segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

NOTÍCIAS IMPRENSA REGIONAL

Castelo de Paderne ao dispor da população





Desde o dia 21 de Fevereiro, o Município de Albufeira e a Direcção Regional de Cultura do Algarve passaram a trabalhar em conjunto, numa parceria que tem por objectivo a realização de acções de promoção e a fruição pública do Castelo de Paderne.
O protocolo de colaboração assinado pelo presidente da autarquia albufeirense o Costeleta Desidério Silva, e pela directora regional da Cultura Dália Paulo, prevê a cedência de utilização deste monumento classificado ao município de Albufeira, que passa a ser responsável pela sua gestão. "Pretendemos que este imóvel considerado Património Nacional e inserido na Rede Natura 2000, esteja ao dispor da população e possa servir de palco a eventos culturais de relevo", referiu Desidério Silva. O autarca acredita que o património histórico é um factor cada vez mais importante na escolha do destino turístico, pelo que "se torna essencial apostar na oferta de espaços que divulguem o património do concelho, como temos vindo a fazer com a recuperação das várias Igrejas, a manutenção do Museu Municipal de Arqueologia, a dinamização das Galerias de Arte, a criação do futuro Museu do Barrocal, e, agora, com a disponibilização ao público do Castelo de Paderne".
Na sua intervenção, Dália Paulo destacou a importância regional do monumento, um dos 118 Imóveis Classificados no Algarve, e enumerou algumas das intervenções de conservação e restauro que a Administração Central tem vindo a realizar no Castelo de Paderne. "Hoje é o primeiro dia da nova história deste monumento, que marca a devolução do património às pessoas", afirmou. Para a directora regional, "é imperativo que se proceda à qualificação da oferta turístico -patrimonial da região, conseguida através deste tipo de parcerias".
Durante a cerimónia de celebração do protocolo, o secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, referiu que as "características peculiares do Castelo de Paderne, como a sua construção em taipa, merecem ser relevadas e valorizadas".
Para o presidente da Assembleia Municipal, "este monumento de grande individualidade merece ser divulgado ao público". Carlos Silva e Sousa defende que "para além da vertente cultural e educativa, o Castelo de Paderne também deve desenvolver uma vertente de atracção turística".
De acordo com o protocolo de colaboração, serão implementadas estruturas de apoio no exterior da área do Castelo para acolhimento dos visitantes e para divulgação do monumento.
A população passa, assim, a poder usufruir deste espaço para fins educativos ou de lazer, beneficiando da melhoria de condições de que vai ser alvo este Imóvel de significativa expressão para o concelho e para toda a região algarvia.

"IN JORNAL CARTEIA"



Em S. Brás de Alportel, sua terra
Jornalista Marcelino Viegas
vai ter justa homenagem


Amigos do jornalista Marcelino Viegas, vão homenageá-lo no próximo dia 12 de Março, no Salão de Festas Guerreiro, em S. Brás de Alportel (Sítio do Bengado), a partir da 20.00h, num jantar que se constitui como um grande momento de reconhecimento e afectos, para uma das maiores referências do jornalismo algarvio.
O Jornalista e Costeleta João Leal, faz parte da Comissão de Honra.

IN JORNAL A AVEZINHA

Colocado por Rogério Coelho

CARNAVAL



Mascarilhas - anos 50

Pelo Carnaval a diversão e convívio atingiam o máximo, principalmente, nas noites de mascarilhas, às quintas, sábados e domingos.
Era uma actividade colectiva, pois toda a gente saía à rua, uns mascarados e outros a vê-Ias passar.
As mascarilhas circulavam entre as sociedades recreativas existentes na época, que eram muitas e relativamente perto umas das outras.
Existiam clubes pequenos de bairro como o do Alto Rodes (Futebol Clube Victória, conhecido por CUF), o clube de S. Luís e o Bonjoanense (no Bom João). Estes clubes, na altura do Carnaval, recebiam mascarados mas a frequência era fraca.
Existiam agremiações populares e mais abrangentes, que nos três dias da semana enchiam com bailes de máscaras, os seus salões - o Grémio, os Artistas, o Musical e o 31 de Janeiro.
O Clube Sport de Faro e Benfica servia-se das instalações do Teatro Lethes e também aí, havia festa da "grossa" regurgitando sempre com imensa gente.
O clube mais elitista era o Farense, em plena rua de Santo António. O Ginásio, também selectivo, praticava além de "soirés", "matinés".
Os bandos de mascarados percorriam as ruas da cidade, sendo a principal rua de Faro, a mais concorrida, e ao longo dela juntavam-se pessoas a ver passar as mascarilhas, participando num jogo de adivinhação.
- Quem és tu, ó mascarilha?
Estas pretendiam tapar qualquer ponto de identificação, disfarçando a voz, falando num tom estridente e algo irritante.
Grupos de amigos ou familiares juntavam-se combinando o traje, desfilando pitorescamente, lançando "papelinhos” ou "farinha" e provocando os espectadores
Nos bailes das sociedades, dançavam e, às vezes, revelavam segredos escondidos ou provocavam homens, para verificar o seu grau de fidelidade à esposa. Muitas guerras e namoros se iniciavam nessa altura, assim como verdades e mentiras eram relatadas pelas mascarilhas com as suas vozes acutilantes, a servirem-se do facto de estarem disfarçadas.
As meninas solteiras e sérias, não iam sozinhas, mesmo mascaradas. Com elas ia sempre a mãe ou a avó, também mascaradas, a zelar pelo bom-nome do grupo. Não era raro ver-se, um grupo, todo vestido de igual, com gente muito agitada a procurar plena diversão e atrás um elemento fiscalizador e pouco activo. Alguns desses grupos, jogavam na cara, casos particulares de amigos ou inimigos e gritavam-nos como vingança ou como brincadeira.
Gostava de ver os festejos carnavalescos, mas não gostava de participar neles. Só o experimentei duas ou três vezes e em grupo, por ser mais seguro. Fomos mais para conhecer todas as sociedades. Entrávamos, dançávamos, geralmente umas com as outras, não procurávamos estranhos e saíamos. Era muito incómodo o traje, pois tínhamos de procurar algo que nos tapasse na íntegra, da cabeça aos pés. A mascarilha, de tecido e feita em casa, "picava" na cara, dificultava a visão e a respiração. A voz tinha de ser disfarçada e mantido o disfarce ao longo do diálogo.
Na rua apareciam atrevidos que tentavam cercar o grupo, apalpar para ver se era homem ou mulher. Nas salas de baile era o mesmo problema, sendo sempre a nossa defesa, a unidade do grupo.
Este período áureo acabou por morrer e hoje já nada resta a não ser umas imitações, bem longe da realidade.
O Carnaval era uma convivência humana, eufórica, uma época que nos ajudava a expulsar todas as agruras da vida, era um escape.
Toda a cidade formava um todo com o mesmo objectivo ¬diversão e um marcado espírito de família. Surgiam problemas de relaciona-mento, de zangas, mas tudo ficava resolvido porque:
CARNAVAL NINGUÉM LEVA A MAL!!!!!!!!!!!!!!

IN "PEDAÇOS D'ONTEM na cidade de Faro"
De Lina Vedes
Na 1ª pessoa

Colocado por Rogério Coelho

QUANDO ALGUÉM PARTE


Faleceu
Américo Furtado Mateus

Foi co-fundador da Casa do Algarve
A todos os familiares e amigos o nosso profundo desgosto

QUE DESCANSE EM PAZ

No dia 20 de Março serão lembrados os Algarvios que faleceram e constantes duma relação inscrita no Boletim da Casa do Algarve, numa missa a realizar na Igreja do Santo Condestável, em Lisboa.
Informação do nosso associado Costeleta Jorge Tavares.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

INFORMAÇÃO _ ÚLTIMA HORA



ÚLTIMAS NOTÍCIAS DA LÍBIA











الحالة في القاهرة ما زال غامضا. استمرت الفوضى

أنا معجب صبركم لترجمة هذه اللغة الهيروغليفية المصرية القديمة.

الآن يذهب الى العمل.

