Da Costeleta Lutilia Rocha recebemos, agradecemos e transcrevemos:
Esta noite é noite de S. João.
Nas
aguarelas da minha infância há postais coloridos desta noite que dança e
rodopia até ser dia, como ainda hoje, em algumas localidades.
Recordo
de ler que na vida das comunidades desde a pré-história, havia datas chaves que
assinalavam a relação mágica com a terra e o céu. A festa desta noite herda da
festa pagã do solstício de Verão todos os símbolos que a caracterizam – pedras,
plantas, água e fogo.
No
calendário litúrgico, S. João Batista é o santo precursor da anunciação e
preparação da vinda de seu primo – Cristo Redentor. Batizou-O no rio do Jordão,
apresentando-O como o Messias.
O seu
culto alia à festa religiosa toda a alegria de um festejo popular que se
expande pelas ruas e se comunica e exterioriza de forma ruidosa.
Naquela
época, em que começava despertar para o intrincado da vida, a minha terra, de
casario disperso pela serra algarvia de Monte Figo, debruçada sobre a aldeia de
Santa Bárbara de Nexe, ganhava um encanto especial, particularmente nesta
noite.
Os mastros
surgiam erguidos pelos rapazes onde havia raparigas por perto. Eram cinco:
quatro mais pequenos em cada canto formando um quadrado e um grande ao centro
de onde pendiam as fitas para a dança do bailarico, todos enfeitados de macela
florida, alecrim ou murta que aromatizavam o lajedo onde a fogueira se iria
acender para iluminar a noite.
Os
manjericos enfeitavam as janelas de onde saía a luz frouxa das candeias de
azeite.
O som do
harmónio ecoava pelas redondezas convidando ao bailarico.
Os mais
idosos sentados nas cadeirinhas de tabua, com o garrafão de vinho tinto ao
lado, o naco de pão e a sardinha estivada assada conversavam animadamente.
As
crianças davam largas à alegria saltando a fogueira, nove vezes e dando vivas a
São João.
As
raparigas casadoiras, divertiam-se tirando «as sortes».
Usavam
cera derretida, alcachofras chamuscadas, papelinhos com nomes de rapazes, tudo
servia para tentar ler o futuro.
As
mulheres casadas faziam a sorte das favas para ver se o ano seria bom para as
colheitas – a fava vestida, a semi-nua e a nua – eram passadas pela fogueira
nove vezes e escondidas às escuras sob o
travesseiro. Na manhã de S. João retirava-se uma fava: se viesse sem casca,
o ano seguinte seria de miséria, o contrário seria de fartura.
Outra
sorte era a da bacia com água. Passando-a pela fogueira as benditas nove vezes
servia de espelho da vida: se o rosto era visível chegaria ao próximo S. João.
Depois essa água servia para lavar o rosto na manhã seguinte, dizia-se, para
ficar com pele macia.
Muitas
outras sortes haviam.
E todos
dançavam naquela noite, rindo e cantando onde parecia que o tempo parava.
Ao
terminar da festa, pegava-se na cinza da fogueira para batizar as craveiras na
manhã de S. João dizendo:
Eu te
batizo craveira
na manhã
de S. João
dá cravos
de toda a cor
só pretos
é que não.
Assim,
nesta noite em que o arraial tem o brilho da alegria de quem vai para a rua
festejar os seus santos, com sabor a sardinha, perfume de manjerico e trovas a
rolar pelo ar, dê-se ao prazer de sentir a vida ao pormenor, saboreando cada
momento que por si desliza, caro amigo costeleta, e viva o São João!
Carinhosamente
aqui fica um abraço
Lutília
Mais uma tranche de fotos
do almoço Costeleta
Caetano, Laura e Libertário
Oliveira
A esposa do Armando Gonçalves gosta de gelados
Mauricio e Fernanda Maia
Adelaide e...?
Céia com um sorriso rasgado, o marido admirado.
Ivone à espreita para ficar na foto
Laura conversando com irmão e cunhada
Manuel Rodrigues fotógrafo de serviço
Wenceslau, Raminhos e Máximo
"Os 3 da vida airada, cócó, ralheta e facada"
Um trio para se tirar o "chapéu"
E ficamos por aqui, amanhã vamos ao "pé de dança"
Um trio para se tirar o "chapéu"
E ficamos por aqui, amanhã vamos ao "pé de dança"
Fotos captadas e colocadas por
Rogério Coelho