPORTAM»



  «LEVANTAMENTO ENCICLOPÉDICO DAS FAMÍLIAS DO BARÃO DE SÃO MIGUEL - 1540/1918»

                                                DR. NUNO CAMPOS INÁCIO

     É um dos mais conceituados genealogistas e investigadores algarvios o portimonense Dr. Nuno Campos Inácio, autor de uma vasta obra literária. O último dos seus livros, em apresentação virtual e, posteriormente, sê-lo-á com público presente é «Levantamento Enciclopédico das Famílias do Barão de São Miguel - 1540/1918». Publicado com o apoio da Câmara Municipal de Vila do Bispo, a cujo concelho aquela freguesia pertence, tem 650 páginas de texto inédito, trata-se «do maior estudo alguma vez efectuado sobre esta povoação barlaventina, com 4343 fotolitos e mais de 18 mil registos e 2756 notas biográficas.

      Ainda no âmbito deste estudo daquele advogado e homem da cultura será apresentado este ano o levantamento de Sagres e, em Janeiro de 2023, a que se refere a Raposeira, também no concelho bispense.


               «UALGZINE» 

                                              UNIVERSIDADE DO ALGARVE

              Veio a público a edição nº 14 da revista anual «Ualgzine», órgão institucional da Universidade do Algarve, desta feita dedicada à temática dos doutoramentos, com referência minuciosa ao perfil dos 233 doutores / doutorandos. Estes estendem-se pelas áreas das Ciências da Saúde, Económicas e Empresariais, Exactas e Engenharia, Ciências Naturais e do Ambiente e Ciências Sociais e Humanidades.


                      «PEGADAS NA AREIA»

                                                                   GRAÇA DE SOUSA


            Natural de Sá da Bandeira (Angola) e há muitos anos residente em Portimão a escritora luso-angolana Graça de Sousa, apresentou na Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes, naquela cidade algarvia, o novo romance «Pegadas na Areia». Publicado pela Editora Chiado é o terceiro livro de Graça de Sousa.


                                                                    JOÃO LEAL


 TURISMO ALGARVIO EM NOTÍCIA


       Foi de dez mil o número de passageiros transportados pela Sevenair na sua ligação entre Portimão e Bragança, durante o ano de 2021.

         O Algarve presente na FITUR, a grande feira espanhola de turismo que decorreu em Madrid, entre 19 e 23 de Janeiro.

           Uma nova praia fluvial vai funcionar este Verão junto à Barragem de Odeleite, no concelho de Castro Marim.

            A Condé Nast Traveler (edição espanhola) incluiu o «Vila Vita Parc Resort», na «Gold List 20022» como um dos melhores resorts da Península Ibérica, que foi inaugurada há 30 anos no concelho de Lagoa.

             Foram contabilizados 55539 pedestrianistas em 2021 na «Grande Rota do Guadiana» (GR 15), segundo a «Odiana». uma aposta de 165 klms nos concelhos de Vila Real de Santo António, Castro Marim, Alcoutim e Mértola.

                Até 22 de Fevereiro encontram-se abertas as inscrições na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve (Vila Real de Santo António, Faro e Portimão) para os cursos de Gestão de Restauração e Bebidas e Gestão de Cozinha, que vão ter o seu início em Março.

                 Vários são os eventos de interesse turístico (Festa das Chouriças em Querença, Corsos Carnavalescos em Loulé, Quarteira e outros, cancelados por via da pandemia.

                     «Jazz nas Adegas», a iniciativa da Câmara Municipal de Silves, tem nova edição este ano, comportando 7 sessões, que se iniciam a 21 e 22 de Janeiro na Quinta do Barradas.


                                                                             JOÃO LEAL


CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL

 


                FARO, CAPITAL DA ARTE ROMANA


               De grande valia é o espólio arqueológico deste concelho. Como em feliz hora o definiu o brilhante investigador messinense Dr. Teodomiro Neto, a «cidade de três civilizações - a romana (Ossónoba), a muçulmana (Harun) e a cristã (Faraon)», para além de tantos outros testemunhos históricos (visigodos, judaicos, etc.).

               Este facto é o também e de maneira incisiva, com relevante interesse, sobremodo, para a candidatura de «Faro, Capital Europeia da Cultura - 2027». Isto porque aqui vai decorrer, entre 27 a 29 de Outubro, o «X Encontro Internacional de Arte Romana» que, pela vez segunda se efectua em território português.

                   Para o Dr. Marco Lopes, competente e dedicado Director dos Museus Municipais de Faro, trata-se de «um importante evento académico de reflexão e de estudo», análise que define bem quanto se espera do mesmo.

                    A organização é da Universidade do Algarve, Direcção Regional de Cultura do Algarve, Municípios de Faro e Mértola e do Museu Nacional de Arte Romana de Mérida (Espanha), prevendo-se a presença de nomes destacados, a nível mundial, da Arte Romana, de modo próprio portugueses, espanhóis e italianos.

                     Não pudemos olvidar neste escrito sobre o «X Encontro Internacional de Arte Romana», que vai decorrer em Faro, o valiosíssimo património existente na capital sulina, classificado como «tesouro nacional», com destaque para o mosaico «Deus Oceano» e os bustos de Agripina Minor e do Imperador Adriano.

                      Esta terra farense, de Ossónoba ao Milreu, será  o cenário para tão magnificente encontro onde a romanização é o tema central.