Quando tiver mais, mando !

Do nosso associado correspondente Mário Simões Delfino

ANIVERSÁRIO DE ASSOCIADOS COSTELETAS



PARABÉNS A VOCÊ
MARÇO  -   ANIVERSÁRIOS

3-Maria Eduarda Madeira Trindade Lisboa; 4 – Dr. Jorge Fernandes Andrade Monteiro. 5 - Maria Elete Teófilo Lopes Dias Nobre; António José Valente Viegas; Mário Joaquim Marvão Gordilho Zambujal. 6 - Francisco Manuel Leote Marques; Carlos dos Santos Vasques; Maria Lisete Faustino Alves Pires; Herondina Maria Cabrita Águas Silva. 7 - Maria Luísa Guerreiro Barroso. 8 - Edménio Guerreiro Madeira Caetano. 9 – Maria Luisa Baptista dos Santos da Velha. 10 - Firmino Correia Cabrita Longo. 13 - Aurelina Carlota Nobre. 17 - Maria da Nazaré Romão Santos; Maria Videlmina Rosa Santos. 19 - José Manuel Martins Molarinho; Maria José dos Santos Capela Coelho. 20 - Lucília Jesus Rodrigues Vieira. 21 - José Alberto Figueira Guerreiro; Horácio António Rosa da Cunha. 22 - Otílio Fernandes Correia Dourado; Maria Madalena Guerreiro Chumbinho; José Maria Coelho Adrião. 23 - Teodósio Vairinhos da Silva. 25 - Maria da Encarnação Marreiros Alves; Isabel Encarnação Pires Santos Valente. 26 - Osvaldo Santos Agostinho; José Vitorino C. Neves do Arco. 28 - António Pires Guerreiro Nicolau; Maria Celina Pontes Gonçalves Filipe. 30 - José Maria Ferreira Delgado; Ludgero Paquete Rocha; Vinebaldo Evangelista Ferradeira Charneca.

Parabéns a todos!

Nota: - Dado que não temos contactado directamente com a Direcção, para actualização dos aniversários (lista de sócios), pedimos desculpa por qualquer falha na informação.

Colocado por Rogério Coelho

Para desanuviar – Março


Já os gomos das árvores vicejam,
Nos taludes a erva reverdece,
Nos regatos as águas murmurejam,
Nos corações o amor cresce!


Nos valados lírios rebentam,
Lírios roxos, amarelos – são!
Além da beleza que ostentam,
Sai deles perfume em profusão!


Perfume tão doce e intenso,
Que ficar ali apetece,
Aspirando aquele odor imenso,
Que deles se evola e desce!


Já os pássaros chilreando,
Bico com bico vão voando,
E, assim serpenteando
Vão alegremente namorando!


Anda uma fragrância no ar,
Envolvendo todo o nosso ser,
Que os sentidos vai deliciar,
Os desejos vão aparecer!


Já lá vão homem e mulher,
De mãos dadas – o cupido falou;
Que é que eles vão fazer?
Com certeza que adivinhou!


Manuel Inocêncio da Costa

sábado, 26 de fevereiro de 2011

POESIA LUZIADA



Desconheço o autor
mas tiro-lhe o chapéu!!!!!


Montinho

I
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo o que lhes dá na real gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto proclamaram
Nas campanhas com que nos enganaram!

II

E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas.
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!

III

Falam da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calam-se aqueles que por engano,
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.

IV

E vós, ninfas do Douro onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene.


Elisa e João
macuadenacala.blogspot.com


OUTRA GENTE...

Era oriundo de famílias aristocráticas e descendente de flamengos.
O pai deixou de lhe pagar os estudos e deserdou-o.
Trabalhou, dando lições de inglês para poder continuar o curso.
Formou-se em Direito.
Foi advogado, professor, escritor, político e deputado.
Foi também vereador da Câmara Municipal de Lisboa.
Foi reitor da Universidade de Coimbra.
Foi Procurador-Geral da República.
Passou cinquenta anos da sua vida a defender uma sociedade mais justa.
Com 71 anos foi eleito Presidente da República.
Disse na tomada de posse:
"Estou aqui para servir o País. Seria incapaz de alguma vez me servir dele..."
Recusou viver no Palácio de Belém, tendo escolhido uma modesta casa anexa a este.
Pagou a renda da residência oficial e todo mobiliário do seu bolso.
Recusou ajudas de custo, prescindiu do dinheiro para transportes, não quis secretário, nem protocolo e nem sequer Conselho de Estado.
Foi aconselhado a comprar um automóvel para as deslocações, mas fez questão de o pagar também do seu bolso.
Este SENHOR foi Manuel de Arriaga, o primeiro Presidente da República Portuguesa.

INDUBITAVELMENTE, OUTRA GENTE!
( Sem comparação possível ! ! ! )

incógnito

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O QUINTO IMPÉRIO de PESSOA
E A NOSSA REALIDADE

Como é belo o Portugal ideal do Quinto Império, como é tristre o Portugal real da choldra,( de D.Carlos) da piolheira dos Portugueses que mal sabem ler e escrever (Fernando Pessoa). Pessoa, messiânico na sua relação com Salazar, é tão diferente do homem de Santa Comba, mas.... faces da mesma moeda.
Portugal, nos últimos cinquenta anos tornou-se um país cada vez mais alheio a si próprio.Um país virado para o exterior, saído de uma origem rural,obrigado a olhar de novo para si próprio e fingindo que ainda tinha um Império. Um país que fez as guerra com soldados saídos na sua maíoria, da terra. Um país que se viu reduzido à sua dimensão territorial mais simples que não correspondia aos sonhos de grandeza de uma formação imperial tão falsa como sonhadora. Os politicos, em vez de mudarem as agulhas nas suas prioridades , não, continuaram a ver e a julgar o país como se nada se tivesse passado à sua volta, como se nada tivesse mudado.
A depressão colectiva que atinge o país hoje deriva do desconhecimento dos seus politicos e da falta de raízes. Os Portugueses de hoje, filhos e netos de
camponeses, renegaram as suas origens, envergonhados das suas origens honradas mas pobres dos seus avós, deslumbram-se com automóveis, com ecrans “plasma”, com riquezas que pareciam faceis.
É pois esta vergonha das origens humildes, este novo riquismo que nos levou ao endividamento, que tem afastado Portugal da terra, é esta vergonha que tem ditado a estratégia dos governos. Todos eles.
Criou-se o mito de que há pouca terra de cultivo. E, é isso mesmo, um mito.
Não existem terras inferteis. Israel cultiva o deserto. A água é abundante em Portugal. Tem é que ser melhor aproveitada. A barragem do Alqueva, por exemplo, foi deixada nas gavetas por dezenas de anos mesmo durante a ditadura porque a agricultura embaraçava as suas (deles governos) prioridades.
A agricultura tal como as pescas podiam ou poderiam ter sido as apostas estratégicas dos dirigentes pós ultramar mas, foi sempre esquecida em favor do “aconselhamento” de Bruxelas para não lhes chamar “ negociatas de Bruxelas”. Ao contrário de Espanha que se tornou a horta da Europa. Eu pergunto, o que terá melhor a árida região de Valencia que não tem o Alentejo ou o Algarve?
Há quem ainda não satisfeito se proponha desmantelar o Ministério da Agricultura seguindo a politica destrutiva iniciada há decadas. Realmente é mais fácil acabar com tudo do que reformular e investir em empresas modernas de agricultura que daria a Portugal sustentabilidade e rendimentos quase imediatos de exportações vigorosas de produtos escassos e caros para os países do Norte Europeu.
Nasci em Mar e Guerra,cresci na Senhora da Saúde, esgueirei-me para a cidade, conheci mundo, sei o que afirmo mas não quero falar na primeira pessoa embora o esteja fazendo para me situar.
Abraço
Diogo
Algarve!... Um Paraíso


Algarve ... é singular idolatria,
Que envolve o amplo mar, inspirador
E embala o seu berço sonhador
As ondas rendilhadas de magia!

