terça-feira, 25 de janeiro de 2022

CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



                O «SOUK» DE FARO


      Em linguagem bérbere o termo «souk» significa o mercado tradicional ou feira periódica. Para além da sua valia económica e social o «souk» é, desde há décadas, uma importante atracção turística nos países do Norte de África e outras zonas (Marrocos, Argélia, Tunísia, Turquia...). É-o de modo muito destacado com a marroquina cidade de Marraquexe que atrai milhares e milhares de visitantes, por entre palmeiras e minaretes...

         Faro, cidade multi - civilizacional que tem na matriz muçulmana uma das mais fortes componentes do seu ADN histórico, reencontra-se nas manhãs de Domingo, com esse período de séculos em que o Islão dominou estas terras do Al-Gharb. Acontece desde 2013, ali no cristão Largo do Carmo, dominado pelo seu majestoso templo, por iniciativa da Associação de Produtores Agrícolas e, de modo especial, pelo dinâmico empenho da Paula Dias, gestora da «Quinta das Marias», na Luz de Tavira e agricultora - vendedora. Não é local único na Região, são-no, entre outros os que nas manhãs de Sábado, se efectuam em Olhão e Loulé, no que á agricultura concerne e às Quartas na Fonte Santa (Quarteira) em múltiplos artigos (roupas, sapatos, malas, atoalhados, etc.). Mas aqui, na capital sulina, em pleno casco urbano, esta reposição do mercado tradicional mouro, na reminiscência do que acontecia no antigo mercado, mais concretamente na hoje Rua D. Francisco Gomes, onde o «tio Bandarra» e outros vendiam, a céu aberto, os seus produtos. Verdade seja que nem todos o são das nossas «hortas», mas o aspecto geral é do «souk», quase nunca com preços regateados, que os mesmos estão, na generalidade afixados em improvisados cartazes. Mas ali pudemos encontrar viçosos, com atractiva frescura e o cheiro ainda a terra as hortaliças, as plantas aromáticas (salsa, coentros, hortelã), o pão caseiro ainda com a emanação das estevas em que foram cozidos, o pão com nozes ou outros recheios, as linguiças e chouriços vindos dos fumeiros e a abundância apelativa dos citrinos, das laranjas (ovais, D. João, baías...) às tangerinas, mandarinas e outras variedades.

                   Há-o também a venda dos mariscos da Ria (a ameijoa dita de cão, a conquilha, as carcanholas...), a par dos queijos artesanais. Curiosidade vem-nos de duas jovens que neste mini - souk do Largo do Carmo apresentam as suas belas colecções de leguminosas (cactos).

                      Acredite leitor e amigo que, nas manhãs de Domingo) vale a pena ir até ao Largo do Carmo e percorrer este reencontro de Faro com o seu passado mourisco.


CRÓNICAS DO MEU VIVER OLHANENSE


                         O «JOÃO GAIVOTA»


          Que outro nome lhe não houvemos, senão a saudade de um amigo franco, generoso e dedicado. A excelente série de publicações que o magnífico blogue da internete «OLHÃO ANTIGO», da responsabilidade do sr. António Martins, tem vindo a publicar e a quem pedimos apenas que «nos faça o favor de prosseguir», trouxe-nos á memória um olhanense de tempos idos que o foi, durante muitos e muitos amos, um dos grandes suportes do, julgamos extinto, CLUBE DOS AMADORES DE PESCA DE OLHÃO. 

            Referimo-nos ao «JOÃO GAIVOTA», que foi diligente e devotado empregado da CASA PIRES, uma das grandes marcas comerciais olhanenses do século passado. Tivemos o grato ensejo de conhecer o sr. João Tertuliano Pires e de ter em seu filho, o sempre lembrado EDUARDO DA CONCEIÇÃO PIRES, tal como nós um «costeleta», um dos mais dilectos amigos. E como, de há muito, desfrutamos da amizade e estima de sua irmã e de seu cunhado, o «embaixador da ética desportiva», HUMBERTO GOMES.

