EM TEMPO DE FEIRA...
A cidade, capital do Algarve, vive por estes dias e até 23 de
Outubro a tradicional e secular «Feira de Santa Iria». Entre as suas
congéneres é a mais importante, a nível regional e a sua origem,
conforme estudos vindos a público, entre os quais destaco o do dr.
Libertário Viegas, é anterior a 1596. Com efeito foi neste ano que,
vivendo os Reinos de Portugal e dos Algarves, sob a dominação
filipina, o Rei D. Filipe I lhe concedeu o alvará de «Feira Franca».
Tal facto histórico que confere ao certame uma existência superior
aos quatro séculos e diz do que representava já a nível económico
e social.
O vasto Largo de São Francisco, desde há anos, o maior parque de
estacionamento viário do burgo, transforma-se nestas quase duas
semanas, num mundo novo, diferente e cosmopolita. É que, sem a
importância de tempos idos, quando o 20 de Outubro (dia da
Padroeira Santa Iria) e o seguinte movimentavam mundos de gente
vinda de todo o País. A Feira estendia-se então desde o Largo
Afonso III ao Largo D. Marcelina Franco e teve memórias que a
memória guarda. Desaparecido a «catedral do comes e bebes»,
que era o Rolim (ali defronte do Palácio Belmarço), o que permitiu a
libertação de troço das muralhas, sem os famosos e apetecíveis
«perinhos de Monchique» (que se espera os porfiados esforços da
Direcção Regional de Agricultura do Algarve os façam retornar em
quantidade e o ADN único), desaparecida a venda do «soriano»
utilizado na confecção das japonas para pescadores e
mariscadores; sem os barracões (circos) Luftman, Cardinali, Royal,
etc. e os seus apelativos «dama e cavalheiro); sem os robertos e
fantoches («ai Carolina da ponta da unha...»), a «esfera da morte»
onde brilhava o inesquecível ciclista José Martins (Vila Real) ou as
bancas frutíferas do «tinga -la - tinga», feira, não obstante as
naturais evoluções, é sempre um tempo novo citadino que todos os
anos acontece.
Há memória vem-nos a transformação orgânica e luminotécnica
havida na década de 60 do século passado e os nomes do Dr. Luís
Gordinho Moreira (Presidente do Município) e do Eng. Osvaldo
Baptista Bagarrão (Director dos Serviços Municipalizados), que lhe
imprimiram um estilo novo. Como nos ocorre as diversas
localizações desde a Rua e Largo de ao Pé da Cruz à improvisação
acontecida quando o foi em derredor da Doca.
Mas mesmo com todas as alterações havidas, «Feira é sempre
Feira...» e ela aí está!