Algarve ... sublimado p'la poesia,
Da pureza de Inverno - "a neve em flor"-
Fragrância que perfuma com vigor
A mais bela aguarela da harmonia!

Algarve ... Região linda do sul, .
Tem praias sol dourado e céu azul;
A serra... o barrocal... as tradições!...

Espaços de lazer tão repousantes
E as noites de luar tão fascinantes,
- Algarve... santuário de emoções!

Maria Romana

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

TEMA INTERNET-Computadores.

A DIFERENÇA ENTRE "http" e https"

- Leia com atenção

Eis aqui um conselho válido e talvez muita gente não saiba disto...
Especialmente para quem faz compras via Internet.
A DIFERENÇA ENTRE "http" e "https" .
A maioria das pessoas ignora que a diferença entre a utilização de http:// e https:// é, simplesmente, a sua segurança! O "s" = secure segurança.
A sigla http quer dizer "Hyper Text Transport Protocol", que é a linguagem para troca de informação entre servidores e clientes da rede.
O que é importante, e o que marca a diferença, é a letra "s" que é a abreviatura de "Secure"!
Ao visitar uma página na web observe se começa por: http://; isto significa que essa página se comunica numa linguagem normal, mas sem segurança!
Não se deve dar o número do cartão de crédito através de uma página/site começada por http://.
Se começar por https://, isso significa que o computador está conectado a uma página que se corresponde numa linguagem codificada e segura, à prova de espiões.

Informação do Raminhos
Colocado por RC.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

PEDAÇOS D'ONTEM



Neve em Faro

Estávamos nos últimos dias de Janeiro de 1954, fazia um frio de “rachar”. Na subida para o Liceu, enrolávamos o corpo nos casacos, abotoados até ao pescoço. Da boca saía “fumo” branco e o nariz gelava.
Para nós, jovens, era divertido transformar em brincadeira o rigor da invernia.
- Vamos todos a fumar para o Liceu!!!. ..
- O que dirá o reitor??? ..
Eu andava na explicação da Brites, que morava no Alto Rodes, para onde ia, de tarde, depois das aulas.
No dia 2 de Fevereiro, pela manhã, o frio era fora da normalidade, nem conseguíamos escrever tão geladas tínhamos as mãos.
À tarde, à saída da explicação, olho a rua e vejo-a toda branca e flocos a caírem do céu.
Era inédito, nunca tinha visto coisa igual, só no cinema ...


                                     Praça D. Francisco Gomes com neve
É necessário salientar que na época, estudávamos a formação de neve, granizo, nevoeiros e outras coisas mais, mas tudo era teórico e as gravuras dos livros eram escassas e a preto e branco.
Entro de novo, vou até à sala das explicações e digo: - D. Brites, parece que está a cair neve!!!. ..
- És parva ou quê? Neve? Impossível!!!. ..
Vou de novo para a porta da rua e fico extasiada com o espectáculo ... Seria mesmo parva? Não queria arriscar outro adjectivo menos favorável ...
Aguardei mais tempo, numa correcta observação, em pormenor, pus a mão de fora a aparar o que caía do céu, pus o pé no chão calcando o manto branco, abri os braços, já na rua, olhando o céu ... Flocos de neve caiam-me no rosto, no corpo encasacado, entro de novo em casa e digo:
- Venham ver!!!
A D. Brites, que tinha a filhita pequena ao colo, sentada numa cadeira baixa, quase joga a moça ao chão e corre pelo corredor da casa, em direcção à rua. Atrás dela todos os explicandos, em procissão descompassada.
- Oh! Oh! Incrível!!. ..
Nenhum dos presentes tinha visto neve, nem os vizinhos, que já se tinham apercebido de algo extraordinário, e apareciam às portas, todos de "boca aberta".
Começámos logo na brincadeira, raspando o chão com as mãos, fazendo bolas e jogando uns aos outros.
Finalmente, arranquei para casa, e no Largo do Carmo encontro
a mãe que me ia buscar, ao ver a minha demora.
O piso estava tão escorregadio, que nos tínhamos de agarrar uma à outra. Foi uma risada até casa. A neve continuava caindo e até parecia que o frio tinha quebrado.
O polícia sinaleiro, que estava de serviço na altura, era o Carlos, amigo da "pinga", que tinha o hábito de dar escapadelas, até à tasca do Fontinhas, beber um copito. Na tasca, havia sempre no balcão, um copo à sua espera. De fugida, no momento de menos trânsito, que ele controlava no Largo da Palmeira, ia até à tasca, emborcava o vinho sem respirar e saía lambendo os beiços.
Nesse dia de Inverno, o sinaleiro Carlos cambaleava no seu posto de trabalho, e pensámos que estaria "alegrote".
Estávamos todos às portas de casa, divertidos, apreciando o espectáculo e reparando que o céu tinha uma tonalidade diferente do habitual, estava brilhante como prata ...
A mãe presta mais atenção ao polícia, aproxima-se e pergunta-lhe se estava bem. O homem já não falava. Parado, no meio do largo, vestido com a farda de sinaleiro, coberto de neve, tinha gelado.
Trouxeram-no para minha casa, deram-lhe um copo de aguardente, limparam-lhe a neve, despiram-lhe o casaco dos galões, todo molhado e taparam-no com uma manta. A mãe telefonou para o posto e vieram buscá-lo.
No outro dia, a ida para o Liceu foi uma festa. A neve já não era fofa, era gelo escorregadio ...
A meio da manhã, tínhamos, nesse dia, duas horas seguidas de aulas com a D. Loide Chumbo, Português e Francês. Ninguém conseguia concentrar-se nos trabalhos e menos ainda com esta professora, que não conseguia dominar as turmas.
Estávamos de pé, numa algazarra ensurdecedora e gritávamos às janelas da sala de aula, para colegas que brincavam na rua. Então, a Adelaide Costa, sai da sala sem que a professora se aperceba e regressa batendo à porta, com insistência. Silêncio absoluto ... Será o reitor ... fizemos tanto barulho ...
- D. Loide, há autorização para irmos brincar na neve, na rua¬ diz a Adelaide.
Ninguém soube o que disse a D. Loide. Saímos de roldão, corremos pelo corredor, descemos as escadas e saímos para a rua.
Foi um espaço de tempo maravilhoso ... até aparecer o senhor Sortibão, muito "enrascado", a falar com a professora.
Voltámos para dentro e a D. Loide, levada pelo contínuo, foi directa à reitoria.
Sabemos que ela andou "murcha", durante uns tempos ... Sabemos, que todo o Liceu (sector moças) sofreu de inveja da turma FEMININA, que saíra à rua a brincar na neve ...