               O visado nesta crónica, o João Gaivota, era nesses tempos, como que o «faz tudo», sem qualquer sentido pejorativo, desde a parte organizativa à função competitiva do dinâmico Clube dos Amadores de Pesca de Olhão (Torneio Internacional, Prova às Anchovas, etc.), bem como os convívios, os aniversários, etc.

                  A sede do CAPO era num primeiro andar por cima da Ourivesaria Miranda e grande era o número (às centenas) de associados.

                   Uma lembrança, ao jeito de pequena homenagem, esta que prestamos com este escrito a esse grande dirigente desportivo, que foi o «JOÃO GAIVOTA».


                                                                                          JOÃO LEAL


CRÓNICAS DO MEU VIVER OLHANENSE


      ADEUS, GASTÃO!

           

                       Foi com o mais profundo pesar que tomámos conhecimento da morte do muito estimado companheiro jornalista Gastão Costa Nunes, ocorrida no CHUA (Centro Hospitalar Universitário do Algarve, em Faro (22 de Janeiro), onde se encontrava internado desde Véspera de Reis.

                         Sem mantermos com ele uma convivência constante Gastão Cruz significava muito para nós, não apenas pela recíproca estima e mútua admiração, que mantínhamos, mas pelo apreço em que o tínhamos como jornalista, honesto e polivalente, que sempre o foi, como pela sua presença quase quotidiana na Rádio Renascença (RR), onde prosseguiu a missão que havíamos iniciado nos anos 70 do século passado. Admirávamos a sua capacidade de ultrapassar as dificuldades de mobilidade que, em nada, o impediam de cumprir a sua tarefa e «ir onde os outros iam».

                          Natural de Angola, Gastão Cruz escolheu o concelho de Olhão para viver, residindo durante anos em Bias do Norte assumindo esta terra como se sua você e podemos escrever que «era um olhanense que não havia nascido em Olhão».

                           Generoso, franco e frontal. iniciara a sua colaboração na chamada «Época de Oiro» das Rádios Locais, designadamente na Rádio Restauração e na Rádio Atlântico, onde conquistou público e se firmou como um valor. Foram estes factores, entre outros, que levaram o conceituado jornalista sambrazense da RR, Rui Viegas, filho do sempre lembrado e saudoso Marcelino Viegas, a indicá-lo para lhe suceder, quando se profissionalizou em Lisboa, no ano 2 000, na representatividade algarvia da Emissora Católica Portuguesa.

                          Foi como que «uma sucessão sucessória» já que eu, após cerca de três décadas em que ocupei estas funções, passei «a pasta» ao Rui Viegas.

                          Muito fez por Olhão e pelo Algarve (noticiário geral, desporto, vida religiosa, etc.) e o Gastão Cruz, a cuja família, em especial à Esposa e Filha, expressamos o pesar que a todos nos toca.


                                                                                                     JOÃO LEAL


CRÓNICA DE FARO JOÃO LEAL



O MANTO DA SENHORA DE BELÉM


       Esta foi uma das tradições religiosas farenses que se perdeu já em meados do século passado. Referimo-nos ao manto de Nossa Senhora de Belém, que cobria a imagem venerada numa das duas capelas laterais da Igreja de São Sebastião, no largo da mesma invocação, frente ao Comando da GNR.

        O templo, data do século XV, é considerado «edifício notável» e que conserva no seu interior testemunhos significativos do «estilo manuelino», entre os quais a capela dedicada a São Roque, encontra-se cedida à Igreja Ortodoxa (Patriarcado da Roménia) para prestar assistência em especial aos emigrantes orientes do Leste e sob a invocação de São Tomé.

           Situava-se, a quando da sua edificação, fora da «cerca seiscentista», ao que se crê por questão da peste que então grassava e de que o Mártir Romano era protector. Foi destruído em 1596 a quando do ataque do Conde de Essex a Faro. Reconstruído dois anos depois pelo Bispo D. Fernando Martins Mascarenhas, serviu de sede à paróquia de São Pedro, em virtude do estado em que esta ficara por via do terramoto de 1 de Novembro de 1755. 

