“Os Maios”
Opinião
de João Leal
Nos nossos tempos de “menino e moço”, já lá vão quase oito décadas
vividas, constituía uma das tradições da capital sulina, tal como noutras zonas
da Região, o fazer o Maio, que o mesmo era colocar nas varandas, açoteias,
terraços ou às portas das casas, que nessa altura Faro era um pequeno mundo
onde à maneira algarvia, “todos são primos e primas”. Em muitas localidades ou
extensões territoriais, de que destacamos o que acontece na E.N. 125, no troço
Marim, Bias e Alfandanga, numa louvável iniciativa, ao que cremos do Futebol
Clube de Bias, esta saudação ao dia um do quinto mês do ano ainda prossegue
atraindo cada vez mais aderentes e, o que muito importa também, visitantes que
calcorreiam ou deslocam-se ao longo de quilómetros para apreciar e aplaudir a
imaginação, a criatividade, a crítica social/política e referenciar usos e
costumes.
Lá está o “Maio” nas mais diversas interpretações adornado com símbolos
próprios a que não falta a pinga e arrebatando os díspares comentários dos que
admiram e aplaudam, aplausos que são bem endereçados aos autores destes bonecos
e aos dirigentes clubistas que promovem a iniciativa.
Era usual também, o que em muitos sítios ainda acontece, “atacar o
Maio”, que o mesmo é dizer, manhã cedo ao alvorecer do dia e em jejum comer os
nossos tradicionais figos secos, amêndoas, bolos, etc., com o acompanhamento de
um cálice de aguardente de medonho ou de figo ou de vinho “abafado doce”. Minha
saudosa avó materna, que foi nascida nos Machados, onde hoje está a apreciada,
com toda a justiça, “Adega Nunes”, ao que a lembrança nos recorda, sempre o
fazia naquela manhã primeira de Maio.
Foram hábitos que em Faro se perderam a, acreditamos, muitos dos seus
habitantes os desconhecem e até levantam alguma incredulidade, que aceitamos,
face ao que narramos.
Mas aqui e agora vimos sugerir à dinâmica União de Freguesias Sé/São
Pedro, da presidência desse homem generoso, solidário e servidor da comunidade,
que é o Joaquim Teixeira, que instigue a retoma do hábito de criar os “maios”,
fazendo surgir na vontade apoiada dos residentes os típicos bonecos que faziam
e fazem a delícia de miúdos e graúdos, os tais meninos e moços que então o
éramos!
João Leal
RECORDANDO UM DOS "MAIOS"
DE ANOS TRANSACTOS
No dia 1 de Maio vão passear pela estrada Nacional 125 e apreciem a exposição dos "MAIOS" entre Marim e Alfandanga.
Foto de Roger