IN "PEDAÇOS D'ONTEM na cidade de Faro"
De Lina Vedes na 1ª pessoa

Colocação de Rogério Coelho
RECORDAÇÕES

FELIZARDO & GLORINHA

Por João Brito Sousa

O estabelecimento comercial Felizardo & Glorinha, que ficava situado ali à mão de semear da Escola Comercial e Industrial que frequentávamos, era outra escola, era o desenrascanço para o almoço com as sandes de cavala, os primeiros cigarros que se fumaram e ali se compraram (cinco tostões, três cigarros), foi talvez o primeiro bagaço, o primeiro copo de tinto e por aí fora.
O mais interessante que o estabelecimento tinha para nos dar, era, para além do que acima disse, sandes, tabaco e…. era carinho, pois os velhotes, respeitosamente, faziam claro o seu negócio, mas lia-se no seu olhar um pouco de ternura, dirigida sobretudo àquela classe social que aparecia na cidade pela primeira vez ou quase e que os da cidade apelidavam de “montanheiros”.
A cidade não nos facilitou a vida, tinha as suas normas, era um ambiente mais civilizado onde se andava de sapatos engraxados e luzidios enquanto nós, os recém chegados, vínhamos de botas cardadas. Nos anos cinquenta a rapaziada que melhores provas tinham feito na quarta classe faziam de seguida o exame à Escola Comercial e alguns também ao Liceu. Mas em termos de educação estávamos um bocado atrasados e foi neste domínio que o estabelecimento Felizardo & Glorinha desempenhou o grato papel de nos educar, substituindo, nalguns momentos os nossos pais.
Da minha parte têm reconhecidamente o meu agradecimento.
Não há ninguém ou quase ninguém do meu tempo que não se lembre do Ti Felizardo e da Ti Glorinha. Eram da nossa família, pertenciam-nos, compreendiam à nossa forma de estar, as nossas intenções, as nossas preocupações, as nossas más notas, as nossas companhias e davam-nos conselhos, principalmente a D. Glorinha, coração mais sensível, mãe também, que muitas vezes nos acarinhava em momentos mais ou menos difíceis.
Deixaram-nos saudades.
A Escola naquele tempo, recebia alunos de todos os lados, desde Messines a Vila Real de Santo António e quase todos iam até ao estabelecimento comercial Felizardo & Glorinha a qualquer hora do dia. Quem vinha do lado de Messines, chegava a Faro às seis horas da manhã e as aulas começavam às oito e quarenta e cinco, sobrava tempo para a brincadeira e para gastar o dinheiro da senha que se deveria comprar hoje para consumir amanhã.
Vida dura,,a de estudante, daqueles tempos.
Grandes frequentadores do estabelecimento éramos todos mas permitam-me que recorde aqui alguns nomes, pessoas inesquecíveis, que vinham dos arrabaldes, o Jaime e o Cevadinha, que vinham de bicicleta pedaleira, das Quatro Estradas de Loulé e Boliqueime, respectivamente, sempre a dar-lhe e, quando chegavam á Ti Glorinha, lá iam comer qualquer coisa e beber também, o Joaquim Xavier das Ferreiras e o Manuel Lima de Salir e tantos, tantos, tantos.
A Escola e as amizades, recordações, saudades, outros tempos, velhos tempos.
Muitos dos que frequentaram o estabelecimento já faleceram e quero dizer-lhes que os que conheci, continuo a conhecê-los porque eram meus amigos. Cito um nome em representação de todos, Luís Cunha, costeleta e familiar da Ti Glorinha, gerente do BPSM em S.Brás de Alportel e depois em Faro. Tudo gente boa em tempos difíceis. Quando o General Sem Medo esteve em Faro nós também estivemos. E vimos o General em ombros.
A Escola Comercial e o estabelecimento Felizardo & Glorinha, já desapareceram
Efeitos do tempo.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011



Era uma vez…

Era uma vez um País,
País grande desde a raíz,
No qual um governante havia,
Que toda a gente conhecia,
Que era um especialista,
De promessas tão famosas,
Como de pedras fazer rosas;
Tinha dons de ilusionista,
Mas o país não progredia,
Pelo contrário se afundava,
Em direcção aos abismos,
Mas de cada vez que falava,
Ele aos íncolas dizia,
Que o país muito progredia,
E assim, alguns confundia;
Mas o país dia a dia,
Mais fraquinho se sentia;
Era a dívida que aumentava,
E o desemprego só crescia;
Então os impostos aumentou;
Essa transfusão segundo falou,
Era para o doente curar,
Mas este em vez de melhorar,
Já mal podia andar,
E começou a murmurar;
De princípio os povos do norte,
Começaram a se revoltar,
Os bois pelo nome a chamar,
Depois os povos do sul,
Onde o desemprego era larvar,
E, até na própria capital,
Agitaram-se as multidões;
Já toda a gente sabia,
Era quimera o que ele prometia,
E, todos começaram a falar,
Que se fosse embora,
Que fosse sem demora,
Para outros países,
De mais novas raízes,
Que eles povos do norte e do sul,
Dele e dos restantes dirigentes,
Fartos, fartos estavam,
Que mais o não toleravam.
E, pelo país inteiro,
Como um vento avassalador,
Que rodopiava,
Que queimava,
O coro imenso do povo,
Soava;
Desde os cumes dos montes,
Até aos vales
E às fontes,
Todos ouviam a mensagem,
Também as árvores, a ramagem,
Velhos carvalhos e castanheiros,
Todos ouviam o apelo,
A ordem,
Ampliando,
Ordenando,
Dizendo que o tempo,
Do homem acabara;
E o coro era tão forte,
Que não havia regresso,
O povo queria progresso,
E, nem que fosse empurrado,
Era a hora do homem partir;
O povo estava sentido,
O povo andava tristonho,
O povo queria de novo,
Sorrir e respirar,
Queria tempos de bonança,
E, foi só quando foi sabido,
Que outros e o homem
Tinham partido,
Que no povo nasceu,
E aqueceu,
De novo a esperança!


Manuel Inocêncio da Costa

domingo, 20 de fevereiro de 2011

"RETRATOS À LÁ MINUTA"



1. Apologia de Faro

Sou fanática pela minha terra.
Amo-a com paixão doentia fechando os olhos a todos os inconvenientes que, racionalmente, sei que existem.
Não consigo perdoar os que a criticam, embora possa entender as suas razões.
Sempre fui assim, neste AMOR por Faro.
Talvez por ter vivido no coração da cidade durante a infância, talvez por ter respirado a essência genuína emanada das pessoas, das casas e do ar ...
A grande marca vincada pela cidade, nas minhas recordações, é a Rua de Santo António.
Nela corri e saltei quando criança de escola, por ela passeei com colegas de liceu, para baixo e para cima, numa vivência inesquecível; e com brincadeiras de adolescentes .
Na Rua de Santo António namorei, andei de braço dado com o meu marido, empurrei os carrinhos de bebé das minhas filhas, ensinei-as a andar e vigiei-as ao longo do seu crescimento, transmitindo-lhes todo este amor e revendo-me na sua progressão.
Também elas pisaram a calçada da rua quando se emanciparam, casaram e procriaram.
Na rua da minha vida passeei, amparando a mãe já velhota, empurrei a cadeira de rodas do pai e nela enterrei a amargura da sua perda.
Todas as tardes entretenho os netos, esperando a hora de os devolver aos pais, . prevendo o futuro dos pés pequenitos que começaram a pisar as pedras da minha rua ...
A rua perdeu movimento, mas tanto eu como o meu marido continuamos a desfrutar dos passeios, do Jardim à Pontinha, com o mesmo entusiasmo do passado, olhando as casas, as pessoas, respirando com prazer de novidade tudo o que nos rodeia.
Há sempre um amigo para "3 dedos "de conversa, para comentar o presente, o passado, prever o futuro e recordar o cheiro da castanha assada, no Outono, a Ria Formosa, a Alameda, o Liceu, Santo António do Alto, a Doca, a Sé ... enfim ...
- É paixão doentia!!!!!!!!!!!!!
Tive uma avó que nas longas noites de Inverno, sem televisão, nos encantava com os seus cantares, as suas danças, as ladainhas, adivinhas, lenga-Iengas, poesias, relatos de histórias cómicas, dramáticas ou assustadoras. Armazenei esses conteúdos e adicionei-lhes os meus, para os legar-aos descendentes.
A vida actual é de tal maneira preenchida, que não existe espaço para ocupar com conversas de família, ou tempo para "perder" a ouvir uma avó ou uma mãe ...
Surgiu-me a escrita.
Lego as minhas crónicas e o meu Amor a Faro aos familiares, amigos, farenses de nascimento, farenses adoptados e aos simpatizantes da cidade.


Crónicas de Lina Vedes, na 1ª pessoa,
"IN FARO RETRATOS À LÁ MINUTA”
Continua
Colocado por Rogério Coelho

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011



MAURÍCIO SEVERO
E OUTROS COMENTÁRIOS.

