«NA MORTE DO POETA»
Tinha evidente, justificado e natural orgulho em haver nascido em Faro, no ano de 1941, esse grande nome da literatura portuguesa que foi GASTÃO CRUZ. A sua dedicação à cidade era mais que notória. Conhecíamos o Gastão Cruz desde menino e moço, quando habitava, tal como nós, na Rua Baptista Lopes. Ele era sempre dado a essas «coisas do espírito», sempre mais votado ao intelecto do que aquela vadiagem própria da idade e do tempo, com a «trapeira de meias», ali no Largo da Mota, entre as «lojas múltiplas» dos srs. José da Capela e João, que vinha do Faro Rural (Pontes de Marchil? Santa Bárbara de Nexe?....
O Gastão era de outra gente, de outro grupo, de certa elite que dá nome, prestígio e «mais valia a qualquer burgo. Era do grupo do saudoso e malogrado, também poeta e de que valia, que era o também jovem João Passos Valente, filho da D. Marília Rita da Palma e do advogado dr. João Passos Valente.
Convivia connosco, a «plebe» das Ruas Baptista Lopes, da Mota, da Vasco da Gama, da Lethes, dos Largos Terreiro do Bispo (Largo da Palmeira) e do Sol Posto, mas nada de futebóis. Sim coisas do espírito. Tínhamos a maior simpatia e apreço pelo Gastão e Irmã, a dra. Isabel, que foi pró-reitora da Universidade do Algarve. Estudante do Liceu João de Deus, em Faro, licenciou-se em Filologia Germãnica pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa e exerceu o magistério secundário, profissionalmente. Foi também «Leitor de Português» (1980 / 86) no «King,s College», em Londres e director / fundador do Teatro de Alfama / Teatro da Ajuda. Mas é na arte poética que Gastão Cruz alcançou a sua expressão maior. Em 1961, com 19 anos e num movimento intrinsecamente ligado a Faro («Poesia Sul») publicou o primeiro livro «A morte percutiva». Depois foi toda uma série de valiosos livros que lhe valeram prémios («Grande Prémio de Poesia Maria Amália Vaz de Carvalho - 2019») e as distinções honoríficas pelo seu labor intelectual («Grande oficial da Ordem do Infante D. Henrique» e «Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura», entre outras altas qualificações.
Morreu o Poeta Gastão Cruz. Foi-o no Hospital Egas Moniz, m Lisboa. Faro e o Algarve estão de luto porque tinham em Gastão Cruz, um dos mais expressivos poetas deste nosso tempo.