            Na década de 40 do século XX sofreu importantes obras de restauro, quando era pároco o sempre lembrado Padre José Gomes da Encarnação.

             Julgamos que o culto a Nossa Senhora de Belém, nesta igreja, foi coevo ao da sua introdução em Portugal, como o atesta a capela erigida em Belém (Lisboa) futuro Mosteiro dos Jerónimos para apoio espiritual aos mareantes. Retoma-se assim uma homenagem á Virgem Maria pelo nascimento de Jesus na cidade de Belém, na Palestina.

                Voltando à perdida tradição farense acontece    que, durante séculos, quase até aos nossos dias, sempre que alguma mulher estava em «trabalho de parto», recordando-se as muitas mortes havidas entre as parturientes, a cobriam com o manto da Senhora de Belém. Esta devoção era acompanhada pelas orações dos fiéis avisados pelo sino existente na torre sineira da Igreja de São Sebastião com corda pendente para o largo.

                Tradições que fazem parte da história da Cidade de Faro.


CRÓNICA DO MEU VIVER OLHANENSE



                 O «MANO ARRAÚL»


          A recente publicação do livro «Odisseia de Arraúl», da autoria do advogado e escritor Gustavo Marcos, numa edição de «O Sporting Olhanense», que assim retoma uma importante, pelos títulos publicados e desejável, pelo nítido apoio à cultura algarvia, trouxe-me à memória um companheiro dos verdes anos em que, com muitos «filhos de Olhão», frequentámos (1947/49) a Escola Técnica Elementar Serpa Pinto, em Faro.

            Entre os moços olhanenses figurava e destacava-se um excelente companheiro, azougado e generoso, o Raúl Piloto. Soubemos que fora para Paris e pouco mais dele soubemos al longo de setenta anos. Era irmão do então nosso Professor de Matemática, o respeitado técnico, escritor e artista Eng. Diamantino Augusto Piloto, mais tarde com acrescidas responsabilidades na Federação dos Municípios do Algarve e da EDP.

              Chamávamos, mais os seus conterrâneos do que nós, o «Mano Arraúl» pela afinidade familiar com aquele saudoso Mestre, cuja memória muito respeitamos. Bem diferentes eram as suas maneiras de estar na vida. O Eng. Diamantino Piloto acrescia à sua bonomia e homem de arte e do saber, uma postura de dignidade e de seriedade. Ao invés o Raúl Piloto era algo extravasado e buliçoso, o que não beliscava em nada, a sua excelente camaradagem.

                Não sabemos se é vivo, oxalá o seja ou se já nos deixou. Mas foi marcante, tal como a saudade que dele temos, a amigo generoso.


                                                                                 JOÃO LEAL


 «TURISMO EM NOTÍCIA»


      No ano de 2019 a TAP desembarcou no Aeroporto de Faro apenas 3% do total do movimento registado. A RTA quer que a transportadora nacional reforce as ligações, tal como acontece com outras companhias de bandeira (Air France, British Airways e Lufthansa). O Presidente da Região de Turismo do Algarve afirmou: «Quanto à TAP não contamos com ela».

        A Ciclovia da Lezíria, na EN 122, ligando Castro Marim a Vila Real de Santo António, registou no ano passado, mais de 36 mil pedestrianistas, sendo de destacar a panorâmica da Reserva Natural do Sapal.

          Segundo a Vinci, concessionária do Aeroporto de Faro, este registou em 2021, 3,2 milhões de passageiros mais de 48% que no ano anterior e menos 64% do que em 2019.

            A Air Transat retomou até 25 de Outubro o voo semanal entre Toronto (Canadá) e Faro e ligações aos aeroportos canadianos de Vancouver, Calgary e Montreal. Utiliza o moderno A321 neo 2R com capacidade para 199 passageiros.