Por João Brito Sousa


MAURÍCIO SEVERO é o tipo de costeleta que eu admiro. Tem qualidades. Já me têm dito cobras e lagartos dele, mas continuo a admirá-lo. Se trago o nome do Maurício para aqui, é porque, além de costeleta e de não me fazer a vida fácil, porque quando tem a dizer diz e forte, é pelo facto de me ter telefonado hà dias a saber de mim, a dizer-me que tenho andado muito calado, mostrando-se muito preocupado com o blogue da escola e perguntou-me: tens falado com o Rogério ? Ora perguntar por mim é uma prova de amizade significativa, que eu tento corresponder com este texto, onde lhe reconheço mérito pessoal. Já agora dizer mais, que o  amigo Maurício, faz questão que lhe envie os livros que vou publicando, arranjou-me um cliente e paga-me. Não é pelo dinheiro em si: é pela atitude.
Considero o Maurício um educador, um homem de princípios, um homem que deve ser ouvido, apesar de nem sempre ter tido esta opinião a seu respeito. Não tinha mas agora tenho, até porque já estive em sua casa, almocei lá, foi uma tarde bem passada e o Maurício ofereceu-me peras da quinta que tem lá para Mafra.
Já agora citar outros costeletas que gostam do que escrevo e me perguntam pelas obras: Alfredo Pedro, Ludgero Farinha, Zeca Bastos, Zé Elias Moreno e outros.
Escrevo esta crónica, em favor da unidade costeleta, que sempre defendi e verifiquei que voltaram uns e outros se afastaram. Mas continuo a pensar que o nosso palco é aqui. Estive voluntariamente retirado, pensando que seria eu a “maçã podre” como disse o outro, mas, a verdade é que tenho recebido incentivos para voltar. E cá estou.
Não perdi o contacto com o blogue; de vez em quando vou lá ver. E fico satisfeito com o que vejo. Como o texto do Ferreira Borges, que está muito bem construído e merece ser lido com atenção, porque é um texto pedagógico, que ensina e nós precisamos de aprender. E gostei igualmente de outros textos. Mas não vou falar disso agora.
A Escola foi destruída em favor do progresso ou, quiçá, do cimento armado. Houve quem não gostasse e tivesse emitido opinião. Eu não esqueço a escola, dentro de mim mora a saudade e recordo-lhe todos os cantos e peripécias. Aquela cena do João Cuco, que, quando o Professor ia iniciar um treino de andebol e o João mandou a bola para a Alameda.
Vou dando notícias e deixo um abraço costeleta.


LANÇAMENTO DE LIVRO

Caros amigos,


No dia 26 de fevereiro, Sábado, em São Paulo, a Autora e Dancarina, Patrícia Bencardini, irá dançar e autografar seu livro "Dança do Ventre - Ciência e Arte" da Editora Baraúna.

Recebido da editorabarauna.com.br

Nota: - Notícia em especial dedicada aos nossos amigos Costeletas radicados no Brasil
RC.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

UMA IDEIA PERIGOSA: A DEMOCRACIA PODE ESTAR A CAMINHO DE DESAPARECER

Haim Harari *


A democracia pode estar a caminho de desaparecer. Os historiadores do futuro podem vir a determinar que a democracia terá sido um episódio de apenas um século. Desaparecerá. Esta é uma ideia (ou, talvez melhor, um prognóstico) triste, verdadeiramente perigosa, mas muito realista.
O desaparecimento de determinados tipos de fronteiras entre países, o comércio internacional, as fusões de economias, o fluxo de informação instantâneo e global, e vários outros aspectos da nossa sociedade moderna, todos conduzem a estruturas multinacionais. Se extrapolarmos esta tendência irreversível, temos o planeta inteiro a tornar-se uma unidade política. Porém, nesta unidade, as forças antidemocráticas são uma nítida maioria. Esta maioria aumenta todos os dias, devido a padrões demográficos. Todas as nações democráticas apresentam um crescimento populacional lento, desprezível ou negativo, enquanto todas as sociedades antidemocráticas e incultas se multiplicam depressa. Dentro dos países democráticos , as famílias com melhores níveis de educação permanecem pequenas, enquanto as famílias com menos educação crescem. Isto significa que, tanto a nível individual como nacional, quanto mais pessoas alguém representa, menos poder económico detém.
Numa economia baseada no conhecimento, em que o número de mãos aptas para o trabalho é menos importante, esta situação é muito menos democrática do que na era industrial. Enquanto a mobilidade ascendente de indivíduos e nações conseguia neutralizar o fenómeno, a democracia era sustentável. Mas quando aplicamos esta análise ao planeta inteiro, ao modo como está agora a evoluir, percebemos que a democracia pode estar condenada.
A esta ideia devemos acrescentar o lamentável facto de as empresas multinacionais autoritárias serem em geral mais bem geridas do que as nações democráticas. As prédicas religiosas, os sound bites televisivos, o incitamento a ultrapassar limites que é feito na televisão e a liberdade de espalhar boatos e mentiras através da internet incitam ás lavagens cerebrais e à ausência de pensamento racional. Proporcionalmente, mais mulheres jovens estão a crescer em sociedades que as discriminam negativamente do em sociedades igualitárias, aumentando a percentagem mundial de mulheres que são tratadas como cidadãos de segunda classe. Na maior parte dos países avançados, os sistemas educativos atravessam uma profunda crise, enquanto em muitos países em vias de desenvolvimento a educação moderna é quase inexistente. Uma pequena elite tecnológica, com boa educação, está a tornar-se detentora da propriedade intelectual, que é, de longe, o bem económico mais valioso, enquanto o resto do mundo desliza em direcção a um outro género de fanatismo. Em resumo, a conclusão inevitável é que a democracia, o menos mau dos nossos sistemas de governo, está a caminho da saída.
Conseguiremos inventar um sistema melhor? Talvez. Mas isso não acontecerá se estivermos proibidos de proferir a frase: «Talvez exista um sistema político que seja melhor do que a democracia.» Hoje em dia, o politicamente correcto não nos permite dizer tal coisa. O resultado desta proibição será o inevitável regresso a um qualquer tipo de governo totalitário – diferente do dos imperadores, colonialistas ou latifundiários do passado, mas não mais justo. Em alternativa, considerar esta questão, aberta e honestamente, pode conduzir a uma revolução mundial na educação das massas dos pobres, salvando assim a democracia, ou à busca cuidadosa de um sistema justo (repito, justo) e melhor.

*Haim Harari é físico teórico e antigo presidente do Instituto Weizmann de Ciência

Enviado por Ferreira Borges





NOTÍCIAS ALGARVIAS

Do "Jornal Carteia"

Mercado de Loulé adoça os paladares
16-02-2011
De 23 a 26 de Fevereiro, das 10h00 às 19h30, o chocolate vai ser rei no Mercado Municipal de Loulé, naquela que será a primeira edição da Feira do Chocolate de Loulé. Bolos, bombons,bebidas quentes, cascatas ou fondues, todos eles confeccionados a partir do chocolate, prometem adoçar e deliciar até o mais requintado dos paladadares, ao mesmo tempo que promove a divulgação das propriedades nutritivas do chocolate.


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Protecção Civil sensibiliza população
16-02-2011
No âmbito do Ano Internacional do Voluntariado e inserido nas comemorações do Dia Internacional da Protecção Civil, o Serviço Municipal de Protecção Civil de Loulé leva a cabo um programa de actividades que tem em vista sensibilizar a comunidade para esta temática.

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Loulé mostra conversa entre dois artistas
16-02-2011
De 23 de Fevereiro a 24 de Abril, a Galeria de Arte do Convento Espírito Santo, em Loulé, abre portas à Exposição "Conversation Piece", dos artistas Pedro Calapez e Ana Manso.

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Algarve SPA Week integra programação do Allgarve
16-0! 2-2011
A segunda edição do Algarve Spa Week que decorre de 5 a 12 de Março com a participação dos principais hotéis de 5 estrelas do Algarve passa a integrar a programação do Allgarve 2011.

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Silêncio que se vai cantar o Fado
16-02-2011
O TEMPO - Teatro Municipal de Portimão propõe entre 24 e 26 de Fevereiro uma reflexão sobre o fado.

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Mundialito traz estrelas à região
16-02-2011
Realiza-se de 2 a 9 de Março, em diversos estádios algarvios, a 18ª edição do Mundialito de Futebol Feminino "Algarve Women's Football Cup 2011", que contará com as mais credenciadas selecções da modalidade.

