quarta-feira, 16 de junho de 2010

DO CORREIO ELECTRÓNICO



Os Velhos e os Novos Costeletas


Gostei muito do (almoço) Convívio Anual dos Costeletas.

Do franco e aberto convívio,ao matar saudades; do pé de dança ,às sessões de Autógrafos concedidas pelos Escritores e Poetas da casa; dos momentos de poesia ( e porque não organizar um Grande Sarau Costeleta de poesia?), aos discursos de circunstância; das poses fotográficas para a posteridade, aos abraços e beijinhos repenicados; da recordação dos que não puderam vir, à surpresa dos que suportaram o “jet leg” duma noite inteira de voo dos EUA para estar presentes, tudo foi emoção, alegria e o estravasar do profundo sentimento de grande amizade que une a Família Costeleta.

O número de presenças, atesta bem a Vitalidade da nossa Associação.

A presença de alguns dos nossos professores, conforta-nos e faz-nos sentir ainda mais jovens.

Mas,palavras para quê?, se a excelência das reportagens fotográficas dos nossos exímios colegas fotógrafos, regista à saciedade e com brilhantismo e rigor, o que mil palavras jamais possam traduzir ou ilustrar.

A aparente falta de adesão das camadas de novos Costeletas ao nosso projecto, preocupa-nos.

Mas como já alguém prenunciou; eles vão aderir.

Quando sentirem o apelo da saudade.

Os jovens de hoje não são melhores nem piores do que nós.

Vivem um tempo diferente do nosso, e sulcam os caminhos que nós lhes preparamos.

Nós vivíamos o dia, e os espaços abertos ,jogávamos na praia ou nos estádios improvisados dos Blocos ou do Largo de S.Francisco, namorávamos na Alameda e dançávamos nos bailes que acabavam à meia-noite.De dia estudámos, trabalhámos e muitos estudámos e trabalhámos, para cumprir objectivos... à noite dormíamos.

Não tivemos liberdades...e dizem agora que tivemos sorte.

Muitos deles vivem a noite, os espaços fechados, jogam nos modernos ginásios, namoram às escuras e aos berros nas discotecas ou nos bares, das duas às sete horas da manhã...de dia dormem.

Têm Liberdade...e acusam-nos de lhes deixar-mos um mundo: de merda, sem futuro, sem empregos, sem uma porta aberta.

Aparentemente não têm objectivos e estão desiludidos.

Mas a Juventude é generosa e tem a seiva da vida .

Há a Juventude que acredita, trabalha, e sabe aproveitar o que há de bom no lado bom da vida.

É a juventude que reconhece que a geração dos “velhos Costeletas “, lhes deixa as ferramentas das novas tecnologias, e todo o espaço que a globalização lhes concede para trabalhar e competir em todo o lado, e não um mundo fechado no cantinho à beira mar plantado.

O mundo dos velhos Costeletas era esse cantinho, ou quanto muito os confins do Império.

O mundo que legamos à nossa juventude é Todo o Mundo.

Depois é só saber viver de bem com a Vida:

Saber colher uma laranja fresca e suculenta,

Extrair-lhe e beber o sumo salutar,

da casca fazer um aromático chá,

e dos caroços

um alfobre de novas e verdejantes laranjeiras.

Estes são os Novos Costeletas.

Os que elegemos para nos substituirem.

E honrar.


Almada ,16/6/2010


J.Elias Moreno