              O Dr. Bruno Gamito é o novo Director Geral do Hotel Nau Morgado Golf & Country Club, em Portimão.Com o Curso de Gestão Hoteleira da Universidade do Algarve, era anteriormente assistente da direcção numa unidade Nau em Albufeira.

               O maior programador nacional de criação e expansão de startups na área do turismo, a «Tourism Explorer» voltou a Faro, pelo 5º ano consecutivo, com o apoio do Turismo de Portugal, voltou a Faro.

               16,5 milhões de euros vão ser aplicados pela Câmara Municipal de Lagos na recuperação do «Paúl de Lagos», zona húmida no final da Ribeira de Bensafrim. Conta com o apoio da União Europeia e o programa tem uma duração de 10 anos.

                                                                              JOÃO LEAL 


«LIVROS QUE AO ALGARVE IMPORTAM»



              «TRANSIÇÃO DIGITAL E INTELIGÊNCIA COLECTIVA TERRITORIAL»

                                              PROF. DR. ANTÓNIO COVAS

                   Professor catedrático aposentado da Universidade do Algarve, António Covas é o autor de mais uma obra pedagógica (cerca de dezena e meia). Doutorado em Assunto Europeus pela Universidade de Bruxelas assina agora a obra «Transição Digital e Inteligência Colectiva Territorial», a qual tem prefácio do Professor Doutor Luís Coelho, Delegado Regional no Algarve da Ordem dos Economistas.


                «HOTELARIA INTERNACIONAL»

                                               PROF. DR. HELDER CARRASQUEIRA          

                            Docente da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve o Prof. Doutor Hélder Manuel Brito Carrasqueira é um prestigiado mestre algarvio que ora trouxe a lume o livro «Hotelaria Internacional». O também investigador da CITUR analisa obra as formas de expansão no exterior do sector hoteleiro e a sua inserção nas redes de negócios. Editado pelo Grupo Almedina, teve o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia e apresenta, com uma leitura acessível, uma perspectiva pedagógica desta área do turismo.


                    «BAÍA DE LAGOS / COMIDA DO MAR»

                             PATRÍCIA BORGES E NICOLAS LEMONNIER

                        A Câmara Municipal de Lagos editou o livro «Baía de Lagos / Comida do Mar» que comporta três dezenas de receitas de «gastronomia com sabor a mar». O texto é assinado por Patrícia Borges e as fotografias da autoria de Nicolas Lemonnier. A obra foi apresentada no âmbito das comemorações do 449º aniversário da elevação de Lagos a cidade e visa «chamar a atenção para as singularidades do território lacobrigense e as potencialidades do seu património natural, cuja sustentabilidade importa conservar. Trata-se de uma edição bilingue (português e inglês).


                            «HISTÓRIAS DO ZOO»

                                                DRA. SOFIA SCHELTINGER

                Na Loja FNAC, no Fórum Algarve, em Faro, foi apresentado o 1º dos livros da série «Histórias do Zoo», dedicado ao «meio século» da tartaruga. É da autoria da bióloga no Zoo de Lagos, Dra. Sofia Scheltinger. Objectiva «aproximar as crianças dos animais e passar a imagem dos jardins zoológicos modernos na conservação da natureza. A edição é da Zoo de Lagos, com o apoio do Município local.


                                 «ODISSEIA DE ARRAÚL»

                                                           DR. GUSTAVO MARCOS

               Na Biblioteca Municipal de Olhão teve lugar a apresentação do livro «Odisseia de Arraúl», editado pelo quinzenário «O Sporting Olhanense», com a colaboração da Câmara Municipal daquele Concelho e da autoria do conhecido homem de letras e advogado Dr. Gustavo Marcos. Analisa uma das lendas mais populares, a do «Arraúl», que tem presença marcada no «Caminho das Lendas», no Largo João da Carma, no típico bairro da Barreta. A sessão foi presidida pelo Dr. António Pina, Presidente do Município Olhanense, que usou da palavra, tal como o autor e o jornalista Mário Proença.


                                                                  JOÃO LEAL