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Vou retomar o meu lugar na Assembleia de Freguesia
15-02-2011
A notícia chegou ao conhecimento da população através de um blog e dava conta de que Ezequiel Tomás teria sido "traído pelo PS"e o seu lugar na Assembleia de Freguesia de Quarteira de Quarteira "usurpado". Pelo exposto, Ezequiel Tomás falou com o Carteia para desmentir tais afirmações.

Recebido de  imprensaregional.com.pt
Os nossos agradecimentos à Direcção do Jornal  newsletter@carteia.pt
RC.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

CANTINHO DOS MARAFADOS


(Leia - sorrir faz bem ao fígado)

ANÚNCIO PARA ARRUMAR NAMORADA

Matéria publicada em um jornal de circulação diária do Estado do Ceará
(Leia também a resposta da pretendente).


Homem descasado procura...

Homem de 40 anos, que só gosta de mulher, após casamento de sete anos, mal sucedido afetivamente, vem através deste anúncio, procurar mulher que só goste de homem, para compromisso duradouro, desde que esta preencha certos requisitos:
O PRETENDIDO exige que a PRETENDENTE tenha idade entre 28 e 40 anos, não descartando, evidentemente, aquelas de idade abaixo do limite inferior, descartando as acima do limite superior.
Devem ter um grau razoável de escolaridade, para que não digam, na frente de estranhos: 'menas vezes', 'quando eu si casar', 'pobrema no úter', 'eu já si operei de apênis', 'é de grátis', 'vamo de a pé', 'adoro tar com você' e outras pérolas gramaticais.

Os olhos podem ter qualquer cor, desde que sejam da mesma e olhem para uma só direção.
Os dentes, além de extremamente brancos, todos os 32, devem permanecer na boca ao deitar e nunca dormirem mergulhados num copo d'água.
Os seios devem ser firmes, do tamanho de um mamão papaia, cujos mamilos olhem sempre para o céu, quando muito para o purgatório, nunca para o inferno.
Devem ter consistência tal que não escapem pelos dedos, como massa de pão.

Por motivos óbvios, a boca e os lábios, devem ter consistência macia, não confundir com beiço.
A barriga, se existir, muito pequena e discreta, e não um ponto de referência.
O PRETENDIDO exige que a PRETENDENTE seja sexualmente normal, isto é, tenha orgasmos, se múltiplos melhor, mas mesmo que eventuais, quando acontecerem, que ela gema um pouco ou pisque os olhos, para que ele sinta-se sexualmente interessante. Independentemente da experiência sexual do PRETENDIDO, este exige que durante o ato sexual a PRETENDENTE não boceje, não ria, não fique vendo as horas no rádio relógio, não durma ou cochile.
O PRETENDIDO exige que a PRETENDENTE não tenha feito nenhuma sessão de análise, o que poderia camuflar, por algum tempo, uma eventual esquizofrenia.

A PRETENDENTE deverá ter um carro que ande, nem que seja uma Brasília, ou que tenha dinheiro para o táxi, uma vez que pela própria idade do PRETENDIDO, ele não tem mais paciência para levar namorada de madrugada para casa.

Enviar cartas com foto recente, de corpo inteiro, frente e costas, da PRETENDENTE, para a redação deste jornal, para o codinome:
'CACHORRO MORDIDO DE COBRA TEM MEDO ATÉ DE BARBANTE'.



Resposta da Pretendente, publicada dias após, no mesmo periódico Cearense :

Prezado HOMEM DESCASADO...

Li seu anúncio no jornal e manifesto meu interesse em manter um compromisso duradouro com o senhor, desde que (é claro) o senhor também preencha outros 'certos' requisitos que considero básicos! Vale lembrar que tais exigências se baseiam em conclusões tiradas acerca do comportamento masculino em diversas relações frustradas, que só não deixaram marcas profundas em minha personalidade, porque 'graças a Deus', fiz anos de terapia, o que infelizmente contraria uma de suas exigências!

Quanto à idade convém ressaltar que espero que o senhor tenha a maturidade dos 40 anos e o vigor dos 28, e que seu grau de escolaridade supere a cultura que porventura tenha adquirido assistindo aos programas do 'Show do Milhão'...!

Seus olhos podem ser de qualquer cor desde que vejam algo além de jogos de futebol e revistas de mulher pelada.
E seus dentes devem sorrir mesmo quando lhe for solicitado que lave a louça ou arrume a cama.
Não é necessário que seus músculos tenham sido esculpidos pelo halterofilismo, mas que seus braços sejam fortes o suficiente para carregar as compras. Quanto ? ?
Boca, por motivos também óbvios, além de cumprir com eficiência as funções a que se destinam, as bocas no relacionamento de um casal devem servir, inclusive, para pronunciar palavras doces e gentis e não somente: 'PEGA MAIS UMA CERVEJA AÍ, MULHER!'.
A barriga, que é quase certo que o senhor a tenha, é tolerável, desde que não atrapalhe para abaixar ao pegar as cuecas e meias que jamais deverão ficar no chão.
Quanto ao desempenho sexual espera-se que corresponda ao menos polidamente à 'performance' daquilo que o senhor 'diz que faz' aos seus amigos! E que durante o ato sexual, não precise levar para a cama livros do tipo: 'Manual do corpo humano' ou 'Mulher, esse ser estranho'!

No que diz respeito ao ítem alimentação, cumpre estar atualizado com a lista dos melhores restaurantes, ser um bom conhecedor de vinhos e toda espécie de iguarias, além de bancar as contas, evidentemente.
Em relação ao carro, tornam-se desnecessário s os trajetos durante a madrugada, uma vez que, havendo correspondência nas exigências que por ora faço, pretendo mudar-me de mala e cuia para a sua casa ... meu amor!!!

ass: A COBRA


A Poesia Do Mar!

Tu me sensibilizas tanto, mar!
Pleno de misticismo é teu mundo;
Em que o poeta sente algo profundo,
A inspiração no peito a flutuar!

Ah ! como eu gosto de te contemplar!
Tu és surpreendente, tão fecundo;
Porém, te transfiguras, num segundo,
Em negro manto ... logo, em verde-mar!

Tu, mar! és a serena nostalgia
E a musa que promove a melodia,
Nesse teu universo de mudança!.
..
Em noites de luar tens mais poesia
E o teu murmúrio, calma sinfonia;
- Sons divinos que espalham a bonança ...




Maria Romana

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

POESIA


Escuta Portugal

Escuta oh nobre Povo de Portugal;
Lembra as caravelas que partiram,
Desbravando o mundo num sem igual,
Olha esses valentes que te miram!


Não baixes a guarda - luta;
Foi o que eIes sempre fizeram;
Existirá sempre quem tome a batuta,
E quem lembre os que morreram!


Esses prodígios não foram em vão,
São um exemplo para os de agora;
Não quereis desmerecê-los pois não?
 Então em bloco uni-vos - é a hora!


O País está doente, muito doente,
Já vezes sem conta esteve em sarilhos;
Mas levantou-se sempre - serrai o dente,
Arregaçai as mangas dilectos filhos!


Que temos agora no negro horizonte?
Dívida enorme - a descrença campeia,
Então bebamos a água da fonte,
Força, trabalho, não qualquer panaceia!


Mobilize-se o País – toda a gente,
Para campos, fábricas, investigação,
Que a tal ninguém fique indiferente,
Vamos – lutemos pela Nação!




Manuel Inocêncio da Costa
IN  VENTOS DO SUL - Inocêncio da Costa

sábado, 12 de fevereiro de 2011



ADIVINHA QUEM ESCREVEU ESTE TEXTO

PARA AVIVAR A MEMÓRIA

 "...nós estamos num estado comparável sómente à Grécia: mesma
 pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo
 abaixamento de caracteres, mesma decadência de espírito. Nos livros
 estrangeiros, nas revistas, quando se fala num país caótico e que pela
 sua decadência progressiva, poderá ...vir a ser riscado do mapa da
 Europa, citam-se a par, a Grécia e Portugal".


 Adivinhaste? Não? Então vê mais abaixo



 Eça de Queirós, em 1872, no seu livro As Farpas



 E andam para aí uns malandros a dizer que a História não se repete!!!


