domingo, 11 de julho de 2010


Sentimentos Dispersos!

Eu sou a giesta ao vento,
Em meu triste pensamento;
Eu sou a vida na sombra,
Sem ter cor, sem ter alento
Mas vejo emergir o Sol,
À distância, em movimento!
Eu sou essência, à deriva,
Flutuando em meu espaço,
Sem ter asas p'ra voar...
À noite, na escuridão,
Contemplo a Estrela Polar,
Mas não encontro o meu norte,
Sofrendo a desilusão!
Vejo a luz da madrugada,
Mas não a posso alcançar!
Em meu trilho há emoções,
Que desejo alienar!
Meus sentimentos dispersos,
Camuflam a realidade;
Ah! Se eu pudesse sonhar!
- Lá diz o Grande Poeta,...
Que "o sonho comanda a vida"...
A força que me desperta;
Eu qu'ria demais, sentir
Serena tranquilidade
Minh' alma poder sorrir
E a vida poder amar!...

Maria Romana

Poesia Lírica Tema Livre
1º Prémio Internacional - Brasil

o Cuco do Relógio


O grande e antigo relógio da sala de estar, da bela mansão, situada numa extensa propriedade, não parava; o ritmo calmo e certo do tic tac provocava sonolência, naquela tarde de Verão.

Pedro, um adolescente, encontrava-se em férias, por isso, descontraído, sem preocupações.

Após o almoço, saiu para um pequeno passeio pelo campo, mas, como estava muito calor, voltou para casa; já na sala ouviu o cantar do cuco colocado sobre o pêndulo do relógio, fazendo soar as três horas da tarde.

Sentou-se num dos maples " e preparava-se para ler " Novos Contos da Montanha ", mas preferiu " Seara do Vento ". Passados que foram alguns minutos, o livro deslizava das mãos e caía no chão.

O relógio não parava no tic tac, apenas interrompido pelo cu cu, cu cu, que anunciava as horas que iam passando.

Assim, em repouso, Pedro viu sair do relógio o cuco, que, depois voou até junto dele, aconchegou-o junto ao peito e acariciou-o, passando as mãos pelo dorso cinza e ventre branco raiado, da frágil ave.

O tempo decorria mas, em dado momento, acordou, ao ouvir a mãe, que lhe perguntava, se ele queria ir à cidade com ela, fazer compras.

Ainda, um pouco estremunhado, procurava a avezinha, mas logo percebera, que nada se tinha passado; ficou deveras triste por ver que era falsa realidade... aquela linda cena, enquanto dormitava!...
Maria Romana