Maurício Domingues

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011


POMBAS ENAMORADAS



Alfredo Mingau

Com dedicatória para o meu amigo
João Brito de Sousa


Uma taberna no centro da cidade velha. Vila A Dentro.

Lá dentro um fumo frio rodopia nos vidros embaciados, de fora o nevoeiro, não muito cerrado dirige os olhos com cataratas para dentro. Em frente da taberna, atrás do nevoeiro, há um muro alto. Atrás do muro a igreja da Sé.

Abre-se a porta. Entra um homem magro com um movimento vivo e uma senhora completamente vestida de preto. O zumbido e o tilintar dos copos esmorecem. O parente mais próximo da morte é o silêncio.

A mulher vestida de luto chega-se ao balcão. O homem pede dois copitos de medronho, pega-lhes e dirige-se com a mulher para uma mesa. Agarra com a mão direita num dos copos e com a esquerda, e em silêncio, empurra o outro para a mulher.

Ela tem um véu de luto que chega aos joelhos. Tem também luvas pretas, chapéu preto, em cima do qual, em torno do véu, há um colar de pérolas pretas. Agora ela tira uma das luvas, com essa mão chega aos joelhos e levanta o véu. Eles entreolham-se, acenam e, sem dizer coisa alguma, emborcam silenciosamente o medronho. A mulher baixa o véu.

O silêncio quebra-se um pouco. As pessoas que estão aqui na taberna, são todas frequentadoras habituais, verificando-se alguns turistas estrangeiros. Sabem que o nevoeiro e os cadáveres são igualmente frios: e essa dupla frieza só tem um remédio, que é o medronho. A mulher de luto está no centro da simpatia.

Um minuto depois o silêncio regressa. De repente, o homem levanta-se vai ao balcão e pede mais dois copinhos de medronho. Paga e regressa à mesa. A mulher levanta o véu, acena para o homem, emborca o medronho. Depois, silenciosamente, baixa o véu. Agora todos podem observar a sua cara. A pele é branca, os traços são agradáveis aos olhos, mas a cara sujeitou-se ao luto, dissipou-se nela como se, durante uma noite, tivesse marinado em leite. Este segundo copinho de medronho amoleceu mesmo o coração dos mais apáticos bebedores de cerveja. Dois copinhos na linguagem das tabernas, significa morte súbita, um descalabro inesperado.

O homem paga novamente, o outro do balcão serve. A mulher levanta o véu. Ela emborca o medronho, mas, desta vez, não baixa o véu. Com olhos desafogados, fixa os olhos no copo, e a seguir começa a cantar, inicialmente em tom baixo e, de repente muito alto, mas com sentimentos profundos e tristeza dilacerante observando através da janela os pombos poisados na rua:

“Por que arrulham vocês, pombas enamoradas?”

Canta com uma entoação interrogativa. E, realmente, pombas enamoradas. Por que arrulham vocês?



DIFERENÇA ENTRE O REI E O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

COMO A CRISE NACIONAL ERA VISTA PELA FAMÍLIA REAL EM 1890




Enviado pelo Mauricio

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011



Dançando Forró

MUSICAS BRASILEIRAS
PAGODE e FORRÓ

O Brasil se identifica de forma Nacional pelo “ SAMBA “ (ligada ao Carnaval) “
Para quem se integra na população Brasileira, verifica que a nível Nacional nos últimos 30 anos, se encontra o PAGODE e o FORRÓ (nomes que quando aqui cheguei nem conhecia).
Aqui complemento algumas informações:
O PAGODE
Antigamente, [Pagode] (festa)[pagode] era considerado como festa de [escravo]s na [senzalas.
No final da década de 1970, em São Paulo o termo passou a ser associado a festas em casas e quadras dos subúrbios paulistas, periferia paulistanas, regadas a bebida e com muito samba e com muito “ suingue “ (traduzindo festas para casais liberais). daí a forma pejorativo e preconceituosa que esta palavra assumiu”.
A palavra pagode no sentido corrente surgiu de festas em favelas e nos fundos de quintais paulistas que falavam sobre sentimentos (alegrias e tristezas) das pessoas que lá moravam
Na verdade, o pagode não é exatamente um género musical.
Pagode era o nome dado às festas que aconteciam nas senzalas e acabou tornando-se sinonimo de qualquer festa regada a alegria, bebida e cantoria.
O termo pagode, começou a ser usado como sinonimo de samba por causa de sambistas que se valiam deste nome pra suas festas, mas nunca o citaram como estilo musical. == Género == O pagode designa festas, reuniões para se compartilhar amizades, música, comida e bebida. Surge como celebração do samba em meados do século XIX e se consolida no século XX no Brasil.
Mesmo antes já eram celebradas estas festas em senzalas de escravos negros e quilombos. Com a abolição da escravatura e fixação dos negros libertos no Brasil e que têm uma relação intrínseca com o sincretismo de religiões de origem africana, como o candomblé, a umbanda - o pagode se consolida com a necessidade de compartilhar e construir identidade de um povo recém liberto, e que precisa dar outra função ao corpo que até então é somente instrumento de trabalho. Por isso a relação estreita entre música e dança na cultura de origem africana, além do fato de ter a síncopa (A síncopa é geralmente usada para dar o sentimento de aflição, de insegurança, de ansiedade, ou seja, aquilo que sai de sua forma natural e homogénea) .

Forró

Forró é uma festa popular brasileira, de origem nordestina e é a dança praticada nessas festas, conhecida também por arrasta-pé, bate-chinela, fobó, forrobodó. No forró, vários ritmos musicais daquela região, como baião, a quadrilha, o xaxado, que tem influências holandesas e o xote, ( Xote (também escrito xótis, chóte ou chótis) é um ritmo musical binário ou quaternário e uma dança de salão de origem portuguesa. ) são tocados, tradicionalmente, por trios, compostos de um sanfoneiro (tocador de acordeon—que no forró é tradicionalmente a sanfona de oito baixos), um zabumbeiro e um tocador de triângulo.

Depois de um período de desinteresse na década de 1980, o forró ganhou novo fôlego da década de 1990 em diante, com o surgimento e sucesso de novos trios e artistas de forró.
Estilos da dança
O forró é dançado em pares que executam diversas evoluções, diferentes para o forró nordestino e o forró universitário:
O forró nordestino é executado com mais malícia e sensualidade, o que exige maior cumplicidade entre os parceiros. Os principais passos desse estilo são a levantada de perna e a testada (as testas do par se encontram).
O forró universitário possui mais evoluções. Os passos principais são:
Dobradiça - abertura lateral do par;
Caminhada - passo do par para a frente ou para trás;
Comemoração - passo de balançada, com a perna do cavalheiro entre a perna da dama;
Giro simples;
Giro do cavalheiro;
Oito - o cavalheiro e a dama ficam de costas e passam um pelo outro.
Modernização do Forró
A partir de meados da década de 80, com a saturação do forró tradicional (Conhecido como pé-de serra), surgiu no Céará um novo meio de fazer forró, com a introdução de instrumentos eletrônicos (tais como guitarra, bateria e baixo). Também as letras deixaram de ter como o foco a seca e sofrimento dos nordestinos, e passou a abordar conteúdos que atraíam os jovens..

Informações mais detalhadas podem ser encontradas na internet .

Saudações costeletas
António Encarnação


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011


Hoje fui ver o Farense

Sim, fui à bola. À Bola, á moda antiga.
Ao domingo às 15 horas. Depois do almoço, como antigamente
O Farense jogou em Massamá onde fui almoçar a casa de meu filho.
O Adversário, foi o Clube local, o Real Massamá (onde se fez o Nani e o miúdo o Salomão que brilha no Sporting)
Há quanto tempo não via o meu Farense…
Recuei aos anos 50/60. Ao ritual daquele tempo.
Ao domingo … almoçar… e ir prá bola, com filho e netas
Qual jogos à noite, ao sábado, à sexta, isso viria mais tarde.
É certo que não conheci nenhum dos jogadores do Farense, é certo que nem sequer o nome de qualquer deles sei, já que não vivo na minha cidade, não frequento as tertúlias e o mediatismo dos inquilinos das divisões secundárias é praticamente nulo.
Que contraste com o antigamente, quando os sabia a todos de cor.
Mas fui. Era o meu Farense, ali tão perto.
Lá fomos, com minhas netas já a torcer pelo Real, pois vivem em Massamá desde que nasceram.
Meu filho neutro. Jogava o Clube do pai com o Clube das filhas.
Chegámos. Já lá estava o autocarro do Farense. O emblema, grande, na lateral do autocarro identificou-o de imediato.
Gente com bandeiras alvi-negras, caminhavam ruidosos. Não conheci ninguém.
O jogo começou.
Ali estava eu, no meio da escassa e desconhecida assistência, ausente do que se passava à minha volta, porque o meu subconsciente me empurrava para o “meu” velhinho S.Luis onde os intérpretes eram outros que eu tão bem conhecia.
Na minha frente corriam outros jogadores, ele era o Queimado, o Zé Maria o Alfredo
Aquela falta fora sobre o Reina.
O penalti por marcar fora carga sobre o Rendeiro. E na nossa baliza era o “Ratinho” que lá estava, protegido pelo Ventura e pelo Bentinho.
Volto à realidade, quando à minha volta não vejo na assistência o respeitável Sr. Gago, o Rodolfo e outros adeptos de todos os domingos.
Vi onde estava, quando não ouvi o habitual pregão do velho e baixote espanhol que vendia torrão de Alicante apregoando:
--Torró, torró!...
Empate, 1 golo para cada lado. Resultado justo. Uma palavra de apreço à claque do Farense. Apoiando sempre, durante toda a partida. Cantando incentivando. Ruidosa sim. Correcta também.

À saída só uma travagem brusca, e um esticão no meu braço, meu filho evitava que distraidamente entrasse numa passadeira de peões porque o meu cérebro revia o “maluco da bola” que o popular actor amador João Veríssimo (barbeiro de profissão na largo d’Alagoa) tão bem dizia, lendo os versos que o poeta e cronista desportivo Vítor Castela compusera para a revista “…o resto são cantigas!” levada à cena em meados dos anos 50 no já desaparecido cinema Santo António.

Dizia assim o saudoso João Veríssimo:


“ Ai meu Deus que estou chalado!
Não me toquem! Estou danado!
Sinto vertigens na tola!
Não ganhamos por um triz…
Eu venho do S. Luís,
Fui ver o jogo da bola!
Só espanhóis havia três,
Cada um por sua vez,
A mostrar mais ligeireza…
O Zé Maria ladino,
O famoso Celestino
E o potente Vinueza!
O Lãzinha passa ao lado,
Joga a bola pró Queimado
Que a endossa pró Rendeiro…
E eu com o meu amigo Gago
Por um pouco não me … deixo
Lá ficar o dia inteiro!
-Bola ao centro! Grita o Passos…
Há correrias, abraços,
Por isso ninguém se ensaia.
Os outros cheios de pasmo
E é tanto o entusiasmo
Que o Rodolfo até desmaia!
Há agora uma rasteira,
Surge bronca…--Que sujeira!
Grita de longe o Lacerda …
E o público indignado,
Começa a bramar irado:
--Ò seu árbitro vá …à fava!
Sofre o Manso e o Baptista
Que não é curto de vista
Segue entusiasmado a luta…
O árbitro não apitou,
Já dois cantos perdoou…
Que grande filho da mãe!
Terminou o desafio!
Eu estou a suar de fio
E embora mal pareça,
Não consigo descansar
Porque não posso tirar
Os dois cantos da cabeça!””


------------------------------------


Recordar esta rábula de 1955 no Cinema Santo António, foi o prolongamento de todas as recordações que este jogo a que hoje assisti, me trouxeram à memória.

Abraços


Jaime Reis

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O “CAMIÃO GIGANTE”

 Por Norberto Cunha

Seria difícil inventar alcunha que melhor exprimisse a impressão induzida pelo aspecto físico da visada, uma idosa professora dos finais da década de cinquenta. Invulgarmente alta para a idade e para o tempo, volumosa de formas, pesada e desajeitada no andar, a sua figura surpreendia à primeira vista e logo na retina se gravava. Nunca vim a saber o nome dela nem que disciplina leccionava e só uma vez me foi dado observá-la. Mas ainda estou a vê-la.
Encontrava-me certa tarde no átrio da escola quando, irrompendo do grupinho postado no cimo dos degraus a espreitar a rua, dois colegas que eu não conhecia deram uma brusca meia volta e, acotovelando quem os estorvava, dirigiram-se apressados para a portada de acesso ao interior. Sem perceber o que sucedia, vi-os abrir as portas de par em par, segurarem-nas e perfilarem-se junto delas quais aperaltados e conspícuos mordomos. Surpreendido e expectante, não tardei a ser tomado de espanto perante a vénia exagerada que se seguiu: um lento, cerimonioso rodar e estender de braços apontando o corredor, no preciso momento em que a idosa senhora ali chegava. Jamais tinha assistido a uma tão ostensiva e desinibida ridicularização de um docente, estatuto que presumi ser o dela. Mas logo o meu anterior estado de espírito se avivou ao perceber que de quantos presenciaram a burlesca encenação, apenas eu a estranhara e se surpreendera. E não resisti a inquirir quem era a professora e o que levava os folgazões a tanto atrevimento e alguns dos demais a tão divertida cumplicidade. “Eh pá…, não sabes quem é a gaja? — É o Camião Gigante, pá.”, respondeu-me de pronto um dos autores da brincadeira, como se a alcunha me dissesse tudo. Achei-lhe graça, mas nem assim a minha expressão de estranheza se alterou e ele apressou-se a adiantar “ É uma chata, pá… Nunca falta nem chega atrasada! Até é boa a explicar a matéria, mas não bate a bola muito bem …”. Inesperada, surpreendente e duvidosa justificação. Por tão pouco, ou mais que fosse e que eu soubesse, publicamente professor algum tinha sido posto a ridículo e com tal aparato. Insisti, e, em pulgas por meter a sua colherada, o parceiro do meu interlocutor antecipou-se-lhe acrescentando que “aquela maluca” castigava os alunos com testes e mais testes, alguns parcial ou totalmente repetidos e cuja correcção nunca era feita. Era óbvio pois, que quanto a estes, se tratava dum pretexto para desviar de si as atenções, mantendo a turma ocupada. Porém, nem sequer fingia vigiar o comportamento de um e outro como se tais testes fossem a valer. Ao invés, e sem o mínimo disfarce, aproveitava esses “tempos livres” para resolver problemas de palavras cruzadas ou tricotar de peças de vestuário. A minha incredulidade suscitava outras perguntas, mas o primeiro dos brincalhões já retomava a iniciativa: “Então e aquela grande barraca que ela deu com as meias?”, lembrou, logo corroborado pelo segundo: “É verdade, pá! A gaja, assim que acabou de distribuir o ponto pôs um alguidarzinho com água em cima da secretária, descalçou as meias de vidro e esteve todo o tempo de volta delas a ensaboar, esfregar, enxaguar, sem se ralar com a malta”. Adivinha-se que, com a repetição de tais procedimentos, os despeitados alunos acabassem por perder a compostura. De facto, conforme aqueles dois me asseguraram, a dada altura já um ou outro se comportava de maneira menos correcta, mas dissimulada. Mas depois do falso teste “das meias” o protesto tomou a forma duma acção colectiva e concertada que aliava indisciplina e diversão. Fosse qual fosse o “afazer” com que a professora se entretinha e sempre que ela não pudesse descortinar os atiradores, logo voavam pela sala as bolas de papel amachucado com que a bombardeavam. Umas acertavam-lhe. Outras não. No entanto, para maior desconsolo dos improvisados artilheiros, era como se nenhuma a alvejasse. Tão empenhada se mostrava naqueles passatempos, até parecia nem se aperceber do bombardeio que volta e meia a flagelava. Ou, penso eu agora, tal o grau de perda de amor-próprio a que chegou, anos e anos a aturar gerações de catraios ou de imberbes adolescentes.